Parque Nacional dos Abrolhos pede socorro
Com processo de ampliação parado há seis anos, área marinha de importante valor ambiental para o Brasil ganha campanha
Há anos em discussão no Brasil, o processo de ampliação do Parque
Nacional Marinho dos Abrolhos ganhou novos capítulos nas últimas
semanas. Hoje, a área que cobre apenas 1,8% do maior banco de corais do
Atlântico Sul – refúgio da biodiversidade marinha brasileira, com
espécies endêmicas, ameaçadas, vulneráveis e em recuperação, como a
baleia-jubarte – luta também para ampliar a geração de emprego e renda
por meio do ecoturismo, da manutenção de estoques pesqueiros e da
garantia ao equilíbrio ambiental.
Parque Nacional dos Abrolhos conta hoje com somente 1,8% de área protegida
Pela ampliação urgente do Parque Nacional, o Instituto Baleia Jubarte
iniciou o movimento e articulou várias instituições ambientais em prol
da campanha #MaisAbrolhos, lançada durante o IX Congresso Brasileiro de
Unidades de Conservação (CBUC), promovido no início do mês pela Fundação
Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em Florianópolis. Uma moção foi
aprovada por unanimidade e será encaminhada para a Presidência da
República, Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O pedido considera que o Banco
dos Abrolhos é uma das regiões de maior importância para a conservação
da biodiversidade marinha do Brasil e do Atlântico Sul, o que tem sido
reconhecido e reafirmado em sucessivos processos de avaliação de áreas
prioritárias para a preservação de espécies animais e vegetais em
território nacional.
Segundo o Presidente do Instituto Baleia Jubarte, Eduardo Camargo, o
processo, que já teve diversas consultas regionais – uma delas
específica com os pescadores artesanais este ano -, se arrasta há mais
de uma década. “Várias instituições decidiram batalhar para que esse
processo seja concluído ainda neste ano, com a realização das
necessárias consultas públicas e encaminhamento de proposta de Decreto
ao Presidente da República para efetivar essa ampliação. Estamos
animados com o compromisso do Presidente do ICMBio, assumido
publicamente durante o IX CBUC, de realizar as Consultas Públicas logo
após as eleições de outubro. Pretendemos colaborar com ele e o MMA para
conscientizar a sociedade e os demais órgãos de governo de que essa
ampliação é boa para todos, dos pescadores artesanais ao setor de
Turismo”, afirma.
Local é santuário de Baleias Jubarte
Luta pelos oceanos
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), existem mais de 15,3 mil
áreas marinhas protegidas no mundo, cobrindo o equivalente a 7,2% da
superfície total do oceano. Somente no Brasil, até 2020, deve-se
proteger pelo menos 10% dos mais de 8,5 milhões de quilômetros de
litoral, segundo a meta 11 de Aichi estabelecida pela Convenção sobre
Diversidade Biológica (CDB-ONU). “No início deste ano, superamos essa
meta em termos quantitativos, mas não qualitativos. Ainda há muito o que
fazer pelos oceanos brasileiros e a campanha de Abrolhos é mais um
esforço que pode incentivar o cumprimento dessas metas”, analisa o
coordenador de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário,
Emerson Oliveira.
A Fundação Grupo Boticário também demandou a ampliação da mesma unidade
de conservação anteriormente. Em outubro de 2017, em Brasília, a
importância da região e a sua proteção foram ressaltadas durante evento
que discutia propostas de criação de áreas marinhas protegidas. A região
de Abrolhos é campo de muitos projetos de pesquisa, principalmente pela
sua biodiversidade e necessidade de conservação. A Fundação Grupo
Boticário tem em seu histórico 11 projetos apoiados no Parque Nacional
dos Abrolhos, dos quais dois estão em andamento: um sobre corais e outro
sobre esponjas.
Campanha pede o aumento da área de proteção do Parque
Sobre a Fundação Grupo Boticário
A Fundação Grupo Boticário é fruto da inspiração de Miguel Krigsner,
fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração
do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da
Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação
ambiental mundial. A Fundação Grupo Boticário apoia ações de conservação
da natureza em todo o Brasil, totalizando mais de 1.500 iniciativas
apoiadas financeiramente. Protege 11 mil hectares de Mata Atlântica e
Cerrado, por meio da criação e manutenção de duas reservas naturais.
Atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos
negócios e nas políticas públicas, além de contribuir para que a
natureza sirva de inspiração ou seja parte da solução para diversos
problemas da sociedade. Também promove ações de mobilização,
sensibilização e comunicação inovadoras, que aproximam a natureza do
cotidiano das pessoas.
Fonte: Envolverde
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