Pedro do Coutto
Ao longo de agosto, mês de noites iluminadas pela bela lua azul, primeiro Michel Temer, depois Lula, este no final da semana passada, afirmaram ser candidatos as eleições de 2018, antecipando assim a abertura da sucessão presidencial. Procurando, cada qual a sua maneira, descomprimir a crise que envolve o governo Dilma Rousseff e, portanto, em consequência, o próprio país. Falta Aécio Neves abrir o processo de escolha no PSDB, legenda em que tem como rival o governador Geraldo Alckmin. A presença deste praticamente afasta a opção por José Serra. Relativamente a Marina Silva, é um enigma, porque depende basicamente da capacidade que tiver ou não de criar o Rede Sustentanilidade, projeto de partido ainda no papel.
Michel Temer lançou-se na primeira quinzena quando anuiu a perspectiva de o PMDB apresentar candidato próprio, acrescentando que se dispunha a disputar a indicação. Assinalou também que, se eleito, manteria Joaquim Levy a frente do Ministério da Fazenda. Mais claro impossível. Essas declarações, inclusive, foram feitas antes de uma segunda entrevista na qual disse que o país precisava de alguém capaz de unificá-lo politicamente. Sua candidatura, assim, está colocada. Isso com base nos dados de hoje. Não se pode fazer previsões políticas nem a curto quanto mais a médio prazo.
VAZIO POLÍTICO
Os rumos do PMDB são incertos, porém temer joga com o vazio que está envolvendo a legenda, marcada pela falta de alternativas de peso. O contrário ocorre com o PT. O esvaziamento enorme, com reflexos no eleitorado, porém a única figura capaz de concorrer – nos termos de hoje, repito – é o ex-presidente Lula da Silva.
Apesar de tudo, é o único sobrevivente da tempestade que submerge o prestígio da sigla, que já representou uma força, mas hoje vê-se debilitada principalmente em consequência da alucinada corrupção na Petrobrás, reunindo ladrões e bandidos de todos os tipos. Veja-se o volume de contas no exterior.
SE NÃO NAUFRAGAR
A reportagem da Época, desta semana, abalou Lula? Claro que sim. Mas se não afundar, será o último naufrago do partido dos trabalhadores.
Na oposição, creio ser o senador Aécio neves o candidato de maior potencial. Supera Geraldo Alckmin. O governador de São Paulo já perdeu disparado para Lula e Serra foi abatido amplamente por Dilma. Aécio perdeu para Rousseff pela margem de 3,5% dos votos. Dos três oposicionistas foi o que alcançou o melhor desempenho nas urnas. No momento, representa mais os oposicionistas, como os fatos estão demonstrando. Até porque Alckmin encontra-se imobilizado pelos interesses da máquina administrativa paulista junto ao Palácio do Planalto. Tem chance, parece ser a sua vez (Aécio).
DESTINO DO PODER
A voz das ruas decidirá, como sempre, o destino do poder. O quadro não poderia ser melhor do que é para a oposição. A rejeição a Dilma Rousseff, 71 a 8% no Datafolha, pode se transformar em fator decisivo.
Quem Marina apoiará? Boa pergunta, sobretudo em termos de segundo turno, pois na minha impressão ela não reúne em torno de si as condições para chegar em primeiro ou segundo lugar. Não possui estrutura partidária e isso é fundamental em se tratando de eleições presidenciais. Dessa forma, não poderá firmar alianças estaduais de porte que possam conduzi-la ao êxito. Mas, também na oposição a Dilma, poderá decidir o rumo de um segundo turno.
O panorama é esse. A crise se agrava. O desgaste de Dilma Rousseff aumenta. Dificilmente poderá reverte-lo em três anos.
As alternativas, neste momento, são essas. Mas podem mudar amanhã. Como a história, na bela definição de Hélio Silva, a política não espera o amanhecer.
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