sábado, 22 de fevereiro de 2014

A cada enxadada uma minhoca-Reinaldo Azevedo


21/02/2014
às 18:49

Um jurista da “sabedoria petista” resolve atacar Gilmar Mendes. E o que eu descobri sem muito esforço. Ou: O alarido das hienas

hiena


Ai, ai… Por que eles nunca são um só, mas sempre uma legião, como os demônios? Antipatizo com hienas. Não é pela feiura, não. É que sempre atacam em bando. Nunca exibem, assim, aquela grandeza heroica que, às vezes, têm os leopardos, até os leões. 

Não! Sempre em turma. Também não sabem rugir: emitem uns sons estranhos, entre o ganido e o miado, pequeninos, quase sorrateiros, mas que, em grupo, formam uma melodia desagradável. Então tá. Chega dessa apreensão pessoal da zoologia. Vamos falar de outras espécies.

Mandam-me aqui um texto de um tal Juliano Zaiden Benvindo, que é professor da Universidade de Brasília. Pelo tom do sujeito que enviou a mensagem, ele só pode ter colhido o artigo em algum blog sujo financiado por estatais. 

Bem, bem, bem… Passaram ao rapaz professor a tarefa de provar que o ministro Gilmar Mendes não é de nada; que, como jurista, é um zero à esquerda. Notem que, até agora, o petismo e o petralhismo já disseram o diabo de Mendes, menos que fosse tecnicamente ruim. Isso nunca.

Juliano Benvindo, investindo-se do papel do zagueiro cabeça de bagre voluntarioso, pegou a bola na hora da cobrança do pênalti e disse: “Deixa que eu chuto”. E chutou. A bola se perdeu no mato. Se tiverem paciência, leiam o texto. 

O bruto começa anunciando a montanha. Censura a tradição de pouco debate no Brasil, que sempre acaba na crítica pessoal. Logo, entende-se que ele fará outra coisa, nunca uma crítica… pessoal. 

Escreve:

No Brasil, contudo, infelizmente, a cultura constitucional é voltada para bajular o que temos. Nossa cultura ainda é fortemente marcada pela personalização das relações, não se construindo uma possível percepção de que criticar um trabalho, uma decisão, um texto, entre tantas outras atividades, possa ser algo diverso do que uma crítica pessoal.”

Em vez da montanha, o rato. Vejam lá. O resto de seu texto é um ataque dirigido à pessoa de Gilmar Mendes. Segundo diz, não passa de um compilador de jurisprudência — quando até seus adversários intelectuais reconhecem nele um criador de jurisprudência. Ainda nesta quinta, foi citado por advogados dos mensaleiros. O rapaz não se refere aos livros de Mendes, ao conteúdo de sua obra, não diz por que ela é ruim. Nada!

Entende-se, aliás, que o principal defeito da obra em livro do ministro é… vender bem! Não sei se o dito-cujo já publicou alguma coisa; se publicou, certamente vendeu mal. Também publico livros e, como direi?, sou bem-sucedido. 

Não sei de bons vendedores de livros que considerem isso um defeito. Há, sim, quem venda pouco e não dê bola para a questão, certo da qualidade de sua obra — às vezes, com razão. Mas todos os que acham que vender muito é um defeito vendem pouco.

A propósito: por que será que os livros de Mendes “vendem bem”, já que não se trata de uma compilação de humor, de pílulas de sabedoria ou de textos de autoajuda? Vai ver os leitores de sua obra especializada são bobos e ainda não se deram conta da sabedoria superior do tal Benvindo… Insisto: se tiverem paciência, leiam o texto do homem e tentem encontrar a demonstração de sua tese. 

Não há.

Ataques como esse, oriundos de um mundo SUPOSTAMENTE ACADÊMICO, são expressões do espírito de um tempo. Onze anos de petismo no poder degradaram o Parlamento, o Executivo, o Judiciário, o Ministério Público, tudo… Mas nenhum setor se rebaixou tanto e se tornou tão asqueroso como a academia — com as exceções de praxe.

Gente paga com dinheiro público para pensar não tem vergonha nenhuma de ser esbirro de um partido político. O sujeito que mandou a diatribe do Benvindo me fez um favor. Resolvi entrar na página do cara no Facebook. 

Lá está ele, de bate-pronto, atacando Mendes por conta de suas questões sobre a “vaquinha” petista. Está revelado, vamos dizer assim, o motivo original da sua fúria bucéfala, que se esqueceu dos argumentos. Na UnB, integra a tropa de choque das várias correntes de esquerda que por lá se aninham, aliando-se claramente com o petismo — pouco importando se é filiado ao não.

Uma estirpe

Quando bati o olho em seu nome, sabia que aquele sobrenome há havia passado por mim… “Zaiden Benvindo, Zaiden Benvindo…” Cheguei logo a Aldo Zaiden Benvindo, assessor do Ministério da Saúde e membro do Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas. 

Também alinhado com o “pudê”!!! Esse rapaz participou ativamente do “Congresso Internacional Sobre Drogas – 2013”, realizado em Brasília, no ano passado. Vocês se lembram. Escrevi alguns posts a respeito. Foi lá que o notório delegado Orlando Zaccone defendeu a legalização “da produção, do comércio e da distribuição de todas as drogas”. 

Tratou-se de um suposto “congresso internacional”, patrocinado pelo governo Dilma e por órgãos federais, para o qual só foram convidados debatedores favoráveis à legalização das drogas. Não era um congresso, mas um convescote de gente que concordava entre si. 

Uma vergonha!

Mandaram-me tempos depois um vídeo com a fala de Aldo Zaiden Benvindo, o irmão do desafeto de Mendes. O rapaz começa, de cara, com uma referência encoberta a este blogueiro. Ataca, com uma frase vulgar de efeito, as “críticas reacionárias” na imprensa que o tal congresso estaria recebendo. 

Eu fui o único a criticar. Todos os demais veículos de comunicação elogiaram. Ele foi muito aplaudido, claro!, porque os que poderiam eventualmente vaiar ou simplesmente não aplaudir não tinham sido convidados. 

Essa gente é muito valente entre os seus. É como black bloc. Quando em bando, partem pra porrada.  Segue o vídeo. A fala está no comecinho. Volto depois.

Pois é… Estamos lidando com uma estirpe, né? Aldo, aquele que acha que o “vitupério na boca de certas pessoas é elogio”, é casado com Joana Zylbersztajn, ex-secretária-executiva adjunta do ministério chefiado por Gilberto Carvalho e atual chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Direitos Humanos de Fernando Haddad.


Por que evocar esses parentescos, Reinaldo?” Para evidenciar que estamos lidando com uma espécie de nova aristocracia do poder. Como se diz em Dois Córregos, a cada enxadada, uma minhoca. Basta entrar no Google, e você perceberá que eles são uma legião.


Por Reinaldo Azevedo

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