Que
coisa, né? Até outro dia, bastava a rede petralha na Internet demonizar
alguém, e a pessoa se sentia em apuros. Ainda hoje, há muita gente meio
covardona que teme cair na boca do sapo: prefere a morte a dar uma
opinião que possa contrariar o partido.
Há os que, voluntariamente, se
ajoelham no milho só para provar que são disciplinadinhos… Esse tempo já
passou, sabiam? Hoje, quem cai na rede de difamação pode é acabar se
dando bem. Se o PT disser que essas pessoas não são bacanas ou de
confiança, isso vale como um atestado adicional de seriedade.
Foi o que
aconteceu com a consultoria Empiricus. O PT decidiu recorrer ao TSE
contra dois textos de análise que estavam no Facebook e circulavam como
publicidade paga.
Eram análises críticas ao governo Dilma. Desde a
segunda-feira passada, quando a firma se viu forçada a retirar os dois
textos, a base de clientes que paga por pacotes de análises passou de
cerca de 9.000 para 16.500. Segundo informa a VEJA.com,
“a consultoria possui ainda um mailing de 200.000 clientes em potencial
que recebem boletins financeiros gratuitamente, após fazerem inscrição
no site. Essa carteira específica ganhou em torno de 7.000 novos nomes
por dia na semana passada”.
Felipe
Miranda, sócio da Empiricus, não tem por que reclamar da repercussão,
claro!, mas não fica necessariamente contente com a patrulha: “Ainda que
haja mais desdobramentos de marketing, o episódio é lamentável demais
para ser celebrado. O governo quis desviar o debate, colocando o mercado
como vilão. Mas não poderá fazer isso para sempre. Pode calar os bancos
agora. Contra nós, não podem fazer nada além desse cerceamento
momentâneo que pode, aliás, ser retirado a qualquer momento pelo TSE”.
Pois é… Eu
não sei qual vai ser o resultado da eleição presidencial. Não sou
Pitonisa. Uma coisa, no entanto, é certa: há uma mudança importante em
curso. Os “companheiros” já não intimidam mais ninguém. A sociedade, aos
poucos, está aprendendo a se proteger daqueles que se pretendem donos
de sua opinião.
O caso de
Empiricus é eloquente demais. E notem: a empresa não depende, de modo
nenhum, do estado — e, portanto, não tem de temer a reação de um governo
vingativo. E poucas coisas irritam tanto os petistas como a
independência intelectual — e financeira — daqueles a quem querem
conquistar ou destruir. Os primeiros não se deixam cair vítimas de seu
charme bruto; os outros conseguem resistir.
Independentemente
de Dilma vencer ou perder a eleição, é bom o PT se dar conta de que o
Brasil mudou. Ou vai pagar caro por sua arrogância num caso ou noutro.
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