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Por Manoel Dutra em seu blog,
sob o título "A morte anunciada chegou: Adeus Tapajós, adeus encontro
das águas, adeus praias, adeus Alter do Chão..." (via Diógenes Brandão,
no As Falas da Pólis) |
De nada adiantou mostrar, pedir, denunciar, publicar carta aberta ao
governador do Estado, fazer abaixo-assinado, solicitar a interferência
do vice-governador que nasceu às margens do Tapajós, prefeitos,
vereadores, deputados. Até mesmo parte da sociedade da região Oeste do
Pará parece ter imaginado que isso nunca aconteceria, aliás, que isso
nunca se repetiria, como se verificou há quase três décadas: a
contaminação de mais de 700 quilômetros de extensão do Rio Tapajós e de
seus principais afluentes chegou à sua foz, diante de Santarém.
E agora, como ficará a nascente indústria do turismo que hoje emprega milhares de pessoas ao longo do rio entre Santarém e Itaituba?
E a saúde pública, ameaçada pela contaminação dos cardumes por
metilmercúrio? E a economia, de modo geral, do Oeste do Estado? E as
decantadas belezas daquela região, que atrai os próprios moradores e
visitantes de muitas outras partes do Brasil e do exterior?
Talvez ainda agora, hoje, alguém haverá de negar a realidade que está
aí diante dos olhos: a poluição por barro, mercúrio, cianeto, sabões,
detergentes, graxas e combustíveis tudo isso está agora chegando à
frente de Santarém, matando o o encontro das águas e fazendo desaparecer
a coloração verde/azulada cuja beleza sempre foi uma das
características da foz do Tapajós, onde o grande rio deságua no
Amazonas.
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Esta
era a cor do Tapajós, na sua foz, até novembro passado, local em que
ele deságua no Amazonas, de cor naturalmente amarelada. (Foto: Nil
Vieira) |
Hoje de manhã, o engenheiro agrônomo Nilson Vieira, uma voz quase
solitária a mostrar a devastação das fontes de vida e beleza do Oeste do
Pará, em sua página do Facebook, escreveu o que segue:
"As duas primeiras imagens foram feitas hoje (29/03/15) e
mostram o Rio Tapajós com águas sem as cores verde-azuladas que lhe são
características. As duas outras foram feitas em um passado bem recente,
em agosto e novembro de 2014, apresentando cores bem típicas. Segundo
moradores das margens do Tapajós, isso não resulta de um fenômeno
natural, sendo consequência da atividade garimpeira no leito do Tapajós e
de seus afluentes. Pelo jeito, a mistura de barro, lama e metais
pesados chegou à foz do nosso lindo rio azul. E agora, José?"
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Na
frente de Itaituba, o Tapajós feito lama, em foto do dia 11 de março
passado. Na imagem menor, à direita, o rio como ele foi até pouco tempo
atrás. (blog José Parente) |
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Imagem
do Tapajós e do lago de Alter do Chão, de dentro de um avião comercial,
em setembro de 2012. À esquerda, a 600 metros de altura, já era
possível observar a mudança de cor do Tapajós |
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Alter do Chão, em setembro de 2013. Ainda se via a cor natural do rio. E agora, turismo? |
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Tapajós na frente de Itaituba, em dezembro de 2014. Um mar de lama, sem peixes. Rio morto. (Foto Padre Sidney Canto)
Fonte: blog do jornalista e professor Manuel Dutra
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