Olimpíadas do Rio: Abin estará atenta aos chamados “lobos solitários"
23/11/2015 21h56
Brasília
Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil
A maior preocupação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
na segurança dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, no Rio de
Janeiro, não são organizações terroristas, como o Estado Islâmico, por
exemplo. As atenções dos órgãos de segurança e inteligência estarão
voltadas, principalmente, para os chamados “lobos solitários”, pessoas
que conhecem, pela internet, a ideologia de uma organização terrorista e
agem em prol dela sem jamais ter tido contato com seus membros. O
diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Wilson
Roberto Trezza, participa do Seminário internacional Enfrentamento ao
terrorismo no BrasilValter Campanato/Agência Brasil “Nós,
no Brasil, temos uma distância física muito grande, controlamos muito
bem essa movimentação em âmbito internacional e não temos células
terroristas instaladas no nosso território. A nossa preocupação é
exatamente com esse indivíduo que vive no nosso país e se radicalizou
por intermédio da internet”, disse o diretor de Contraterrorismo da
Abin, Luiz Sallaberry.
Segundo ele, os recentes atentados terroristas em Paris,
no dia 13 de novembro, provocou um “alerta” nos serviços de
inteligência para os Jogos de 2016. “A gente está vendo que está
ocorrendo um recrudescimento dessas ações e isso gera um alerta
adicional para nós. Não é nada que gere uma preocupação excessiva ou
temor. Mas, certamente, um avanço nesse tipo de medida deve ocorrer no
nosso dia a dia”, explicou.
Sallaberry ressaltou, no entanto, que
os eixos de segurança pública e de defesa, que junto com a
inteligência, compõem a segurança dos Jogos Olímpicos, não farão
alterações em virtude do ocorrido em Paris. Os investimentos, segundo
ele, já foram “maciços” em várias áreas e são adequados.
A Abin
abriu hoje (23) o Seminário Internacional Enfrentamento ao Terrorismo no
Brasil, que reunirá durante toda a semana profissionais de segurança e
inteligência dos Jogos de 2016. Em sua fala de abertura do evento, o
diretor-geral da agência, Wilson Trezza, explicou que delegações de dez
países são consideradas de “alta sensibilidade” a ações terroristas.
Trezza
se referiu às delegações dos Estados Unidos, do Canadá, Egito, da
França, Grã-Bretanha, do Irã, Iraque, de Israel, da Rússia e Síria.
Outras delegações são vistas com menor preocupação, mas ainda merecem
atenção, como a da Alemanha, Espanha e Jordânia.
Para os dois
diretores da agência, o Brasil está pronto para receber os Jogos
Olímpicos e oferecer a segurança adequada. “Temos um papel desafiador,
mas nos consideramos à altura do desafio”, disse Trezza. Presente à
abertura do seminário, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da
República, Ricardo Berzoini, destacou a importância da cooperação
internacional na prevenção de atentados terroristas.
“Precisamos
trabalhar com muita cooperação internacional porque esse é um assunto
que não se resume às fronteiras de cada país, como bem deixou claro os
atentados em Paris e depois no Mali. A prevenção tem que ser
internacional”, disse Berzoini. O ministrou mencionou o trabalho de
segurança feito na Copa do Mundo de 2014 e acrescentou que as Olimpíadas
contam com mais países e mais diversidade cultural e política.
“Evidentemente,
as Olimpíadas têm muito mais países e com uma diversidade política e de
relações internacionais muito mais complexa. Então, temos que redobrar
os esforços, aproveitar o que foi feito na Copa e produzir iniciativas e
resoluções que sejam capazes de melhorar o que já foi feito”.
O
ministro também demonstrou cautela com o tema. Apesar de admitir não
entender profundamente do assunto, disse que “todo cuidado é pouco” com
atentados terroristas durante os jogos. “[O terrorismo] é um desafio
para grandes potências, países que já têm experiência com esse tipo de
evento. Portanto, temos que ter a mesma preocupação, saber que todo
cuidado é pouco e que todos os preparativos têm que ser feitos com muita
responsabilidade”, afirmou.
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