sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Conferência internacional discute necessidade de editar o DNA humano


DNA molecula 
Por Bruno Rizzato
Desde que a estrutura do DNA foi descoberta, em 1953, a compreensão humana sobre o tema está em constante evolução, e a aplicação deste conhecimento tem representado um dos maiores empreendimentos da história da humanidade.

 
Porém, a modificação do DNA humano é um assunto controverso. Com o objetivo de alcançar um consenso global sobre a ética da edição de DNA humano, uma conferência de três dias de duração acorreu, em Washington, EUA, e terminou hoje, 03/12, para discutir este assunto.
 
Organizado pela Academia Nacional de Ciências dos EUA, a Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos, a Academia Chinesa de Ciências, e a UK Royal Society, do Reino Unido, com representantes de pelo menos 20 nações diferentes, todos os participantes transmitiram seus pensamentos sobre a aplicação, benefícios e perigos sobre a modificação genética em seres humanos.
 
A ciência da genética revolucionou a compreensão de vários campos da ciência e seu poder de modificação genética é evidente. Culturas resistentes a condições climáticas extremas foram criadas e doenças podem ser prevenidas em animais com a alteração do DNA.
 
Embora editar sequências genéticas tenha muito tempo e esforço dedicados, o surgimento da CRISPR (Cas9), um RNA guiado a um DNA de uma enzima endonucleásica, causou uma enorme reviravolta na comunidade científica. 


Publicada em 2012, esta técnica permite a rápida alteração do DNA de quase qualquer organismo, incluindo um ser humano. Em essência, ele usa enzimas bacterianas para cortar genomas em pontos muito precisos, e o material genético de substituição pode então ser inserido no genoma. O processo é barato, rápido, fácil de usar, e é frequente em inúmeros laboratórios.
 
Várias doenças e tipos de cânceres poderiam, teoricamente, ser editados fora do DNA humano usando este método. Além disso, o DNA poderia ser aprimorado, tornando as pessoas imunes a infecções incuráveis e mortais, incluindo o HIV. Logo nas primeiras experiências com embriões humanos, na China, o DNA foi alterado para corrigir vários genes defeituosos que transportavam doença. Mas a rápida proliferação desta técnica causou um debate ético sobre a edição do genoma humano.
 

Embora a técnica de edição CRISPR (Cas9) seja notavelmente precisa, não há 100% de certeza dos efeitos causados pela alteração do DNA de um embrião humano.  As consequências poderiam ser catastróficas, pois o gene editado poderia ser transmitido às gerações futuras. Há também a chance dessa técnica, como qualquer método científico, ser usado para outros fins.
 
 
Em 1975, uma outra conferência sobre genética aconteceu, quando se tornou claro que duas espécies diferentes poderiam ter seu DNA emendados uma a outra. Na época, um experimento para emendar o DNA de um vírus de macaco causador de câncer em uma bactéria que pode infectar os seres humanos estava em andamento. Porém, rapidamente as autoridades resolveram cancelar o experimento para evitar problemas futuros. Em muitos países ao redor do mundo é ilegal modificar geneticamente um embrião humano. A conferência atual pretende debater os limites e a ética e, possivelmente, permitir que este processo aconteça, em determinadas circunstâncias.
 
Durante os debates, nenhuma grande conclusão foi tomada, mas abriu as portas para mais colocações sobre este importante tema.

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