28/10/2015
Fisco também pediu ao Ministério Público que solicite à Justiça a quebra de sigilo do restaurante da filha do ex-ministro Gilberto Carvalho
A
Receita Federal recomendou ao Ministério Público Federal que peça a
quebra dos sigilos bancário e fiscal da LFT Marketing Esportivo, que tem
como sócio Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Os auditores que trabalham nas investigações da
Operação Zelotes também sugerem que as mesmas medidas sejam adotadas em
relação ao restaurante Sanfelice Comércio de Massa Artesanal, que está
em nome de Myriam Carvalho, filha de Gilberto Carvalho, ex-ministro e
ex-chefe de gabinete de Lula.
Nos dois casos, a recomendação é que as
quebras sejam feitas entre 2008 e 2015, abarcando todo o período de
funcionamento das empresas. Ambas foram abertas em 2011.
As solicitações, da área de Inteligência
da Receita, foram encaminhadas aos procuradores da República que atuam
na força-tarefa da Zelotes. Cabe a eles enviar os pedidos à Justiça
Federal.
A empresa do filho de Lula entrou no
foco das investigações após a descoberta de que recebeu repasses da
Marcondes & Mautoni Empreendimentos, empresa de lobby contratada por
montadoras de veículos para supostamente “comprar” medidas provisórias
nos governos de Lula e da presidente Dilma Rousseff. A quebra de sigilo
da Marcondes revelou a transferência de ao menos 1,5 milhão de reais
para a LFT em 2014.
Os investigadores querem levantar outras
eventuais fontes de receita da empresa de Luís Claudio, além do destino
do dinheiro recebido da Marcondes & Mautoni. A suspeita é de que os
repasses para a LFT tenham relação com a MP 627/2013, uma das três
normas que teriam sido encomendadas pelo setor automotivo. Por causa dos
indícios de irregularidade, a Justiça autorizou busca e apreensão na
sede da empresa, em São Paulo. No escritório, também funcionam outras
duas firmas de Luís Cláudio – a Touchdown e a Cassaro.
A defesa de Luís Cláudio nega irregularidades nos contratos.
Questionado no início do mês, o filho de
Lula confirmou ter recebido 2,4 milhões de reais da Mautoni por
serviços prestados em sua área de atuação. Os recursos seriam referentes
ao período de 2014 e 2015.
Em 2014, 97% do que a Mautoni faturou
veio de contratos com montadoras. O dinheiro que saiu da empresa em
2014, segundo relatórios da Receita, foi para os sócios e o filho de
Lula. Os advogados da LFT informaram que, “infelizmente”, não poderiam
comentar a recomendação de quebra de sigilos, pois se trata de algo que
desconhecem.
Os pedidos sobre o restaurante
Sanfelice, em nome da filha do ex-ministro Gilberto Carvalho, seguem a
mesma lógica. Os investigadores querem saber se o petista usou a empresa
em nome da filha para receber dinheiro da Marcondes & Mautoni.
Documentos apreendidos em fases
anteriores da Zelotes mostram o nome do ex-chefe de gabinete de Lula
associado a inscrições sobre a MP 471, de 2009, editada pelo então
presidente. Para os investigadores, havia um “conluio” entre ele e a
consultoria na defesa de “interesses do setor automobilístico”.
Segundo dados públicos da Receita, o
restaurante foi aberto em 25 de maio de 2011, em Brasília, com capital
de 20.000 reais, e tem como sócios Myriam e Gabriel de Albuquerque
Carvalho. A cantina vende massas congeladas para preparo em casa e
chegou a ter uma filial, funcionando como restaurante, fechada
recentemente.
A reportagem não conseguiu contato ontem
com Carvalho ou com os sócios do restaurante. O ex-ministro nega
conluio com os investigados e sustenta nunca ter feito gestões a
respeito no governo ou recebido valores do grupo.
(Com Estadão Conteúdo, Via Veja e Agência)
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