domingo, 24 de agosto de 2014

Por que votar em Marina contra Dilma não é “trocar seis por meia dúzia”

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Tenho visto muitas críticas me dizendo que “votar em Marina é o mesmo que votar em Dilma”. A meu ver, essas críticas não se sustentam.

Os argumentos geralmente são amparados pela constatação de alguns fatos. Por exemplo, ela foi petista, além de ministra do governo Lula. Seu passado de liderança na CUT e alianças com o MST também são fatos. Mas isso ainda não coloca a candidatura de Marina e Dilma no mesmo pé de igualdade. Preciso, então, apresentar meu caso.

Na realidade, assim como fez o PT para ter governabilidade, o PSB (que é o partido “líder” da coligação, mesmo que Marina seja do Rede) precisará fazer o mesmo. Em uma projeção onde Dilma e Marina vão para o segundo turno, o PSDB irá apoiar o PSB, que está disposto a cumprir os compromissos feitos por Eduardo Campos. Até o DEM pode se juntar à coligação.

Alguns vão dizer que Marina “não quer nem saber de PSDB”, o que é uma verdade, mas o mesmo não pode ser dito sobre a intenção de vários líderes do PSB, que adorariam combinar a divisão de ministérios com partidos opositores do PT ansiando por fazer parte do governo. De mais a mais, os militantes do PT tratam o PMDB como mulher de malandro e este último continua apoiando-o. É assim que funciona a política profissional…

Há um aspecto positivo em todo esse emaranhado de alianças a serem fechadas. O PSB (mesmo junto com a Rede) é muito mais vulnerável aos seus aliados, tanto atuais como futuros, do que hoje é o PT. Isso significa um menor potencial de imposição de sua vontade sobre estes aliados.

Hoje em dia o PT luta para enfiar o Decreto 8243 goela abaixo de aliados como o PMDB. Isso é mais fácil por que o PT tem maior poder de pressão para fazê-lo, além de ter aparelhado todo o STF. O PSB não teria a mesma disposição. (Eu ainda aposto na derrubada deste decreto, mas isso seria muito mais fácil se a proposta partisse de um PSB da vida, por exemplo)

Evidentemente, lá no fundo da mente de Marina existe uma socialista retinta assim como existe em Dilma, mas os meios para a implementação do totalitarismo não estão tão disponíveis para a primeira como estão para a segunda.

Alguns me disseram que o PT pode se juntar à Marina, mas isso é improvável, pois se Marina e Dilma forem para o segundo turno eles vão ter que brigar. E na hora da briga, o PT, principalmente por sua base radical, além de aliados como PCdoB, PSOL e PSTU, partirá para baixarias inimagináveis, o que inviabilizará uma aliança com o PSB.

Lembremos que alianças devem ser combinadas antes da eleição, não depois. O PT então se encontrará em uma encruzilhada: se ele quiser ter chances de vencer a eleição, terá que se opor à Marina, principalmente no segundo turno, da única forma que consegue fazer, e da única forma que atende ao padrão comportamental de seus militantes: indo para a baixaria absoluta. Devemos concluir então que, mesmo com as similaridades ideológicas, Marina é de fato uma oposição ao PT, especialmente pela aliança inexorável que deverá ocorrer com o PSDB e o DEM.

Quais são os principais motivos para termos como prioridade número 1 a retirada do PT do poder?

Podemos colocar na lista os principais sub-projetos que o PT tem em andamento, todos eles baseados em implementação de uma ditadura. Também temos a conjuntura da baixa vulnerabilidade diante de aliados fisiológicos que o PT possui. Para piorar, os projetos totalitários do PT estão em fase avançada de execução. E tem mais: a maioria do STF é composta de juízes escolhidos pelo PT. O PT não é apenas um participante do Foro de São Paulo, mas seu organizador. E o projeto do PT para tomar o poder de forma totalitária é simplesmente muito bem arquitetado, embora imoral até dizer chega.

Ou melhor, mesmo que um candidato opositor seja socialista (o que, no fim das contas irá resultar nos mesmos efeitos, com o passar dos anos e se existir o mesmo projeto de poder com as mesmas condições), isso não implica que ele terá as mesmas condições, o mesmo projeto, a mesma habilidade, e o  mesmo grau de invulnerabilidade que hoje estão associados ao PT.

Quando se diz que optar por X em detrimento de Dilma é “trocar seis por meia dúzia” (e esse tipo de argumentação também foi feita por muitos direitistas quando este blogueiro que vos escreve decidiu apoiar Aécio), há um erro de avaliação, que é julgar as pessoas por sua ideologia, mas não por um agregado de fatores que inclui ideologia, vulnerabilidade, poder de comando, projeto, status atual do projeto, alianças, habilidade, etc.

No mundo corporativo, aprendemos a jamais julgar as pessoas apenas por seus ideais. Eles são apenas uma pequena parte dos julgamentos que fazemos sobre qualquer pessoa, área ou departamento, independentemente dos cargos. Não avaliamos grupos/áreas/departamentos por suas crenças e ideais, mas pela conjunção desses ideais com resultados, habilidades, alianças, timing e coisas do tipo.

Quando se fala “trocar seis por meia dúzia” sem avaliar todos esses fatores, geralmente materializamos o pior de todos os riscos: dar poder absoluto à pior opção, que será beneficiada por nossa atitude focada em tirar todos os impeditivos de seu caminho.

Deveria existir uma prioridade zero para quem é de direita, centro e até de esquerda moderada: tirar o PT do poder e reduzir o aparelhamento estatal construído pelo partido, assim como interromper os projetos totalitários de controle da mídia e uso de sovietes. Isso significa relegar o PT, assim como seus associados PSOL, PCdoB e PSTU à uma grande lata de lixo onde ficam os dejetos políticos.

Devíamos até mesmo estar prontos para agir contra um futuro governo do PSB/Rede com aliados como PSDB e DEM que tente ir para o mesmo caminho que o PT. Mas isso é algo que veremos depois. Há algo urgente a resolver, que é impedir o PT de implementar a ditadura no Brasil. E eles estão avançados neste sentido. Outras pessoas de partidos menores que não façam parte da aliança deles não estão nos fornecendo o mesmo perigo real.

Eu votarei em Aécio Neves no primeiro turno, e, a se confirmarem as pesquisas de opinião, votarei em Marina no segundo.

Em uma avaliação, resta ainda uma pergunta incômoda: “mas e se você, Luciano, estiver errado em relação à análise do potencial totalitário e os projetos de Marina, e ela fizer exatamente o mesmo que o PT”. Claro que este é um risco, mas neste caso optamos pelo duvidoso ao invés do certo.

Qualquer opção que não seja o PT hoje é uma tomada de decisão contra um projeto que todos nós sabemos ser totalitário. E por que sabemos isso? Por que foi o próprio PT que comandou batalhões pedindo projetos de censura de mídia. Por que foi o próprio PT que lançou um decreto soviético. Ou seja, o PT é a certeza de um projeto totalitário. Com exceção de PSOL, PSTU e PCdoB, que estão fechados com o PT, nenhuma opção é pior do que o PT.

Equiparar, em termos de risco, qualquer opositor de Dilma à ela termina sendo o mesmo que equiparar um revólver de seis tiros com uma bala no tambor com outro completamente carregado, dizendo que, durante uma roleta russa, trocar o revólver inteiramente carregado por aquele com uma bala no tambor significa “trocar seis por meia dúzia”.

Melhor fazer roleta russa com um revolver com apenas uma bala no tambor do que com um totalmente carregado.

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