- Jornal Ciencia
Por Bruno Rizzato
Desde que a estrutura do DNA foi descoberta, em 1953, a compreensão
humana sobre o tema está em constante evolução, e a aplicação deste
conhecimento tem representado um dos maiores empreendimentos da história
da humanidade.
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Porém, a modificação do DNA humano é um assunto controverso. Com o
objetivo de alcançar um consenso global sobre a ética da edição de DNA
humano, uma conferência de três dias de duração acorreu, em Washington,
EUA, e terminou hoje, 03/12, para discutir este assunto.
Organizado pela Academia Nacional de Ciências dos EUA, a Academia
Nacional de Medicina dos Estados Unidos, a Academia Chinesa de Ciências,
e a UK Royal Society, do Reino Unido, com representantes de pelo menos
20 nações diferentes, todos os participantes transmitiram seus
pensamentos sobre a aplicação, benefícios e perigos sobre a modificação
genética em seres humanos.
A ciência da genética revolucionou a compreensão de vários campos da
ciência e seu poder de modificação genética é evidente. Culturas
resistentes a condições climáticas extremas foram criadas e doenças
podem ser prevenidas em animais com a alteração do DNA.
Embora editar sequências genéticas tenha muito tempo e esforço
dedicados, o surgimento da CRISPR (Cas9), um RNA guiado a um DNA de uma
enzima endonucleásica, causou uma enorme reviravolta na comunidade
científica.
Publicada em 2012, esta técnica permite a rápida alteração
do DNA de quase qualquer organismo, incluindo um ser humano. Em
essência, ele usa enzimas bacterianas para cortar genomas em pontos
muito precisos, e o material genético de substituição pode então ser
inserido no genoma. O processo é barato, rápido, fácil de usar, e é
frequente em inúmeros laboratórios.
Várias doenças e tipos de cânceres poderiam, teoricamente, ser editados
fora do DNA humano usando este método. Além disso, o DNA poderia ser
aprimorado, tornando as pessoas imunes a infecções incuráveis e mortais,
incluindo o HIV. Logo nas primeiras experiências com embriões humanos,
na China, o DNA foi alterado para corrigir vários genes defeituosos que
transportavam doença. Mas a rápida proliferação desta técnica causou um
debate ético sobre a edição do genoma humano.
Embora a técnica de edição CRISPR (Cas9) seja notavelmente precisa, não
há 100% de certeza dos efeitos causados pela alteração do DNA de um
embrião humano. As consequências poderiam ser catastróficas, pois o
gene editado poderia ser transmitido às gerações futuras. Há também a
chance dessa técnica, como qualquer método científico, ser usado para
outros fins.
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Em 1975, uma outra conferência sobre genética aconteceu, quando se
tornou claro que duas espécies diferentes poderiam ter seu DNA emendados
uma a outra. Na época, um experimento para emendar o DNA de um vírus de
macaco causador de câncer em uma bactéria que pode infectar os seres
humanos estava em andamento. Porém, rapidamente as autoridades
resolveram cancelar o experimento para evitar problemas futuros. Em
muitos países ao redor do mundo é ilegal modificar geneticamente um
embrião humano. A conferência atual pretende debater os limites e a
ética e, possivelmente, permitir que este processo aconteça, em
determinadas circunstâncias.
Durante os debates, nenhuma grande conclusão foi tomada, mas abriu as portas para mais colocações sobre este importante tema.
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