O Conselho de Ética da Câmara terá de votar novamente o parecer que pede a continuidade do processo contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por quebra de decoro parlamentar. A decisão de anular a votação que aprovou o parecer do relator do caso, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), foi tomada pelo vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), ainda no dia 22 de dezembro. Ele atendeu a um recurso impetrado pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS). Os dois são aliados de Cunha.
No documento, Marun questiona a negativa do pedido de vistas do processo apresentado pelo deputado Genecias Noronha (SD-CE), que deverá propor um parecer alternativo contrário ao andamento do julgamento de Cunha.
A decisão de Maranhão só chegou ao Conselho de Ética nesta terça-feira. Marun declarou que não ficou surpreso com o resultado: “É o que se esperava”. Com a anulação da votação do parecer a favor do julgamento de Cunha tomada por Maranhão, Genecias terá dois dias, a contar da primeira reunião do colegiado marcada para amanhã, para apresentar um novo relatório sobre o caso Cunha. Este relatório alternativo será submetido à votação junto com
o parecer original de Marcos Rogério. Se tiver apoio da maioria do Conselho de Ética, Cunha pode se livrar do processo de cassação pedido por deputados do Psol e da Rede.
Em resposta à interrupção do julgamento de Cunha no conselho de Ética, o Psol protocolou no colegiado um aditamento às denúncias que serviram de base para a à representação. São novas evidencias de que o presidente da Câmara utiliza o cargo para impedir a própria investigação.
A tropa de choque pró Cunha pretende paralisar o processo ainda no conselho ou aprovar uma punição mais branda do que a cassação do mandato pedida na representação contra o presidente da Casa.
Ainda existem mais dois recursos para barrar o processo contra Cunha. Um da defesa do próprio presidente da Câmara na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), questionando a condução do caso no colegiado, e outro de Marun também na CCJ. O recurso do deputado de Mato Grosso do Sul tem o mesmo teor do que foi provido por Waldir Maranhão: questionar a negativa do presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), de conceder pedidos de vistas feitos por deputados pró-Cunha.
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