domingo, 24 de agosto de 2014

Campanha de Marina discute ampliação do ‘controle social’ da atividade política. Isto derrubaria minha tese? Veremos…

Marina-Silva-Agência-Estado
Este blog decidiu estimular uma nova vertente de debate para as eleições deste ano ao discutir a opção por Marina como um plano B, caso Aécio não vá para o segundo turno. O foco da estratégia está na conquista de um objetivo: retardar tanto quanto possível a implementação de uma ditadura. Foram quatro posts em 3 dias. São eles
  1. Por que votar em Marina contra Dilma não é trocar seis por meia dúzia (21/8)
  2. A questão da preferência por Marina ao invés de Dilma e um dos posts menos lidos da história deste blog (21/8)
  3. A maior das ironias da batalha política de 2014: a mídia, vejam só, decidiu atirar no Godzilla para salvar os MUTO’s (23/08)
  4. Sobre a decisão de Minerva entre Marina ou Dilma e por que discordo de Lobão neste caso (23/08)
Eis que surgiu uma notícia no Estadão ontem, 23/08, que a princípio poderia complicar minha tese. É esta: Campanha de Marina discute ampliação do controle social da atividade política. Vamos a ela:
Com lançamento oficial previsto para sexta-feira, o programa de governo acertado entre a candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, e Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo, defende a ampliação dos canais de democracia direta, como plebiscitos e consultas populares, e o controle das atividades dos políticos por conselhos sociais.
Segundo o texto prévio do programa, que ainda pode sofrer alterações pela campanha, essas mudanças pretendem ser a resposta da candidatura às manifestações populares de junho do ano passado. “Elas revelaram ao mesmo tempo o distanciamento entre governos e população e o desejo de mudança na forma de administrar”, diz o documento.


As propostas sobre democracia direta estão explicitadas de forma mais detalhada no primeiro dos seis capítulos, os chamados eixos, em que o programa foi dividido. É o capítulo intitulado Estado e Democracia de Alta Intensidade. Em outras partes do texto, porém, podem ser encontradas referências à ideia.


No capítulo Cidadania e Identidades, aparece a proposta de “implantar uma Política Nacional de Participação Social e incluir movimentos em conselhos e instâncias de controle social do Estado”. É o mesmo que propunha a presidente Dilma Rousseff no decreto sobre Política Nacional de Participação Social, que, há três meses, provocou polêmica e reações no Congresso.

[...]  As ações de fortalecimento da democracia direta não objetivam o fim da democracia representativa, segundo o texto. Trata-se, afirma, de “revigorar a democracia representativa, aumentando a sua legitimidade”. Em outra passagem afirma que se trata de “melhorar a qualidade e a representatividade”.

[...] Repetindo o que já havia ocorrido em 2010, quando Marina concorreu à Presidência pelo PV, o programa valoriza de maneira notável o uso de novas tecnologias de informação, nas chamadas redes sociais. Elas teriam grande importância no novo processo democrático que, bem ao gosto da candidata, é chamado de “democracia colaborativa” e “democracia digital”. Segundo o programa, “é preciso fortalecer os movimentos sociais consolidados e incluir os novos movimentos que, por meio das mídias alternativas, potencializam formas inovadoras de mobilização”.

Uma das funções das redes seria contribuir para dar maior transparência às atividades do setor público. “Podemos radicalizar a transparência”, diz. Outra função seria o controle dos políticos. Marina propõe “mecanismos de controle social de políticos eleitos, em instâncias próprias, para o exercício de pressão, supervisão, intervenção, reclamo e responsabilização”. No trecho sobre ciência e tecnologia está escrito que a conexão das pessoas à internet deve ser um “serviço essencial”. Como a eletricidade e a água.

[...] Para o cientista político Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC, as propostas de democracia direta no programa são frágeis. “Vejo mais como estratégia de comunicação do que como proposta de reforma da estrutura política. As questões são pouco aprofundadas e tentam refletir sobretudo aquele sentimento antipartido que apareceu nas manifestações de junho”, diz. “A Marina vai tentar surfar um pouco nisso. A Rede já tentava se marcar como um partido que não era partido, defendendo candidaturas avulsas e mecanismos de participação direta, como referendos.”

Milton Lahuerta, coordenador do Laboratório de Política e Governo da Unesp, concorda que as manifestações refletiram antigo descontentamento com instituições políticas. Mas não acredita que as propostas de Marina sejam a resposta: “É preciso qualificar a democracia de alta intensidade. Ela se resume a plebiscitos e consultas populares? Isso tem um apelo retórico forte, mas pode nos criar mais problemas em relação a instituições políticas democráticas”.

Ao que parece, incluir a ideia de “conselhos populares” significaria uma cópia dos programas do PT, certo? Nem tanto, pois de acordo com o que se nota existem propostas de “democracia direta” e “democracia digital”, além do uso de mídias alternativas, que estão mais para as propostas no padrão sueco do que do modelo unicamente soviético dos bolivarianos. Veja que entendo o risco do PSB/Rede tratar esses conselhos populares da mesma forma como o PT trata, mas a proposta não parece igual.

Além de tudo, a forma como o PSB/Rede trata a questão me parece ingênua demais, com pouco grau de dissimulação. Eles colocam sua proposta de forma aberta justamente em um momento onde a maioria do Congresso tem denunciado a proposta do PT como um embuste totalitário? Para mim, isso é ingenuidade política, e não dissimulação.

Para quem quiser ver um exemplo de dissimulação, note o PT retirando o programa de censura de mídia do plano de governo:
BRASÍLIA – A presidente Dilma Rousseff vetou a “democratização da mídia” como tema de seu programa de governo. Embora o PT insista em discutir o assunto, que poderá entrar no site “O Brasil da Mudança”, lançado ontem pelo Instituto Lula, Dilma avalia que o debate pode ser mal interpretado na campanha.

Vinte e cinco grupos setoriais discutem agora novos temas, que devem ser ampliados na plataforma de Dilma em cadernos separados. Política industrial e comércio exterior, desburocratização, reforma urbana e desenvolvimento agrário fazem parte dessa lista, mas o controle da mídia não está lá.

[...] Ex-ministro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Franklin Martins foi o autor do projeto de regulação dos meios de comunicação, que acabou engavetado na gestão de Dilma.
O projeto sofreu duras críticas. Muitos viram nele uma forma de o governo tentar cercear o trabalho da imprensa, aumentando seu poder para influir no conteúdo dos veículos.

Quem julgar por “intenção declarada”, pode até se animar: “Oba, vou votar na Dilma!”. Mas como este blog sempre diz (até pelo ceticismo político) acreditar em intenção declarada significa soltar todos os criminosos que declararem “sou inocente”. De acordo com a dinâmica social, declaração só vale se for acompanhada de um comportamento congruente com a declaração, e no caso desta declaração ser uma meta, só vale também se for acompanhada de uma capacidade congruente com a meta.

A coisa precisa ser vista de forma diferente. Enquanto a proposta do PSB/Rede é mais abrangente e vaga, a proposta do PT é mais focada em uma coisa só: dar poder aos sovietes, que são um aparelho do governo. Se a proposta do PSB/Rede for arquitetada desta forma, é um problema. Mas ainda estamos no tradicional dilema entre o certo e o duvidoso.

Mas a forma “coração aberto” com a qual o partido apresentou sua proposta revela uma falta de dissimulação nos arquitetos de proposta de seu partido que significa uma “deficiência”: falta de psicopatas. O quê? Como alguém pode dizer que “falta de psicopatas” é uma “deficiência”? Calma lá…

O fato é que existe um projeto totalitário apresentado pelo PT, e que há um risco de ser apresentado um igual pelo PSB/Rede. Mas para um projeto desses avançar é preciso de uma elite de pessoas que tenham estrutura mental similar a dos mais frios psicopatas. É preciso de um talento especial para mentir e falsificar a realidade, além da capacidade de fazer os adversários “travarem” pelo uso de ardis psicológicos diversos.

Vamos rever o vídeo abaixo, indo direto aos 3:45:

E que tal a Gleisi Hoffman usando os mesmos frames cretinos:



Minha pergunta: a Marina tem uma tropa de elite psicopática capaz de fazer o que Gilberto Carvalho e a Gleisi Hoffman fizeram com tanto sangue frio?

No momento dos duelos, ela tem à sua mão 10 pessoas para “travarem” o debate com um único frame amparado por ardis psicológicos? Esse é o tipo de pergunta que deveríamos fazer. (Em tempo: para evitar chorume de ultra-esquerdistas: moral psicopática e elite psicopática não significa que as pessoas sejam psicopatas, apenas que atuem na falsificação da realidade e dissimulação de modo que seu comportamento seja idêntico ao de psicopatas)

A própria retirada do projeto de censura de mídia (ao passo que esta é uma das prioridades do partido) do programa do PT é um exemplo de dissimulação que a turma de Marina não tem, ou ao menos não demonstrou ter.

Vamos ser realistas: nenhum partido do Brasil tem uma tropa de elite psicopática com a mesma robustez que tem o PT. Este é um ativo fundamental para se conquistar uma ditadura.

Alguns dirão: “Ah, mas intenção parece que a Marina tem!”. Intenção qualquer um tem para qualquer coisa. Capacidade para se fazer aquilo intencionado são outros quinhentos. Se fosse assim, poderíamos pegar qualquer jovem de 30 anos com intenção de revolucionar o futebol e colocar para dirigir a seleção brasileira, pois se tem a mesma intenção que aquele com vários anos de experiência/capacidade/estrutura, então “é tudo a mesma coisa”. Esse é o erro de julgar apenas “por intenção”.

Em duas notícias, vimos Marina falar suas intenções de coração aberto e o PT esconder as suas a partir da dissimulação usada de forma estratégica. Será que dá comparar os dois? É por isso que eu falo que há uma diferença entre ser um mero membro do Foro de São Paulo e ser criador do mesmo. O PT é arquiteto das ideias totalitárias que hoje fazem sucesso na Argentina e na Venezuela.

Que a turma da Marina me desculpe: mas vão precisar comer muito feijão com arroz e ler muito Kevin Dutton para criar uma elite psicopática, que não é uma coisa que se faz da noite para o dia. Vão precisar dissimular muito mais, fazer psicopatas trocarem ideias e estratégias de frames entre eles e coisas do tipo. Aí sim em alguns anos eles talvez consigam uma estrutura para implementar um totalitarismo.

Exatamente por isso mesmo fica claro que minha argumentação segue sólida: não há partido no Brasil com a mesma estrutura/capacidade/condição/resultados/projeto em andamento/etc para conquistar o poder de forma totalitária em curto espaço de tempo do que o PT.

A notícia falando de “intenções” de Marina não ajuda nada na direção de provar que eles tem toda essa capacidade do PT, que, a meu ver, é o inimigo a ser batido.

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