16/03/2014
às 6:03
Quando a Interpol descartou a hipótese atentado ou de ato criminoso no sumiço do avião da Malysian Airlines, afirmei aqui, num post do dia 11,
não entender os motivos.
Descartava por quê? Eu achava, ao contrário,
que cresciam os indícios de uma ação criminosa. Como já lhes contei,
apanhei pra caramba: “Esse aí é metido a falar até de avião”.
Escrevi,
então, que não entendia nada de aviação — embora converse com quem
entende — e que a minha hipótese se sustentava na lógica dos fatos.
Muito bem!
Como vocês já devem ter lido, o premiê da Malásia, Najib Razak, afirmou
que já dá para sustentar, com razoável grau de certeza, que uma ação
deliberada desligou o sistema de comunicação do avião.
O governo
trabalha agora com a hipótese muito provável de que a pessoa que fez
isso estava no comando da aeronave e a desviou da rota. Especialistas
americanos suspeitam dos próprios pilotos.
Pois é… Então reproduzo em azul o que escrevi no dia 11. Releiam:
Então tá
bom. A Interpol está propensa a descartar que o Boeing 777, da Malaysia
Airlines, tenha sido vítima de um atentado terrorista. Tomara. Mas
descarta por quê? Li, li, li e não consegui entender. O que parece é que
uma parte dos indícios não corrobora a possibilidade. Mas e as outras?
Volto a duas das questões propostas ontem neste blog pelo leitor Gonçalo Osório. Retomo em seguida:
1) Todo bicho desse porte (imagine: 350 toneladas de peso de decolagem, dependendo do modelo) tem uma coisa chamada ELT — emergency locator transmiter. Como o nome em inglês diz, é um sinal de rádio de emergência, que é acionado sem interferência do piloto e que pode ser captado por outros aviões, navios e satélites. Ninguém captou nada. Como assim? O ELT não funcionou? Não se sabe.
2) O
Boeing 777, assim como aquele Airbus da Air France que se acidentou na
rota Rio-Paris, dispõe de um treco chamado ACARS (outra sigla em
inglês). Para compreensão do leigo, é como a telemetria de carros de
Fórmula 1: sensores a bordo detectam tudo o que acontece com motores,
equipamentos de navegação, atitude do avião em voo, o escambau, e
transmitem a intervalos de segundos essas centenas de informações para o
fabricante (a Boeing) e para o operador (a Malaysia). No caso do Air
France, por exemplo, sabia-se, durante os sete minutos entre o avião
sair da altitude de cruzeiro e se espatifar na água, que várias coisas
estavam ocorrendo: não eram defeitos técnicos, mas o ACARS transmitiu a
rápida perda de altitude, por exemplo, e as diversas configurações dos
computadores de bordo. Cadê as informações do ACARS do B777 da Malaysia?
A Boeing e a companhia até agora nada disseram.
Tudo
indica, então, que o transponder da aeronave estava desligado. Por quê?
Com que propósito? Mera falha técnica? Já se sabe que o avião estava
fora da rota. Num cenário em que nada se sabe, em que se escreve muitas
vezes por dia a palavra “mistério”, um avião fora da rota, com o
transponder desligado, é incompatível, por exemplo, com terroristas no
comando da aeronave?
Do ponto de vista estritamente lógico, não!
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