terça-feira, 5 de agosto de 2014

MST expulsa bombeiros de fazenda invadida em Planaltina, no DF


  04/08/2014 20h03


Grupo atirou paus e pedras contra viatura dos bombeiros, diz subtenente.


G1 procurou lideranças do MST, mas não teve resposta até o momento.



Do G1 DF



Viatura dos bombeiros com lanterna quebrada (Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)Viatura dos bombeiros com lanterna quebrada (Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)
Integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST) que ocupam a fazenda Três Pinheiros, em Planaltina, no Distrito Federal, expulsaram quatro homens do Corpo de Bombeiros que apagavam um incêndio em uma área da propriedade na tarde desta segunda-feira (4). O fogo já havia sido controlado.
O G1 procurou lideranças do MST para comentar o assunto, mas não conseguiu resposta. O coordenador do movimento, Edmar Tavares, afirmou que esteve fora o dia todo e que não pode falar sobre o fato. O celular de outro membro do grupo só deu caixa postal.

Segundo o subtenente Marcos Sabino, do 9º Grupamento de Bombeiro Militar, de Planaltina, os quatro servidores faziam o rescaldo após controlar o fogo que atingiu uma área de 31.100 m².

Ele diz que cerca de cem membros do MST arremessaram objetos contra a viatura da corporação. Uma lanterna ficou danificada.



“Fomos apagar um incêndio. Quando chegamos, vimos que era uma área de milho, com muita palha. Apagamos o fogo com a ajuda do pessoal da fazenda. Quando fazíamos o rescaldo, eles [membros do MST] vieram para cima da viatura, com paus e pedras”, diz Sabino.


Quando fazíamos o rescaldo, eles [membros do MST] vieram para cima da viatura, com paus e pedras"
Marcos Sabino, subtenente do Corpo de Bombeiros
Os bombeiros entraram na viatura e seguiram pela fazenda até outra entrada da propriedade, para evitar consequências, segundo o subtenente. Os homens da corporação registraram a ocorrência na 31ª DP, em Planaltina.


Sobre o incêndio, os bombeiros dizem que a possível causa foram fogos de artifício usados por membros do MST. “O pessoal da fazenda disse que foram eles, que estavam soltando fogos de artifício”, diz Sabino.

Invasão
Os integrantes do MST ocupam a fazenda Três Pinheiros, às margens da DF-110, desde a manhã do domingo (3). Antes, o grupo estava na fazenda Santa Isabel, também em Planaltina, de onde tiveram de sair após decisão judicial.


Segundo o movimento, a área invadida pertence à Terracap e é alvo de grilagem. um homem que não quis se identificar e nem mostrou documentos à reportagem da TV Globo afirmou que é dono da área há 20 anos e que a fazenda produz milho, soja e feijão.


Área da fazenda Três Pinheiros, em Planaltina, que foi invadida por integrantes do MST (Foto: Marcelo Camargo/ABr)Área da fazenda Três Pinheiros, em Planaltina, que foi invadida por integrantes do MST

As lideranças dizem que há 300 famílias na propriedade. Segundo a Polícia Militar, há 50 famílias no local, que fica na divisa com o município de Formosa, em Goiás.


Fazenda Santa Isabel
No último dia 26, cerca de cem trabalhadores ligados ao MST ocuparam a fazenda de café para denunciar suposta prática de trabalho escravo na região.



O terreno pertence a uma empresa agrícola. Por telefone, um dos diretores disse à reportagem da TV Globo que há 300 mil pés de café nos 58 hectares da fazenda. Ele negou a denúncia de trabalho escravo e disse que todos os funcionários têm registro na carteira de trabalho.


Na segunda-feira (28), a Justiça do DF determinou que o grupo deixasse a área. No despacho, o juiz afirmou que a propriedade é produtiva e autorizou uso da força policial para retirada dos manifestantes, em caso de necessidade.


Grupo ligado ao Movimento dos Sem-Terra que participa da invasão a uma fazenda no DF para denunciar trabalho escrevo (Foto: TV Globo/Reprodução)Grupo ligado ao Movimento dos Sem-Terra que participou da invasão na fazenda Santa Isabel, em Planaltina, para denunciar suposto trabalho escravo
O Ministério Público do Trabalho informou que no começo de julho fiscais do órgão encontraram 33 trabalhadores alojados em situação insalubre e sem equipamentos individuais de segurança. Entre eles, havia um garoto de 15 anos.

O MPT disse que fez nova fiscalização e que os trabalhadores voltaram para a cidade de Nova Floresta, na Paraíba, após receberam os direitos trabalhistas.

A empresa proprietária da fazenda Santa Isabel disse que atendeu todas as recomendações do Ministério Público do Trabalho.



PEC do Trabalho Escravo
A Proposta de Emenda à Constituição 438, conhecida como PEC do Trabalho Escravo, foi promulgada pelo Congresso Nacional no dia 5 de junho. Ela permite a expropriação de imóveis onde forem flagrados trabalhadores em situação análoga à escravidão.



A emenda constitucional ainda precisa ser regulamentada para definir o que será considerado trabalho escravo. Pelo texto, os proprietários dos imóveis desapropriados não terão direito à indenização e ainda estarão sujeitos às punições previstas no Código Penal.

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