01/12/2015
A economia brasileira começou a encolher no segundo trimestre de 2014, embora os efeitos cotidianos da recessão, como o desemprego, só tenham ficado mais evidentes neste ano.
Com
os números do trimestre passado, divulgados nesta terça-feira, o PIB
(Produto Interno Bruto, medida da produção e da renda nacional) acumula
queda de 5,8% ao longo de um ano e meio.
A recessão atual já é a mais longa desde
o lançamento do Plano Real, em 1994, e até o final do ano se tornará a
mais intensa, ultrapassando a retração de 6% na virada de 2008 para
2009.
O país só viu números piores em momentos
de choques econômicos. Na virada dos anos 1980 para os 1990, houve
encolhimento de 7,7% ao longo de 11 trimestres -num período em que a
inflação chegou à casa dos 80% mensais e o Plano Collor confiscou o
dinheiro dos depósitos bancários.
Entre as principais economias globais, o
fiasco nacional só é superado neste ano por Rússia e Ucrânia,
envolvidas em conflitos armados, e pela Venezuela, que vive o colapso do
chavismo.
Não há nada de tão espetacular,
entretanto, na recessão doméstica em curso: trata-se de um processo
construído com persistência ao longo do primeiro mandato da presidente
Dilma Rousseff.
Gradualmente, a escalada gastadora e
intervencionista do governo alimentou a inflação, a dívida pública e as
incertezas de consumidores e empresários, que frearam compras e cortaram
investimentos.
Quando a administração petista
finalmente decidiu ajustar as contas públicas, após a reeleição, a
arrecadação havia despencado, os juros haviam subido e o apoio do
Congresso havia desaparecido.
A saída da crise não está à vista. Nos últimos meses, as causas da recessão permaneceram inalteradas ou até se agravaram.
Os preços dos produtos de exportação
continuam em queda; as expectativas de inflação em 2016 pioraram,
levando o Banco Central a indicar a possibilidade de uma nova alta dos
juros.
E o cenário político, para o qual não há métrica disponível, certamente não se tornou menos nebuloso.
(Via Folha, FolhaPress e agências)
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