11/10/2015
Em nota, PSDB, DEM, PPS, PSB e Solidariedade dizem que, fora da presidência da Câmara, o deputado poderia defender-se 'de forma adequada'
Culminando
uma semana em que suas dificuldades só aumentaram, o deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, acaba de perder o apoio dos que
vinham lhe sustentando.
Em nota divulgada neste sábado, os principais
partidos de oposição pedem seu afastamento do cargo. Desde que se tornou
alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal por participação no
esquema de corrupção da Petrobras, o pedido dos oposicionistas constitui
a principal derrota de Cunha.
A nota vem assinada pelos líderes do
PSDB, DEM, PPS, PSB e Solidariedade e defende o “afastamento do cargo de
presidente até mesmo para que ele (Eduardo Cunha) possa exercer, de
forma adequada, seu direito constitucional à ampla defesa”. Questionado
neste sábado sobre eventual saída do cargo caso líderes cobrassem o
afastamento, Cunha disse simplesmente que se manteria no cargo.
A situação de Cunha piorou na semana
passada. Um dossiê entregue pelo Ministério Público da Suíça à
Procuradoria Geral da República mostra que o dinheiro de uma propina
paga para viabilizar um negócio da Petrobras na África foi parar em
contas secretas de Cunha e sua mulher, a jornalista Claudia Cruz.
Os documentos suíços mostram que da
conta em nome da mulher do deputado saíram recursos para o pagamento de
despesas pessoais de US$ 1,09 milhão (o equivalente a R$ 4,1 milhões) em
sete anos, incluindo faturas de dois cartões de crédito e pagamentos a
uma famosa academia de tênis na Flórida.
Dispostos a emplacar o pedido de
impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso, que depende do
aval do presidente da Câmara para tramitar, os oposicionistas se
aliaram a Cunha e ofereceram sustentação política desde que ele se
tornou alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal. Agora, porém,
diante das evidências cada vez mais claras de que mentiu aos seus pares
quando afirmou que não tinha contas no exterior, a situação de Cunha
ficou insustentável.
Nos bastidores, deputados da oposição
defendem que Cunha renuncie ao cargo de presidente da Câmara e, em
troca, sugerem que não cassariam seu mandato, preservando seu mandato
parlamentar. Se ele perder o mandato e, consequentemente, o foro
privilegiado, eventual investigação de novas denúncias será feita pela
Justiça comum, e não mais pelo STF.
(Via Veja)
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