As incertezas ganham reforço nas redes sociais, agora perpetuadoras de boatos
eric.zambon@jornaldebrasilia.com.br
Os assassinatos em série de mulheres em Goiânia, protagonizados por um ou mais motociclistas armados, ganhou mais complexidade e a polícia admite a existência de outras vítimas.
Na última quarta-feira, a polícia de Goiás afirmou que trabalha com 18 casos – e não apenas 12. São mais quatro mortes, entre eles um homem, e duas tentativas de homicídio.
Outrora considerada remota, as autoridades não descartam a possibilidade de haver pelo menos um serial killer atuando na cidade.
As incertezas ganharam reforço nas redes sociais, agora perpetuadoras de boatos. Ontem, muitos usuários do Whatsapp receberam dicas para se proteger do suposto assassino, pois ele poderia vir para Brasília.
Modus Operandi
A Divisão de Comunicação (Divicom) da Polícia Civil do DF afirmou que não tem conhecimento de ocorrências parecidas na capital e que novos questionamentos devem ser direcionados à policia goiana. Esta, por sua vez, preferiu não comentar o assunto e anunciou coletiva de imprensa para hoje.
As vítimas foram atacadas por um ou mais de um motociclista e alvejadas em locais públicos de Goiânia de janeiro para cá, se diferenciando dos demais homicídios de mulheres ocorridos do período por conta dessa característica. Outro detalhe diz respeito à idade das vítimas, variando entre 13 e 29 anos. Além disso, a maioria das mulheres era morena de cabelos longos - e nada foi levado delas. Entre os moradores, o medo da ação estar partindo de um serial killer mudou hábitos.
A Polícia Civil de Goiás formou uma força-tarefa com mais de 30 integrantes, entre delegados, agentes e escrivães, para tentar elucidar os crimes. Ontem, a TV Anhanguera divulgou uma entrevista com uma vítima que sobreviveu a um ataque de um motociclista e quase ficou tetraplégica.
Depois das mortes, o governo estadual decidiu prestar apoio psicológico às famílias das vítimas. Uma equipe formada por psicóloga, advogado e assistente social começou a visitar parentes das mulheres na última terça-feira.
"Detalhes" no Whatsapp
Muitos usuários do Whatsapp em Brasília receberam mensagem a respeito da suposta vinda do serial killer para o Distrito Federal. A mensagem cita também um assassinato em Anápolis, não confirmado pela Polícia. O recado compartilhado por muitos brasilienses chega ao ponto de dar o modelo da moto preta usada nos crimes (Yamaha YBR) e até o final da placa (6144).
Especialistas comentam açãoO anúncio da criação de uma força-tarefa pela Polícia Civil de Goiás para liderar as investigações sobre os assassinatos em série gerou opiniões divergentes entre especialistas consultados pelo Jornal de Brasília.
O ex-delegado e também ex-diretor da Polícia Civil do DF, Laerte Bessa, acredita que as autoridades exporem suas ações é algo prejudicial. "A divulgação é a pior coisa, pois a investigação fica fragilizada. Isso atrapalha o trabalho da polícia", acredita.
Para ele, o ideal era o sigilo absoluto sobre o caso, pois, neste caso, o criminoso (ou criminosos, ainda não se sabe) estava se tornando "alvo fácil".
"Agora ele sabe que a polícia vai estar no encalço e, por isso, ou vai mudar o modus operandi, ou parar o crime. Se ele parasse para sempre, tudo bem, mas é um psicopata que pode voltar a cometer os atos quando a poeira baixar", opina.
A especialista em criminologia Ilana Casoy, também autora de livros sobre o assunto, discorda. "A ação foi acertada. A população já está assustada, então não tem como esconder a ação do Estado. É preciso dar resposta", diz.
"O criminoso já está afugentado, então é essencial que o assassino saiba que a polícia é boa. Agora, cabe à força-tarefa decidir como conversar com ele por meio da mídia", completa.
Boca pequena
Os boatos gerados pela grandeza do caso também podem prejudicar o andamento da descoberta de evidências. "Nessa hora o palpite atrapalha. Só quem sabe o que está acontecendo é quem está por dentro das investigações. Isso gera medo, pois cada um fala uma coisa", aponta Ilana. "
O superintendente da Polícia Judiciária da Polícia Civil de Goiás, Deusny Aparecido, também condenou as mensagens compartilhadas inadvertidamente pelas redes sociais, em depoimento ao jornal O Popular. Ele pediu "responsabilidade" à população e afirmou que dicas falsas podem gerar desperdício de efetivo.
O ex-delgado Laerte Bessa criticou igualmente os boatos, especialmente devido ao pânico que pode ser gerado, mas não acredita na vinda do assassino (ou assassinos) a Brasília. "Ele tem as mesmas vítimas que teria aqui. Não tem nem motivo", sentencia. (E.Z.)
Outros casos
Maníaco de Luziânia: Adimar Jesus da Silva, de 40 anos, foi preso em abril de 2010 após ter confessado o estupro e assassinato de sete jovens da cidade da Região Metropolitana do Distrito Federal. Segundo a polícia, ele teria se enforcado na própria cela em agosto do mesmo ano, utilizando uma tira do colchão em que dormia.
Maníaco do Parque: Francisco de Assis Pereira, 31 anos, teria estuprado e estrangulado nove mulheres em um parque entre São Paulo e Diadema, em 1998. Cinco vítimas teriam escapado, mas sofrido ferimentos como mordidas e arranhões.
Ele foi condenado a 274 anos de prisão, somadas as penas. O caso teve muita repercussão.
Maníaco da Bicicleta: Laerte Patrocínio Orpinelli foi preso em 2000, aos 47 anos, após ter sido acusado de raptar, abusar sexualmente e matar pelo menos 11 crianças no interior de São Paulo, durante os anos 90. Morreu em janeiro de 2013, na prisão, após cumprir 13 anos de sua sentença de cem.
Pedrinho Matador: Pedro Rodrigues Filho estaria relacionado a mais de cem mortes desde a década de 70. Ele teria como alvos outros criminosos, tendo inclusive prometido acabar com o Maníaco do Parque certa ocasião. Foi preso pela primeira vez em 1973 e colecionou passagens pela cadeia até ser capturado pela última vez, em Balneário Camboriú, em 2011.
Investigação pode demorar
A prevenção desse tipo de crime também é complexa. A polícia de Goiás não descarta que as investigações durem até seis meses, o que, em teoria, deixaria a população ainda "acessível" aos possíveis assassinos. "Nesse momento, não sabemos nem mesmo se os crimes são de uma única autoria", diz Ilana Casoy.
"A prevenção hoje é a mesma que se usa para todo tipo de crime. Medidas básicas de segurança de todos nós, como evitar andar sozinho à noite é fundamental", completa a especialista.
Laerte Bessa, por sua vez, acredita que a ostensividade da polícia poderia contribuir para a captura do autor ou atores mais rapidamente.
"Primeiro, deve-se mapear as áreas onde ocorrem os eventos e fazer vigilância. Um trabalho de abordagem a motoqueiros, principalmente aqueles com veículos semelhantes aos filmados, é o ideal", sugere.
"A partir do momento que você pega um motoqueiro armado, ele se torna suspeito", garante. A Polícia de Goiás informou a adição de 47 agentes às investigações, além da força-tarefa.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília com agências
1 Comentário
DANIEL DEUSDEDIT DO CARMO
Não
existe serial killer nenhum. O que a polícia esconde é a represália dos
presidiários contra uma série de medidas de repressão aos presos e aos
familiares, quando acontece o período de visitas. Ex presidiários e
familiares são obrigados a matar inocentes para proteção sua e de sua
família.
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