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Por Rômulo Bini
No período pré-eleitoral das eleições de 2014, a presidente
Dilma Rousseff declarou em depoimentos à imprensa que “faria o
diabo” para ser reeleita. As repercussões dessa sua
declaração levaram seus assessores a afirmar que se tratava de“força de
expressão”, ou seja, um modo de falar que não toma o sentido literal das
palavras.
Após a sua reeleição essa “força de expressão” ficou bastante
clara para o povo brasileiro. As falsidades e mentiras apresentadas em
seus programas,principalmente no campo econômico,revelaram que ela realmente “fez o diabo”.
Para muitos, um real estelionato eleitoral. E a resultante é o descrédito que atinge a presidente em todos os níveis de nossa sociedade e o crescente pedido de seu impeachment, previsto na Constituição da República.
Em sua defesa, segundo seus seguidores mais próximos — Lula, Stédile, Vagner Freitas
e membros do PT —, estaria em ação um verdadeiro “golpe
eleitoral” conduzido pela oposição derrotada nas urnas, pela direita
reacionária e pela odiada classe média brasileira.
Para enfrentá-las ofereceram seus exércitos.
De modo inusitado todos eles, sem
exceção,utilizaram em suas falas expressões militares, como “vamos à
guerra”, “cerrar fileiras contra o inimigo” e a mais
recente : “ir para a rua entrincheirados de arma na mão”.
Posteriormente, todos alegaram que tais expressões estavam relacionadas às
lutas internas em suas organizações e na defesa de seus interesses
sindicais. Como se sabe,a violência predomina nas eleições sindicais,em
que agressões físicas e até mortes são observadas. Não se sabia, entretanto, que a
terminologia militar era de uso tão corriqueiro em suas organizações.
Espera-se que as expressões citadas se limitem às suas organizações e não se
concretizem, como as declarações da presidente Dilma. O “fazer o
diabo” não poderá efetivar-se nessa área. Seria, sem dúvida, o início de
novos embates, pois haveria oposição.
Diante de qualquer desafio à ordem constitucional, as Forças
Armadas interviriam, respaldadas nos artigos do Título V da Constituição que
tratam da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas, das quais são
as legítimas fiadoras.
Quando as atenções se voltam para os três Poderes, as
preocupações aumentam sobremaneira.
Neste clima de beligerância e de ódio ideológico, nascido nas esquerdas petistas, o Brasil vive uma crise política,econômica, social e moral que a cada dia se agrava e cujo futuro é de incertezas. Somos um país continental, navegando num mar revolto, sem lideranças que possam conduzi-lo a um porto seguro.
Neste clima de beligerância e de ódio ideológico, nascido nas esquerdas petistas, o Brasil vive uma crise política,econômica, social e moral que a cada dia se agrava e cujo futuro é de incertezas. Somos um país continental, navegando num mar revolto, sem lideranças que possam conduzi-lo a um porto seguro.
Grande parte do Poder Executivo não pensa mais no País, e sim em como
evitar um possível processo de impeachment. As palavras de ordem são o
diálogo e a tolerância para a busca de uma saída do mar de erros em que o
governo está mergulhado.
Palavras que nos governos petistas não foram muito
utilizadas, pois raramente aceitaram sugestões ou discordâncias
daqueles que não se alinhavam com suas ideias e seus processos esquerdizantes.
A baixíssima credibilidade da chefe desse Poder, aliada à sua
incompetência e sua arrogância, compromete-o perante o povo brasileiro pelo fato de ser a
pior da nossa História. Não existe “força de expressão”que os marqueteiros governamentais
possam utilizar.
O Poder Legislativo segue os passos do Executivo com o
pior índice de credibilidade junto à população, em face do baixo conceito de grande
parte dos integrantes do Congresso Nacional.
Mesmo envolvido em inúmeros e graves fatos negativos, será do
Legislativo que deverão surgir as possíveis soluções para esta crise.
Infelizmente, os primeiros passos não asseguram à sociedade brasileira
uma visão positiva desta caminhada. A “Agenda Brasil”, elaborada pelo senador Renan Calheiros para ser uma tábua
de salvação, apresenta propostas de medidas difíceis de serem atingidas e tão
antigas como a Nova República.
No ato de seu lançamento os políticos presentes, todos
considerados com larga experiência, foram fotografados. Mas, na verdade, a foto
representa a política que há anos está presente no País : a de
trocas de favores e conchavos, de benesses individuais e de seus grupos e feudos
partidários, com distribuição de cargos de confiança e dos já famosos
pixulecos. Esta é uma“democracia” que precisa ser mudada por trazer em si o “é dando que
se recebe”.
O Poder Judiciário apresenta uma luz nesta escuridão em
que vivemos. O juiz Sergio Moro e as equipes de procuradores da República
e da Polícia Federal que conduzem na primeira instância federal o processo da
Operação Lava Jato são exemplos dignificantes para os brasileiros.
É um alento ver que a integridade e a competência estão
presentes nessa equipe,que sofre e sofrerá pressões de toda ordem. Um
belo exemplo de caráter, qualidade tão em falta no País.
Nas instâncias superiores, entretanto e infelizmente, não se pode
afirmar o mesmo.
Acrescendo-se às indicações partidárias e ideológicas
observadas em nossos tribunais,ferindo o artigo 101 da Constituição, a inoportuna
proposta de aumento salarial aprovada pelo Supremo Tribunal Federal demonstra
total indiferença pela crise econômica nacional.
Poderão até ter razões em suas pretensões salariais, mas milhões de brasileiros também as têm e não são contemplados. Uma proposta infeliz e longe da realidade brasileira. A credibilidade dos tribunais será bastante arranhada.
Estas exposições a respeito dos três Poderes são ilações
de brasileiros que acompanham a mais grave crise que Nação já enfrentou e sabem
que a consolidação desses Poderes é fundamental para um regime democrático.
Entretanto, a sociedade está cansada de novas empulhações, que atingiram um patamar incomensurável nos últimos anos. Questionamentos preocupantes — tais como: para quem e para que esses três Poderes estão consolidados? — já surgem, fruto de suas muitas fragilidades.
Rômulo Bini Pereira é general de Exército R/1, foi Chefe do Estado-Maior do Ministério da Defesa.
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