12/03/2016 18h14
Segundo Ana, lençol freático de Abunã está contaminado depois de cheia.
Energia Sustentável do Brasil diz que já cumpriu todas obrigatoriedades.
Conforme relato dos moradores de Abunã, desde a cheia histórica tudo ficou diferente na comunidade. Ruas, que até 2014 eram cascalhadas, hoje estão cheias de sedimentos que foram levados pela água do rio. A cada chuva na região, as ruas ficam completamente alagadas por vários dias.
Muitas das casas foram abandonadas, mas ainda há famílias que trabalham diariamente retirando a terra acumulada para recuperar o imóvel, dois anos depois da cheia do Madeira.
"O nível da rua aqui era o mesmo da minha vizinha aqui. Não tinha nenhuma casa abandonada, aí depois que veio a enchente o pessoal teve que abandonar suas casas", diz a dona de casa Neuzimar de Lima.
Casas ainda tem marca da cheia histórica de 2014 (Foto: Rede Amazônica/ Reprodução)
Doenças
Desde a cheia de 2014, os moradores de Abunã estão sofrendo com várias doenças de pele, provavelmente causadas por causa da água.
A aposentada Lindalva Teodora está com uma mancha no tornozelo há dois anos e não consegue tratá-la. "Desde que comecei a baldiar a casa apareceu uma coceira. Já fui no médico, já passaram pomada, mas ela continua ai", diz.
Conforme os moradores, as plantações agrícolas também foram prejudicadas com a cheia e hoje não produzem mais nada. Um frigorífico que havia começado a funcionar em 2014 fechou as portas depois da cheia histórica, desempregando mais de 200 pessoas.
Cheia de 2014 desabrigou centenas de famílias do distrito (Foto: Rede Amazônica/ Reprodução)
ContaminaçãoSegundo avaliação da Ana, a comunidade foi afetada diretamente pela cota de remanso da usina de Jirau, que atingiu e contaminou o lençol freático. O órgão pede que a hidrelétrica mude os moradores de Abunã para outro local ou indenize as famílias.
Com a divulgação do relatório da Ana, uma equipe da Defesa Civil da capital de Rondônia foi até a localidade a fim de fazer um levantamento de quantas famílias existem atualmente na comunidade.
A Ana também pede que a usina eleve trechos da BR-364 para evitar futuras inundações da rodovia federal.
Após relatório, Ana pede remanejamento de moradores do local (Foto: Rede Amazônica/ Reprodução)
Segundo o secretário de projetos especiais de Porto Velho, Vicente
Bessa, a retirada dos moradores do local é possível, mas não será nada
fácil. "Isso aqui é processo demorado. Não se resolve do dia pra noite.
Tem que fazer um levantamento de bens e imóveis no distrito", diz.Ainda
conforme o secretário, o assunto deve ser discutido na próxima reunião
do conselho administrativo da Jirau, mas ainda não existe prazos sobre
esta mudança.A Energia Sustentável do Brasil informou que a construção e a operação de Jirau foram devidamente licenciadas, conforme legislação do setor de energia. Todas obrigatoriedades e compensações sociais foram cumpridas, o que não inclui nenhuma ação de remanejamento da população de Abunã.
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