Publicado: 23 de novembro de 2015 às 18:33 - Atualizado às 18:36
Para o juiz, eleição reforça necessidade de acesso às informações. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Moro explicou que a própria Constituição brasileira prevê a publicidade de ações judiciais envolvendo crimes contra a administração pública, como é o caso dos crimes envolvendo a Petrobras investigados na Lava Jato desde o ano passado. Moro disse ainda que os jornalistas têm contribuído para as investigações, muitas vezes lançando informações em primeira mão que são o pontapé inicial para a investigação da Polícia Federal ou do Ministério Público.
"Os jornalistas podem chegar primeiro a uma informação que talvez a polícia demorasse mais para chegar ou talvez não chegasse", disse. O juiz se disse fã da proteção que se dá à liberdade de imprensa nos Estados Unidos e afirmou que o Brasil caminha para chegar ao nível norte-americano. "Informação é poder. Quanto mais você tem informação, mais você pulveriza o poder", declarou. "Tem uma frase de um juiz americano da qual eu gosto muito: o livre intercâmbio das ideias é o meio de alcançar o bem maior", disse.
Moro lamentou não ter percebido nenhuma melhora nas instituições brasileiras a partir das investigações da operação. "Fiquei muito decepcionado, pois, apesar das revelações da Operação Lava Jato, não assisti a uma resposta das instituições, como o Congresso e o governo. Não tivemos respostas", afirmou.
"A Lava Jato não vai resolver os problemas de corrupção, não serei eu, não será a ação penal 470 (mensalão), seremos o que nós, cidadãos, vamos fazer a partir de agora. Precisamos de uma melhora nas instituições, e eu não vejo isso acontecendo de maneira nenhuma", criticou o magistrado.
Ele disse em seguida que tem visto um "deserto" nas iniciativas gerais contra a corrupção. "A Lava Jato tem uma única voz pregando nesse deserto", afirmou. Para Moro, a corrupção no Brasil é sistêmica e tem atuado em várias esferas do poder. "Se você imaginar que tudo o que os delatores estão dizendo é verdade, o quadro é preocupante", afirmou.
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