terça-feira, 5 de agosto de 2014

Paes promete Olimpíada no prazo e diz que não é hora 'de esculhambar a cidade'



  • Parque Olímpico - Barra da Tijuca

      Obras do Parque Olímpico da Barra da Tijuca
    É a principal obra da Olimpíada e será palco para 16 modalidades. O Rio considera que esse será o principal legado dos Jogos na cidade. A previsão de conclusão da obra completa é 1º trimestre de 2016
  • Complexo Esportivo de Deodoro

    × Complexo Esportivo de Deodoro
    Segundo principal local de competição, com 11 modalidades. Foi utilizado no Pan-Americano e já é considerado 60% 'pronto'. As obras começaram em julho deste ano e estão previstas para terminar no 1º trimestre de 2016
  • Baía de Guanabara

    × Poluição na Baía de Guanabara
    Onde acontecerão as competições de vela durante a Olimpíada. O governo do Rio prometeu tratar 80% do esgoto que cai na Baía até 2016. A prefeitura chegou a dizer que isso não seria possível, mas voltou atrás recentemente. Segundo fontes oficiais, com as obras para os Jogos, o tratamento do esgoto da Baía já chegou a quase 50%
  • Estádio do Engenhão

    × Estádio do Engenhão
    Estádio do Pan em 2007 será utilizado para as competições de atletismo. Ele passa por reformas na cobertura (que apresentou problemas estruturais) cujo prazo de conclusão é novembro. Além disso, há obras de revitalização no entorno e a capacidade do estádio será ampliada em 15 mil lugares
  • Transolímpica

      Obras da Transolímpica
    Via expressa para carro e ônibus (parte do projeto de BRT - Bus Rapid Transit) do Rio para conectar a Barra e o Recreio a Deodoro. Serão 23 Km de extensão a um custo de R$ 1,5 bi, e o prazo de conclusão é dezembro de 2015
  • Linha 4 do metrô (Barra da Tijuca)

    × Obras da linha 4 do metrô
    Linha nova do metrô para conectar a Barra (zona oeste) ao Centro. Serão seis estações – cinco com previsão de conclusão para início de 2016 e uma para depois dos Jogos.
Em entrevista à BBC Brasil, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse que a realização dos Jogos Olímpicos na cidade vai evitar a "tortura" que antecedeu a Copa do Mundo – criticada até o último momento por problemas de organização.


Faltando exatos dois anos para a abertura da Olimpíada no Rio de Janeiro, em 2016, Paes disse que a "jornada" de preparação é importante tanto para a imagem do Rio quanto do Brasil, e que "não precisa ser um momento que a gente aproveite para esculhambar com o país e com a cidade".


"A Olimpíada do Rio está sendo planejada com muito detalhe há muito tempo. A conta nossa é de que está tudo no prazo, tem a data direitinho de entrega e está tudo no prazo", afirmou o prefeito.


"O Brasil perde se o mundo não entender que a gente se organiza melhor, que a gente tem essa capacidade. A gente não precisa fazer da jornada um período de tanta tortura, já é tão difícil, não precisa ser um momento que a gente aproveite para esculhambar com o país e com a cidade."


As garantias do prefeito respondem às polêmicas sobre orçamento, atrasos e promessas ainda por cumprir que afetam a organização da Olimpíada.


Para a cidade, o custo dos Jogos está orçado por enquanto em R$ 37,6 bilhões - superando os R$ 33,6 bilhões dos Jogos de Londres em 2012 –, de acordo com o número divulgado pela prefeitura na segunda-feira.


Mas de acordo com os organizadores, 57% desse valor virá de investimento privado. Além disso, Paes diz que o orçamento das obras não é tão alto se considerado o legado que será deixado para a cidade.


O Complexo Esportivo de Deodoro, onde os trabalhos começaram no início do mês passado, levanta preocupações sobre o ritmo das obras.


No entanto, de acordo com os dados oficiais, 55% das instalações esportivas necessárias para a Olimpíada já estão prontas e, apesar de haver algumas obras consideradas como "pontos de atenção", nenhuma delas pode ser considerada "atrasada".
Obras no Centro Internacional de Mídia/ Divulgação
Jogos estão orçados em R$ 37,6 bilhões, mas prefeitura diz que maior parte será investimento privado


Já em termos de promessas da candidatura olímpica, o grande questionamento é com relação à despoluição da Baía de Guanabara.


O Rio se comprometeu a tratar 80% do esgoto jogado na baía até 2016, mas o discurso do governo estadual atualmente é de que "se fará um esforço" para atingir a meta.

Bronca do COI

Ainda ressoam entre os organizadores as críticas do vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), John Coates, que em abril considerou os preparativos para os Jogos do Rio "os mais atrasados já vistos".


Para acelerar o ritmo, o órgão enviou seis de seus especialistas em organização olímpica para trabalhar junto com o Comitê Rio-2016 e vigiar de perto o planejamento e execução das obras.


"A gente montou uma força-tarefa, o COI enviou gente com uma expertise em Jogos pra nos ajudar principalmente no processo de tomada de decisão. Isso nos fez recuperar tempo perdido", explicou Leonardo Gryner, diretor geral de operações do Rio-2016.


Para o prefeito Eduardo Paes, porém, as críticas do COI vieram muito em função dos problemas de atraso que aconteceram na preparação da Copa do Mundo.


"A gente tem que contextualizar essas críticas. Primeiro a gente estava às vésperas da Copa, todo mundo dizendo que a Copa ia ser uma desgraça, que nada ia ficar pronto. 


Aí o sujeito está lá fora, tem uma Olimpíada pra acontecer em dois anos e dois meses: você tem uma espécie de surto psicótico e todo mundo começou a exagerar", disse o prefeito.


"Acho que o COI é sempre bem-vindo na maneira de cobrar, de acompanhar, eles acompanham. Acho que o que faltava era diálogo, informação. O que eu tenho tentado fazer nos últimos três ou quatro meses, desde que essas críticas vieram, é estar pessoalmente com eles pra mostrar 'ó, não tem todo esse drama'."

Complexo Deodoro

O atraso no Complexo Esportivo de Deodoro foi uma das grandes preocupações que geraram a 'bronca' do COI.


O local é o segundo principal palco de competições, onde serão disputadas 11 modalidades (hipismo, ciclismo - mountain bike e BMX -, canoagem slalom, tiro, entre outras). Chegou a ser utilizado no Pan-Americano de 2007, mas precisa passar por adaptações para a Olimpíada.
Complexo Esportivo Deodoro/ Divulgação
Ritmo das obras no Complexo Deodoro contribuíram para críticas do COI


"Naquele momento, as críticas faziam sentido, estávamos atrasados em algumas coisas, principalmente com a licitação de Deodoro. Mas conseguimos antecipar o inicio das obras de lá a gente recuperou esse tempo tempo. Está tudo em dia agora", disse Leonardo Gryner.


Outra polêmica entre as obras esportivas da Olimpíada foi a construção do velódromo. O Rio precisou demolir o antigo percurso construído para o Pan e fazer um novo que tivesse capacidade para abrigar as competições de ciclismo em pista dos Jogos.
O primeiro havia custado cerca de R$ 14 milhões e o que está em obras está orçado em R$ 136 milhões.


"O velódromo era para ser temporário, mas quando se tomou a decisão de fazê-lo permanente na época do Pan, o tempo pra fazer a obra era pequeno e aí não era possível fazer no padrão olímpico. Foi o único que não foi construído corretamente no sentido de aproveitar para a Olimpíada", explicou Gryner, que também esteve envolvido na organização do Pan de 2007.


Segundo ele, "tudo o que poderia ser aproveitado das construções feitas para o Pan-Americano está sendo usado para os Jogos".


"O Maria Lenk e o Julio Delamare (parques aquáticos) serão usados para saltos ornamentais, nado sincronizado e pólo, o estádio do basquete, que é a HSBC Arena, vai ser usado na ginástica, o Engenhão para o atletismo, então tudo o que podia aproveitar, a gente aproveitou."

Mudança de feição

À medida que os Jogos se aproximam, o Rio de Janeiro começa a tomar forma de sede olímpica, mas nem sempre com características desejáveis. Uma delas é o trânsito piorado causado pelas obras espalhadas.


Entre os projetos de mobilidade urbana que prometem aliviar esses efeitos, aumentando a capacidade do transporte público do Rio de Janeiro de 18% para 60%, estão dois BRTs (Bus Rapid Transit): a Transcarioca (que liga a Barra da Tijuca ao aeroporto do Galeão e tem 39 km de extensão) e a Transoeste (que conecta a zona oeste inteira da cidade, com 56 km de extensão).


Outro BRT, a Transolímpica, que conectará os dois principais locais de competições olímpicas (Barra e Deodoro, 23 Km de extensão) está em fase de construção.


Obras no Parque Olímpico/ Divulgação
A linha 4 do metrô, com seis estações que ligarão a Barra ao centro, é outro grande legado que o Rio promete entregar aos cariocas. Ela deve ficar pronta apenas no início de 2016.

Outro impacto negativo se dá sobre as vidas de milhares de moradores que precisaram ser removidos de suas casas por causa das obras.


A relatora especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Raquel Rolnik, chegou a chamar a atenção para a forma "unilateral" como as desapropriações para a Copa e a Olimpíada estavam sendo feitas no Rio e em outras cidades-sede do Mundial de futebol.


O próprio prefeito Eduardo Paes admitiu que "houve falta de diálogo" em alguns casos. Os números oficiais dão conta de que mais de 19 mil famílias precisaram ser removidas desde 2009, início da sua gestão.


Entre as feições mais agradáveis, estão projetos de revitalização de algumas áreas da cidade, como na região portuária (Porto Maravilha) e no centro.


Com elas, e mais as obras de mobilidade, Eduardo Paes promete que os Jogos de 2016 serão os de "maior legado da história".


"Eu posso garantir e reafirmar que não haverá cidade mais impactada positivamente na história das Olimpíadas como o Rio de Janeiro."

Quais lições a Copa do Mundo deixa para a Olimpíada?

Atualizado em  18 de julho, 2014 - 16:46 (Brasília) 19:46 GMT

Cristo Redentor com Maracanã ao fundo (Reuters)
Encerrada a Copa do Mundo, começa a contagem regressiva para os Jogos Olímpicos do Rio


A Copa do Mundo no Brasil chegou ao fim sendo considerada um sucesso, segundo avaliação da Fifa, do governo brasileiro e de grande parte do público que esteve nos estádios e cidades-sede durante todo o torneio.


Apesar dos problemas na preparação para o torneio, os turistas não enfrentaram grandes problemas nos aeroportos e conseguiram curtir a "Copa das Copas", como o governo federal intitulou o Mundial no Brasil.
Fechadas as cortinas do Maracanã no dia 13 de julho, começa agora a contagem regressiva para os Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, que terá sua cerimônia de abertura realizada no dia 5 de agosto de 2016 no mesmo estádio.


Mas o que o Brasil pode levar como lição da Copa do Mundo para a organização dos Jogos Olímpicos de 2016? A BBC Brasil preparou uma lista com alguns "aprendizados" que o país teve nesse mundial.

Prazos

Foram poucos os prazos cumpridos pelo Brasil na preparação para esta Copa. Entre os estádios que foram reformados ou construídos do zero, apenas um dos 12 ficou pronto na data inicial estipulada pela Fifa – o Castelão, em Fortaleza, que foi entregue em dezembro de 2012, com tempo suficiente para ser testado antes da Copa das Confederações.


Complexo Olímpico da Barra da Tijuca (Alex Ferro)
Segundo organizadores da Rio 2016, 38% das arenas necessárias para a Olimpíada estão prontas


Os dois casos de atraso mais complicados entre as arenas foram em Curitiba (Arena da Baixada) e São Paulo (Arena Corinthians), com o primeiro sendo ameaçado de "exclusão" da Copa do Mundo e o segundo – o da partida de abertura – sendo entregue somente duas semanas antes dela.


Em termos de obras de infraestrutura, o governo planejou 83 obras, entre reformas de aeroportos, investimentos de mobilidade urbana e transporte público, nas 12 cidades-sede incluídas na Matriz de Responsabilidades para a Copa.


Pelo menos 21 deles foram adiados – excluídos da Matriz – e alguns que foram mantidos não ficaram prontos – como os aeroportos de Salvador e Belo Horizonte, por exemplo, além do BRT da capital mineira (nem todas as linhas dele ficaram prontas).


Segundo informações divulgadas pelos organizadores da Rio 2016 em maio, 38% das arenas necessárias para a Olimpíada já estavam prontas (11 de 29). Outros oito ainda precisavam passar por reformas e dez estavam em construção – os caso que mais chama a atenção são os do Parque Olímpico Deodoro, onde vão acontecer as modalidades de equitação, ciclismo, pentatlo moderno, tiro, canoagem slalom, hóquei e esgrima. A construção dele começou neste mês.


A BBC questionou dezenas de brasileiros em São Paulo e no Rio de Janeiro na última semana a respeito do chamado "legado da Copa", e eles sempre precisaram de alguns minutos para pensarem na resposta. A maioria começava dizendo: "Não houve legado."
Um deles prosseguiu: "o chamado legado só poderia ser reconhecido se os projetos de infraestrutura que foram prometidos forem entregues".


Nos Jogos Olímpicos a mesma coisa pode acontecer se o Rio não entregar as mudanças na cidade que o governo local está prometendo no transporte público - novas linhas do metrô e a implantação do BRT (Bus Rapid System) Transolímpica.

Planejamento

A BBC Brasil conversou com secretários de Copa de algumas cidades-sede dois meses antes do Mundial e, quando questionados sobre o porquê dos atrasos na preparação, a resposta, além das justificativas de eventuais problemas localizados, sempre tinha um ponto em comum: a "cultura de última hora" do brasileiro.


Para o Ministério do Esporte, nem todas as obras da Matriz de Responsabilidades da Copa "eram essenciais para a Copa do Mundo".


"A maior parte dessa Matriz usa a Copa para antecipar e acelerar investimentos de infraestrutura para o país. E a maior parte de mobilidade urbana não era essencial, o resultado da Copa mostra isso, que não ficou pronto e a operação de mobilidade foi um sucesso", disse o secretário executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes, à BBC Brasil.
"Claro que nós tivemos problemas de planejamento, mas o mais importante é que a qualidade do evento foi garantida", completou.

Acidentes

Além dos problemas de planejamento, chamou a atenção o número de mortes em obras da Copa. Foram nove operários mortos nas construções de estádios (três em São Paulo, quatro em Manaus – três em acidentes e um por ataque cardíaco -, uma em Brasília, uma em Cuiabá). Outras duas pessoas morreram no acidente da queda do viaduto Guararapes em Belo Horizonte (previsto originalmente para o Mundial), já com o torneio em andamento.

Não houve registro de mortes nas obras olímpicas, mas os atrasos já chamaram a atenção do COI (Comitê Olímpico Internacional). O vice-presidente John Coates chegou a dizer que o Rio tinha "a pior preparação olímpica já vista".

O sucesso da Copa, porém, tranquilizou um pouco o Comitê. "Estamos muito felizes que a maioria dos temores que surgiram antes da Copa não se materializaram. 
Recebemos relatórios estimulantes, mas temos que manter a vigilância", declarou o presidente do COI, Thomas Bach.

Língua

Não foi muito fácil encontrar pessoas que falassem inglês ou espanhol no Brasil. Essa foi a dificuldade mais comum relatada por estrangeiros que vieram para o país durante a Copa.

Mas quando as palavras não funcionavam, o negócio era se comunicar sem elas, por meio de gestos e mímicas. E isso pareceu funcionar como uma adaptação imediata para o "problema".

"No começo, eu achei que a língua era um problema, mas os brasileiros são tão legais que eles sempre tentam te ajudar e você consegue se virar", disse o inglês Darren Heffernan.

A falta de conhecimento do inglês também causou alguma confusão principalmente para restaurantes que tentavam traduzir os cardápios para agradar os estrangeiros que estavam por aqui. As traduções literais de pratos típicos como "bife a cavalo", que em alguns lugares virou horse steak (literalmente, "bife de cavalo") ou o famoso contra-filet, que foi chamado de "against the filé" em uma tradução literal, não deram muito certo e confundiram os turistas.

Diversidade

Torcedores do Brasil (AP)
Pesquisa constatou que no jogo entre Brasil e Chile pelas oitavas, 90% do público pertencia às classes A e B


"Nossa sociedade é misturada em todos os sentidos - religião, raça, etnia...nós queremos mostrar o Brasil como uma nação tolerante, multicultural e que sabe recepcionar muito bem os turistas", disse o ministro do esporte Aldo Rebelo em 2012.
Essa era a mensagem que o Brasil queria passar para o mundo como país sede da Copa do Mundo e da Olimpíada: a ideia de um país multicultural e diversificado.

Viajando pelo Brasil de Norte a Sul passando por sudeste, nordeste e centro-oeste foi fácil notar essa diversidade de culturas nas cinco regiões. Mas, para aqueles que ficaram apenas dentro dos estádios, o Brasil era um pouco diferente do descrito pelo ministro.

Uma pesquisa do Datafolha constatou no jogo entre Brasil e Chile pelas oitavas de final em Belo Horizonte que 67% do público era branco e 90% pertencia às classes A e B.
O preço alto dos ingressos foi um dos motivos disso. As entradas variaram de R$ 60 a R$ 1980, mas o número de tíquetes da categoria mais barata não foi suficiente para atender a população mais pobre.

O Brasil terá uma nova oportunidade de mostrar sua diversidade na Olimpiada. Ainda estão sendo discutidos os preços dos ingressos para os Jogos.

Protesto e polícia

Protestos no Rio no dia da final da Copa (AP)
Com Olimíada, mais protestos estão por vir. A estratégia de como lidar com eles ainda é um desafio

A segurança sempre foi considerada um dos grandes desafios do Brasil para sediar Copa e Olimpíada. O país tem índices de violência superiores aos das principais nações européias e precisava provar aos turistas que seria um destino seguro para quem viesse para cá.

Além disso, outra grande preocupação era com os possíveis protestos que poderiam acontecer durante o torneio - como os que aconteceram na Copa das Confederações no ano passado.

As medidas adotadas pelo governo brasileiro foram reforçar a segurança nas 12 cidades-sede e cuidar para que as eventuais manifestações não chegassem nos arredores dos estádios. Para isso, as autoridades bloquearam um raio de 2 Km em volta de cada arena e só circulariam por aquele perímetro pessoas que tivessem ingresso ou fossem credenciadas para a Copa. A iniciativa foi criticada por ativistas.

Os protestos até aconteceram durante a Copa, mas em uma escala bem menor do que os de 2013. E os poucos que aconteceram acabaram sendo reprimidos com vigor pela polícia, que tinha como objetivo manter os manifestantes longe do estádios. 

Principalmente em São Paulo, no dia da abertura, e no Rio de Janeiro, no dia da final, foram registradas ações fortes da policia, deixando feridos e presos.

Por outro lado, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, elogiou o esquema de segurança montado para a Copa. "Todo o trabalho de segurança que foi feito foi excelente", comentou no dia seguinte à final do Mundial.

Com a possibilidade de mais protestos na Olimpíada, ainda não está claro qual seria a melhor a estratégia para lidar com eles.

Estruturas alternativas para receber turistas

A Copa do Mundo do Brasil chegou a ser chamada de "Copa do Mundo dos sul-americanos", tamanha era a presença dos turistas vizinhos no país para os jogos do Mundial. Muitos deles, porém, vieram de carro ou em grandes caravanas organizadas de última hora, em condições mais precárias e sem dinheiro para gastar em hotéis para a estadia no Brasil.


Camping argentino (BBC)
Argentinos montaram barracas e estacionaram veículos no Sambódromo e no Terreiro do Samba

A solução para eles foi buscar o apoio das prefeituras e governos locais. Uma caravana com mais de 4 mil chilenos, por exemplo, acampou no sambódromo do Anhembi em São Paulo às vésperas de Chile x Holanda. Só que antes disso, na passagem pelo Rio, eles chegaram a reclamar da falta de lugar na cidade onde pudessem parar os mais de mil carros que vieram com eles.

Para a final, a prefeitura do Rio liberou o Sambódromo da Sapucaí e o Terreiro do Samba para os argentinos montarem suas barracas e estacionarem seus veículos. Ainda assim, o prefeito Eduardo Paes admitiu que será preciso se preparar melhor para esquemas como esse durante a Olimpíada.

"Adoraria ver essa invasão de latinos de novo, mas vamos ter que nos preparar melhor para recebê-los", disse.

Ingressos

Um dos grandes "legados" da Copa do Mundo no Brasil foi desvendar a ação de uma quadrilha nque vendia ingressos ilegalmente, lucrando até 200 milhões por Mundial nas últimas quatro Copas que atuou.

O esquema incluía o envolvimento de Ray Whelan, o diretor da Match, empresa contratada pela Fifa para comercializar os ingressos da Copa. Um dos acionistas da empresa, inclusive, é sobrinho do presidente da entidade máxima do futebol, Joseph Blatter.

A polícia do Rio de Janeiro prender Whelan e outras 11 pessoas acusadas de estarem envolvidas na quadrilha. O delegado Fábio Barucke, chefe da operação, disse que o sistema de venda de ingressos da Fifa facilita o comércio ilegal, já que dois terços dos ingressos acabam distribuídos para parceiros comerciais e pacotes de hospitalidade, fazendo com que a entidade não tenha total controle sobre eles.

O Comitê Olímpico Rio 2016 será o responsável por determinar como será feita a venda de ingressos para a Olimpíada. A licitação para definir a empresa que tomará conta da comercialização de entradas ainda não saiu.

Nenhum comentário: