sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Recessão deve ofuscar supostos benefícios da Olimpíada


Charge do Sinfrônio (reprodução de Charge Online)
Mateus Fagundes e Maria Regina Silva


Estadão
Ainda que seja o maior evento esportivo do planeta, a Olimpíada não será capaz de dar impulso à economia brasileira em 2016, na opinião de especialistas ouvidos pelo ‘Broadcast’, serviço em tempo real da ‘Agência Estado’. A limitação do evento à cidade do Rio de Janeiro, a recessão e o impasse político em Brasília impedem que a onda de otimismo típica do evento e o legado de infraestrutura sejam catalisados pelos agentes econômicos para atenuar a crise.


O tom mais pessimista é muito diferente daquele dos anos anteriores à realização da Copa do Mundo, evento que foi apontado como uma grande oportunidade de o País se apresentar para o turismo e os investimentos internacionais.


“As pessoas depositaram uma expectativa exagerada sobre a Copa, talvez para legitimar o evento. Quando chegou ao final, a Copa foi boa para a imagem, deixou um legado. Mas há coisas mais importantes em que o País precisa avançar, como as reformas para a economia deslanchar”, afirma o economista do Itaú Unibanco Caio Megale.


EFEITOS LIMITADOS
Em relatório publicado no início de dezembro, o banco Credit Suisse lembra que os efeitos da Olimpíada no Produto Interno Bruto (PIB) sobre o país-sede são limitados. Ainda assim, com base nos dados das 14 cidades que receberam o evento desde 1960, a média de crescimento é de 6,1% dos países-sede nos anos dos jogos, comparada a uma média de 5,5% nos três anos anteriores e de 5,1% nos três anos após a Olimpíada.


“O crescimento maior para o ano dos Jogos Olímpicos é parcialmente atribuído à aceleração dos investimentos das cidades-sede”, diz o relatório, no qual o banco estima que a economia brasileira vai ter retração de 3,5% em 2016.


No caso da capital fluminense, o professor João Saboia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ressalta que os investimentos foram feitos em anos anteriores ao evento. “As construções, as ampliações de vias, as obras de infraestrutura… Nisso tudo houve muito investimento, mas ele foi diluído nos anos anteriores”, diz.


Até agora, de acordo com dados da Autoridade Pública Olímpica, o custo oficial do evento é de R$ 38,2 bilhões. Além disso, a Prefeitura do Rio estima que os investimentos no setor de turismo somem o equivalente a US$ 2 bilhões, com geração de 13 mil empregos diretos e 40 mil indiretos.


Apenas no setor hoteleiro são empregadas diretamente mais de 18 mil pessoas e a previsão é de um aumento de 10 mil empregos diretos até este ano.

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