sábado, 11 de janeiro de 2014

Reféns do medo, moradores do Plano adotam hábitos para evitar criminosos

Reféns do medo, moradores do Plano adotam hábitos para evitar criminosos Os crimes contra o patrimônio estão entre as maiores preocupações no Plano Piloto


Mara Puljiz
Publicação: 11/01/2014 07:30 Atualização:

 

Na banca de jornal da 107 Sul, o dono colocou três câmeras após movimentação maior de estranhos e usuários de drogas na quadra (Antonio Cunha/Esp. CB/D.A Press)
Na banca de jornal da 107 Sul, o dono colocou três câmeras após movimentação maior de estranhos e usuários de drogas na quadra


Dar uma volta ao redor de casa, observar bem se há algum estranho por perto e ficar atento ao descer do carro. Nada de falar ao celular dentro do veículo estacionado ou caminhar distraído por aí. Diante da insegurança na capital federal em razão dos pontos de tráfico de drogas e dos constantes assaltos e sequestros, a população muda os hábitos em uma tentativa de diminuir as chances de abordagem criminosa.

Os crimes contra o patrimônio estão entre as maiores preocupações no Plano Piloto. No último dia 3, o militar João Carlos Franco de Souza, 66 anos, foi vítima de um latrocínio (roubo com morte) na 112 Sul ao chegar ao estacionamento do Bloco J, onde morava. Os bandidos queriam levar o carro dele, um i30. Na quadra, os moradores ficaram amendrontados. “Quem não fica assustado com uma gratuidade dessas?”, questiona a arquiteta Patrícia Montenegro. “A legislação favorece os bandidos e deixa as pessoas vulneráveis. A polícia parada lá fora não me tranquiliza.”

Recém-chegada a Brasília, a dona de casa Andrea Passini, 42 anos, diz não se sentir segura na capital federal, apesar de ter morado em São Paulo e em Salvador. “Aqui, eu notei a falta de policiamento nas ruas. Em Salvador, pelo menos, a gente via policiais circulando a pé. Aqui, não tem isso”, compara. Diante da criminalidade, ela sai de casa sem nenhum tipo de adereço ou joias. “Infelizmente, a gente trabalha e conquista as coisas, mas não pode usufruir”, lamenta.

Apesar de muitos se preocuparem com os riscos, há ainda aqueles mais displicentes. Na 407/408 Sul, diversas pessoas saíam de um supermercado falando ao celular e mandando mensagem sem olhar para os lados. Houve quem demorasse mais do que o necessário no veículo. Foi o caso de uma mulher que, ao fazer as compras, ficou dentro do automóvel por alguns instantes com a porta aberta e a bolsa à mostra. Mais adiante, uma senhora com um carrinho de compras guarda tranquilamente as sacolas no banco traseiro. Não reparou que era fotografada pela reportagem.

Colaborou Thalita Lins

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