segunda-feira, 17 de março de 2014

OS MINISTROS, OS SAPOS E A FESTA NO CÉU Carlos Chagas

 
 
Carlos Chagas
 
 

 
Publicado: 17 de março de 2014 às 8:04
 
Diário do Poder
     
     
Diante da  movimentação  das  aves de variadas espécies para comparecer à festa de arromba que aconteceria  no céu, o sapo fez a ultima tentativa. 

Propôs ao urubu ir escondido na sua viola, prometendo que desceria no mesmo veículo assim que o amigo quisesse  retornar. 

O deslumbramento diante de tantas comemorações, as músicas, a comida e a bebida levaram o batráquio  a  esquecer do compromisso. Quando deu por si, o urubu já tinha descido, restando-lhe pular lá de cima, esborrachando-se todo aqui embaixo.


Hoje tem festa no céu. A presidente Dilma abre os salões do palácio do Planalto para a posse de mais seis ministros, com todo o respeito, seis sapos  entusiasmados com a possibilidade de  confraternizar com tantos outros convidados numa celebração para ninguém botar defeito.


O risco é de que, sem saber voar, os novos ministros se deixem embriagar pelas comemorações e não lembrem  haver chegado lá por uma especial deferência do urubu e sua viola. 


Não apenas eles, mas os 39 ministros, com  as exceções de sempre, são bicões de festa para a qual não deveriam ter sido  convidados, faltando-lhes condições e competência para integrar o governo. 

Carecem de representatividade, de apoio político e até de ser conhecidos pelos convivas.  Quando perceberem que a festa acabou, logo que realizadas as eleições de outubro, só terão como lançar-se das alturas, sem asas. 


Uma vez reeleita, a presidente Dilma reformará todo o ministério, sacudindo a chantagem dos partidos que lhe estão  impondo sapos em troca de tempo na televisão para o  horário de propaganda eleitoral gratuita.


Ninguém duvida de que a  atual equipe é provisória. Tampão. Meia sola.  Serve apenas para os sapos, perdão, para os ministros,  imaginarem-se convidados para a  festa dos outros. 

Chegarão abrigados na viola dos partidos que, pelo fato de haver-lhes dado carona,  nenhum compromisso possuem para trazê-los de volta, indiferentes à queda inexorável. 

Talvez um ou dois sejam conservados no segundo mandato,  mas depois de conquistada a vitória, tornar-se-ão   descartáveis.  Candidatos apenas à queda.

Vai um desafio para o leitor:  sem consultar os jornais de hoje, dar o nome dos seis sapos, perdão, dos seis ministros e dos respectivos ministérios que assumirão.  

Tarefa muito mais impossível, então, será citar os 39.  Jamais equipe tão desimportante serviu a um governo tão descuidado com sua própria performance, talvez porque ministros se tornem cada dia mais supérfluos e desnecessários. Quem decide e quem manda mesmo é ela.


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