Candidata do PSB participou de sabatina do jornal 'O Globo', no Rio.
Ela também comentou denúncias contra Eduardo Campos.
A
candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, durante
sabatina promovida pelo jornal O Globo, realizada no Museu de Arte do
Rio (MAR), no centro do Rio de Janeiro
A candidata deu a declaração enquanto avaliava o atual momento dos partidos no país. Para ela, "os partidos perderam o vínculo com a sociedade".
"Não consigo imaginar que as pessoas possam confiar em um partido que coloca por 12 anos um diretor para assaltar os cofres das Petrobras. É isso que estão reivindicando? Que os partidos continuem fazendo do mesmo jeito? Eu espero que as pessoas virtuosas possam renovar seu partidos, para que ele voltem a se interessar pelo que são as demandas das pessoas", afirmou a candidata.
Marina disse ainda que o país vive "um profundo atraso em vários aspectos da política" . Ela afirmou que espera que o Congresso Nacional seja renovado nestas eleições e que os parlamentares que cuidam apenas de seus próprios interesses sejam "aposentados".
"Eu espero que o Congresso seja renovado. Que a gente aposente de vez aqueles que vão para lá para cuidar dos seus próprios interesses. Essas eleições não serão ganhas pelas estruturas, vão ser ganhas por uma nova postura da sociedade", disse.
Denúncias contra Eduardo Campos
Durante a sabatina, Marina teve de responder sobre as denúncias de que empresas fantasmas pagaram a companhia dona do avião em que morreu, no dia 13 de agosto, o então candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos. Ela também comentou sobre o nome de Campos ter sido supostamente citado no depoimento do ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa à Polícia Federal como um dos políticos beneficiados por pagamentos de propinas oriundas de contratos com fornecedores da estatal.
A candidata afirmou querer a verdade "doa a quem doer". Ela também disse que, em um primeiro momento, não está "condenando" e nem dizendo que as denúncias contra Campos não devam ser investigadas.
"Seja o que for, doa a quem doer, nós queremos a verdade. Agora, a verdade das investigações. O que não queremos é que antecipadamente ele seja julgado e morto duas vezes. Não por uma fatalidade, mas por qualquer forma de leviandade. Eu não estou, a priori, nem condenando, e muito menos dizendo que não deva ser investigado. Devemos ter uma postura de compromisso com a verdade [...] Nós não temos como esclarecer aquilo que era responsabilidade dos empresários. O Eduardo buscou um serviço, e esse serviço foi prestado", comentou Marina Silva.
A ex-senadora também criticou o que ela chamou de "movimento" para "impor uma segunda morte" a Eduardo Campos. Segundo Marina, muitas pessoas que estavam combatendo Campos em vida estavamo no velório "chorando e comovidos".
"Agora eu vejo um outro movimento, os mesmo que choraram, agora riem entre os dentes tentando impor uma segunda morte", completou.
Pré-sal
A candidata também respondeu a uma crítica que tem sido feita pela campanha da presidente Dilma Rousseff, segundo a qual Marina não vai investir na exploração do petróleo do pré-sal. Na sabatina, Marina afirmou que "a distorção e o boato" tem sido características fortes da campanha. Disse ainda que, em seu eventual governo, os recursos do pré-sal vão para a educação e para a saúde, e não para a corrupção, numa crítica ao atual governo.
"Nós vamos explorar os recursos do pré-sal. Vamos utilizar o dinheiro destinado à suade e à educação para investir de fato em saúde e educação, e não em corrupção, como a sociedade brasileira tem medo", afirmou a candidata.
Ela também criticou a atual gestão da Petrobras, que segundo a candidata aumentou a dívida e reduziu o valor de mercado da empresa. Para Marina, foi criada uma "cortina de fumaça" para desviar o debate sobre os problemas na estatal.
"É preciso entender que o que está ameaçando o pré-sal é o que está sendo feito pela Petrobras. Uma empresa que hoje vale metade do que valia quando Dilma assumiu e que está quatro vezes mais endivida em relação à dívida que tinha. É isso que está ameaçando o pré-sal", acusou.
Estado laico
Marina respondeu também a perguntas sobre sua posição a respeito de religião. Ela disse que é evangélica desde 1997 e que entende que um presidente da República "comprometido com o Estado laico" não precisa negar sua fé. Ela ainda afirmou que as perguntas sobre sua religião ocorrem porque ela é evangélica e que candidatos católicos não são questionados sobre fé.
"Eu não imagino que um presidente da República que é comprometido com um Estado laico tenha que negar a sua fé. Estado laico é para defender o direito de todas as pessoas. Verifiquem onde eu usei meu espaço público como senadora para promover qualquer coisa contrária ao Estado laico", afirmou.
"Eu não vejo as pessoas católicas sendo perguntadas sobre o estado laico. Eu não faço perguntas aos meus adversários do ponto de vista religioso. Eu não as faço porque isso não é honesto. O Estado nem é para impor a vontade da maioria à minoria e nem para impor a vontada de minoria à maioria. O Estado tem que aprender a respeitar os direitos", concluiu.
'Marolinha' x 'Tsunami'
A candidata comentou sobre a crise financeira mundial e ironizou o termo "marolinha", usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para explicar o efeito que a crise teria no Brasil. Marina afirmou que agora o país está sendo engolido pela "tsunami".
"No momento em que os Estados Unidos, que foi o país em que a crise se iniciou, está se recuperando num crescimento, me parece, de 4%, o Brasil, que dizia que era apenas uma marolinha, agora está sendo engolido pelo tsunami. Porque não foi capaz de ter a humildade de reconhecer a gravidade do problema", afirmou a candidata.
'Vergonha alheia'
Logo no início da entrevista, a ex-senadora criticou diretamente o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, dizendo que ele dá "vergonha alheia quando começa a falar sobre energia". A afirmação foi dada quando Marina Silva foi questionada sobre o discurso que tem sido adotado por ela de "governar com os melhores".
O G1 procurou a assessoria da pasta e não obteve resposta até a última atualização da reportagem.
"Quando eu digo que quero governar com os melhores, sou interpelada como se estivesse dizendo uma aberração. Eu parto do princípio de que qualquer pessoa que quer assumir a função mais elevada de um país deve estar comprometida a governar com os melhores. Fazer essa escolha de governar com os melhores é também uma forma nova de encarar a política [...] No caso do Brasil, você tem um ministro de Minas e Eenergia que não entende de energia. Você tem um ministro que é vergonha alheia quando começa a falar sobre energia", afirmou.
Reeleição
A candidata voltou a dizer, assim como tem feito em seus atos de campanha, que é contra a reeleição e que, caso seja eleita, se compromete a governar por apenas um mandato de quatro anos. Ela chegou a dizer que ser candidata é um "direito individual" e que o partido não pode obrigá-la a ser candidata novamente.
"Quatro anos [de governo] para mim e cinco anos para o próximo, porque não pode mudar a regra do jogo durante o jogo. O ato de sair candidata é um direito individual. O partido não pode me obrigar a ser candidata. Esse é o meu compromisso", disse Marina.
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