Pá pintada de preto em turbina eólica consegue reduzir em 70% morte acidental de pássaros
A energia eólica é uma das fontes renováveis que mais cresce no mundo inteiro. O custo dela já se equipara a dos combustíveis fósseis. No Brasil, em 2019, eram quase 600 parques eólicos e mais de 7 mil turbinas em 12 estados brasileiros, que atendiam, em média, o consumo de 26 milhões de residências, ou aproximadamente 80 milhões de pessoas.
Todavia, um dos problemas decorrentes da instalação de enormes turbinas eólicas é a morte acidental de aves, que colidem com essas gigantes pás e seus motores.
Para tentar encontrar uma solução para o problema, pesquisadores do Norwegian Institute for Nature Research fizeram um teste na fazenda eólica de Smøla, situada na costa oeste da Noruega. Entre 2006 e 2013, 18 pássaros morreram ao bater contra as pás de quatro de suas turbinas e também, aos postes delas (neste último caso específico, as mortes são de Lagopus lagopus, uma espécie de pomba).
Em 2013, foi-se então pintada da cor preta uma de cada quatro pás dessas turbinas. Nos seis anos seguintes, a taxa de mortalidade dos pássaros caiu em 71,9%. Em três anos, somente seis aves colidiram e morreram.
Os pesquisadores também perceberam bons resultados ao pintar de preto a parte inferior de algumas torres das turbinas. A mudança reduziu a mortalidade da espécie lagópodes escocês em quase 50% em comparação com turbinas eólicas sem pintura na mesma área.
O resultado bem-sucedido dos experimentos foi divulgado em um artigo científico, publicado em julho, na revista Ecology and Evolution.
“Felizmente existem medidas econômicas que podem ser colocadas em uso para reduzir o risco de colisões de pássaros”, celebrou Roel May, pesquisador do Norwegian Institute for Nature Research e um dos co-autores do estudo. “O aumento do contraste de cores torna as turbinas eólicas mais visíveis para os pássaros e assim, evita a colisão”.
No caso específico da Noruega, o cientista destaca que a medida será importante para proteger as águias-de-cauda-branca, uma espécie que o país têm uma responsabilidade especial para preservar.
Umas das recomendações dos especialistas é que usinas eólicas não sejam também instaladas em áreas com correntes ascendentes fortes, para as quais aves de rapina são atraídas.
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Fotos: Norwegian Institute for Nature Research (abertura) e reprodução artigo
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.
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