| 11 Novembro 2015
Artigos - Direito
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Ou assumirmos a insanidade mental do procurador, ou o seu mau-caratismo.
Assinemos a petição pelo respeito às famílias e ao seu direito de escolha do modelo educacional de sua preferência.
Assinemos a petição pelo respeito às famílias e ao seu direito de escolha do modelo educacional de sua preferência.
Sei que o título sugere uma piada, mas, infelizmente, não é este o caso. Autoridades do estado do Rio Grande do Sul realmente pensam e afirmam publicamente e sem o menor constrangimento um tal absurdo. Mas antes do mais, convém esclarecermos o contexto completo da questão.
Meses atrás, mais precisamente no início deste ano, o casal Moisés e Neridiana Dias entrou com recurso junto ao Superior Tribunal Federal
requerendo o reconhecimento do direito de educarem sua filha mais
velha, Valentina, em casa. Valentina estudava em uma escola da zona
rural de modalidade multiseriada, isto é, com crianças das mais
diferentes idades abordando os assuntos nos mais diferentes níveis e
tudo num mesmo ambiente. Os resultados da mistura vocês podem imaginar.
Pois bem, depois de uma série de tentativas de autorização para a
prática da educação domiciliar negadas, primeiro, junto à Secretaria de
Educação, depois, junto ao Foro da Comarca de Canela/RS, a família Dias
resolveu levar o caso às últimas consequências, isto é, ao STF.
Ao
chegar às mãos do Ministro Roberto Barroso o caso tomou proporções
nacionais. Abrindo a questão para enquete virtual no site do STF, ficou
evidente o interesse nacional sobre o assunto. Assim, mais do que
decidir sobre o direito da família Dias, a decisão do Ministro incidirá
sobre a vida de todas as mais de 3.000 famílias homeschoolers do Brasil.
Todavia, no dia de ontem, segunda, 09 de novembro, o procurador Luís Carlos Kothe Hagemann pediu ingresso na qualidade de amicus curiae como representante do governo do estado do Rio Grande do Sul junto ao caso.
Todavia, no dia de ontem, segunda, 09 de novembro, o procurador Luís Carlos Kothe Hagemann pediu ingresso na qualidade de amicus curiae como representante do governo do estado do Rio Grande do Sul junto ao caso.
Em seu pedido fica explícita a oposição ao direito das famílias. O
problema, contudo, não é este, afinal nem todos precisam concordar com o
direito à prática da educação domiciliar. O problema foram os termos
utilizados pelo procurador para justificar sua posição.
Para ele, os
pais são um perigo, uma ameaça aos seus filhos, de modo que o Estado,
por meio da escola, tem a função de proteger as crianças de seus
genitores. Sim, por incrível que pareça não estou falando de um panfleto
nazista ou soviético do século passado, mas de uma requisição redigida por um jurista brasileiro em pleno ano de 2015. Para dar um tom pretensamente respeitável ao disparate, o procurador cita a fala do filósofo espanhol Fernando Savater em sua recente participação no Fronteiras do Pensamento. Confiram aqui, na íntegra, o que disse Savater:
— Um dos primeiros objetivos da educação é preservar os filhos de seus pais. — disse, arrancando risadas
— não me parece bom, portanto, submeter permanentemente os filhos aos
pais. A escola ensina muito mais do que os conteúdos aplicados nela, e
sim a conviver com pessoas que não temos razões para gostar, e que às
vezes até não gostamos, mas que precisamos respeitar.
Em
outras palavras, o que o filósofo só teve coragem de dizer em tom
jocoso, o procurador assume de maneira inequívoca: as crianças não são
responsabilidade dos pais, mas propriedades do Estado; a sociedade não é
mais o resultado do agrupamento de muitas famílias, mas da máquina
estatal de produção de analfabetos em série.
Se vivêssemos num país onde a qualidade da educação fosse de incontestável excelência, até seria questionável o receio quanto ao homeschooling. Entretanto, a realidade nos mostra exatamente o contrário: ano após ano ocupamos os vergonhosos últimos lugares nos rankings internacionais de educação! Metade dos alunos do ensino superior (superior!) são analfabetos funcionais, ou seja, não sabem ler e interpretar um texto corretamente!
Se vivêssemos num país onde a qualidade da educação fosse de incontestável excelência, até seria questionável o receio quanto ao homeschooling. Entretanto, a realidade nos mostra exatamente o contrário: ano após ano ocupamos os vergonhosos últimos lugares nos rankings internacionais de educação! Metade dos alunos do ensino superior (superior!) são analfabetos funcionais, ou seja, não sabem ler e interpretar um texto corretamente!
Para não mencionar a situação dos
alunos do ensino fundamental e médio! Num contexto assim, faz sentido
obstruir às famílias desejosas de prover aos seus filhos uma formação
superior o exercício do seu direito? Não, não faz o menor sentido! Assim
como não faz sentido afirmar que os pais são um perigo para os seus
filhos! Logo, restam-nos duas opções: ou assumirmos a insanidade mental
do procurador, ou o seu mau-caratismo.
Como não precisamos acolher qualquer que seja das duas opções passivamente, mas, antes, temos o direito e o dever de expressar nossa revolta quanto aos termos do procurador, assinemos a petição pelo respeito às famílias e ao seu direito de escolha do modelo educacional de sua preferência.
Como não precisamos acolher qualquer que seja das duas opções passivamente, mas, antes, temos o direito e o dever de expressar nossa revolta quanto aos termos do procurador, assinemos a petição pelo respeito às famílias e ao seu direito de escolha do modelo educacional de sua preferência.
Camila Hochmüller Abadie é mãe, esposa e mestre em filosofia. Edita o blog Encontrando Alegria.
Comentário
Se os pais forem um desses "casais" homossexuais, eu tendo a concordar com o procurador Luís Carlos Kothe Hagemann. Uma criança que convive em um "lar" homossexual, se for, ainda por cima, educada em casa terá pouquíssimas oportunidades de conviver com gente normal.
E acabará virando homossexual, quer tenha tendências para tanto quer não.E se tornará mais um adulto com sérios problemas emocionais.
Anonimo
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