sábado, 11 de janeiro de 2014

Resposta da comunidade à entrevista do governador Agnelo Queiroz

Sexta-feira, 10 de janeiro de 2014 | 15:26



 
Por Artur Benevides 

Ave, Ave  todos aqueles que “por ignorância e má-fé” lutam para defender a cidade de um mal maior. A eles todo o meu respeito e admiração. 
 A  entrevista do governador Agnelo Queiróz, exibida na televisão, em 05/01/2014 nos trouxe dados e acusações lamentáveis, especialmente se considerarmos a figura de homem público e de autoridade que representa. Dentre os vários assuntos tratados,  o governador afirmou que todos aqueles que criticam o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília – PPCUB, arquitetos, urbanistas e grande parte da sociedade, agem por “ignorância ou por má-fé”.  

Como assim, governador? 

Má-fé é omitir as propostas do PPCUB, enganando a população! Todas as Audiências Públicas primaram pela superficialidade na análise dessa caixa-preta. Mais grave se considerarmos que novas propostas foram colocadas na versão encaminhada à Câmara Legislativa para aprovação que sequer foram levadas às Audiências Públicas.

E nós é que agimos de má-fé? 
Como membro do Conselho Comunitário da Asa Sul, sinto-me honrada por estar lado a lado de tantas outras instituições e entidades como o Instituto dos Arquitetos/DF, Conselho de Arquitetura e Urbanismo, Faculdade de Arquitetura da UnB, Faculdade de Arquitetura da Universidade Católica de Brasília, Instituto Histórico e Geográfico/DF, Urbanistas por Brasília, Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios – ICOMOS, Sindicato dos Arquitetos do DF, Centro Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo -FAU, Associação Civil Rodas da Paz, Movimento Amigos da Paz, Prefeitura do Setor de Diversões Sul – Conic, Conselho Comunitário da Asa Norte, Conselho Comunitário do Sudoeste e  Associação Parque Ecológico das Sucupiras. 

Ter ajudado a abortar a intenção do GDF em ver o PPCUB aprovado pela Câmara Legislativa, a toque de caixa, em dezembro passado foi a nossa contribuição a uma cidade cuja gestão tem sido temerária. Seria um golpe sem precedentes entregar milhares de metros quadrados de áreas públicas para a livre especulação imobiliária. Nunca ninguém ousou tanto. 
 
O governador afirma agora que há SOMENTE 5 pontos divergentes  no PPCUB e que eles serão NEGOCIADOS. Depois de se comprometer a “Retirar os pontos polêmicos“, agora afirma que serão negociados? Como assim, governador? 

Enganar de novo a sociedade é mais uma atitude de má-fé! Com quem seria essa negociação? É bom lembrar que os problemas do PPCUB vão muito além dos tais 5 pontos divergentes, pontos estes, vale ressaltar, que  consideramos INEGOCIÁVEIS. 
Se após vários anos sendo elaborado, o PPCUB ainda apresenta tantas propostas divergentes e polêmicas, algo está errado. Faltou discussão? Pressões da especulação imobiliária? Ou apostaram na falta de informação da população para aprovar as propostas? 

Certamente, o governador não analisou os mais de 200 artigos e 70 planilhas constantes do PL e jamais poderia imaginar que alguém se dispusesse a fazê-lo. Falhou na imaginação. Revela que a cidade nunca teve um plano de preservação e mostra-se orgulhoso pois seu governo o faz exatamente para impedir o adensamento desenfreado, desordenado, a anarquia, a ilegalidade. 

Acho que ele desconhece que muitas das propostas ferem frontalmente o plano urbanístico de Lucio Costa, o tombamento e as recomendações da UNESCO  e, ainda, que trarão o adensamento, o que ele afirma querer evitar, só que agora com o aval do GDF e de quem mais vier a aprová-las. Será mais uma marca negativa do seu governo nessa cidade.  
 
Afirma também que não há quem mais deseje preservar essa cidade do que ele, visto que“INAUGUROU” o Catetinho, o Panteão da Pátria, o Cine Brasília, o Planetário, e vai inaugurar o Teatro Nacional. Ah, inaugurou também a Torre Digital. É verdade. Mas o teria feito não fosse o apelo pessoal e contundente do arquiteto Oscar Niemeyer, para que não deixasse inacabada a obra iniciada pelo governo Arruda?  Acho que o governador precisa  se informar também sobre a diferença entre o inaugurar e o reinaugurar após reformas. 
Com relação aos outros assuntos, disse o governador que agora começa a colher os resultados dos “investimentos gigantescos” na  saúde, transporte, ciclovias, meio-ambiente, obras, segurança, policiamento inteligente, monitoramento 24 hs nas cidades, já em implantação, e integração das polícias.  

Que em 50 anos não conseguiram resolver todos esses problemas e ele está fazendo isso. Fez ainda muitas promessas a serem concretizadas até o final de seu governo. Resumindo, acredita que está salvando Brasília do caos em que se encontrava. 
Diante de tudo que vi e ouvi,ficou patente na entrevista que o governador desconhece a realidade dos fatos e parece viver em outra cidade que não a nossa. O olhar de espanto do entrevistador deixava transparecer, em alguns momentos, esse mesmo sentimento.   Heliete Bastos

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