quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Militares da ditadura fazem pacto de silêncio na Comissão da Verdade

FOLHA

Por Painel
09/09/14 02:00 
 
Silêncio fardado Militares acusados de cometer crimes na ditadura fecharam pacto para se manter calados nos depoimentos à Comissão da Verdade. A tática deve ser reprisada hoje pelo general José Antonio Nogueira Belham, que chefiava o DOI-Codi do Rio quando o ex-deputado Rubens Paiva foi morto sob tortura. O advogado Rodrigo Roca, que também defende oficiais ligados à Guerrilha do Araguaia e ao atentado do Riocentro, diz que a fase de colaborar acabou: “A orientação agora é silêncio total”.

Cadeia de comando O coordenador da Comissão da Verdade, Pedro Dallari, diz que o exemplo para o silêncio vem de cima. “O fato de as Forças Armadas se negarem a reconhecer as práticas de tortura e morte estimula os oficiais a não cooperar”.

Deixa pra lá A comissão preferiu não acionar a PF contra José Conegundes do Nascimento, que faltou à audiência de ontem. Há dúvidas sobre a sanidade do militar, que enviou resposta agressiva, com frases como “Se virem”.

No escuro Aliados de Dilma Rousseff (PT) dizem estar preparados para “semanas de tensão” com novos vazamentos da delação de Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras preso no Paraná. Os petistas ainda desconhecem o teor dos depoimentos e temem a divulgação de detalhes a conta-gotas.

Homem-bomba Os governistas planejam uma “explosão controlada” na CPI da Petrobras. Para passar a impressão de que pretendem investigar o caso, estudam até antecipar o depoimento de Costa. Mas todos torcem para que ele permaneça calado.

Dá a chupeta Petistas comemoraram a declaração do economista Eduardo Giannetti, conselheiro de Marina Silva (PSB), de que a indústria precisa de um “desmame” dos incentivos do governo. Dilma usará a fala para dizer a empresários que a ex-senadora ameaça a produção.

Frente a frente A TV Globo fechou acordo com os sete presidenciáveis que participarão do debate no dia 2. Serão quatro blocos de perguntas, metade com tema livre. Apesar da pressão dos nanicos, o mesmo candidato poderá ser questionado duas vezes por rodada, o que dará mais espaço aos três favoritos.

Não é fermento O PSB avalia que o partido crescerá pouco com Marina. A sigla prevê eleger os mesmos 35 deputados e no máximo três governadores, metade dos seis vitoriosos em 2010.

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Sem álcool O PT de Dilma recebeu R$ 2 milhões em doações de empresas sucroalcooleiras em 29 de agosto, um dia depois de Marina atacar a política do governo para o etanol e prometer apoio aos produtores. Antes da fala da ex-senadora, o setor deu R$ 1,75 milhão ao PSB.

Troco Do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sobre a declaração de Paulo Maluf (PP-SP) de que gostaria de ouvir uma conversa dele com Marina Silva: “Um bom tema para se tratar na mesa é como cumprir a ordem internacional de captura do Maluf”.

Amigos, amigos Três sócios da consultoria Copem doaram R$ 10 mil cada à campanha do governador Geraldo Alckmin (PSDB). A empresa presta serviço à CPTM, a estatal dos trens paulistas.

Negócios à parte? O empresário Osmar Ribeiro do Valle diz que ele e os sócios resolveram doar como pessoa física por “decisão pessoal”. Neste ano, a Copem recebeu R$ 4,3 milhões da CPTM.

Visita à Folha O vice-presidente Michel Temer visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Marcio de Freitas, assessor de imprensa.

TIROTEIO
“A segunda versão do mensalão lembra tanto a primeira que até a desculpa de Lula foi reciclada por Dilma: ‘Não sei de nada’.”
DO DEPUTADO ANTÔNIO IMBASSAHY (PSDB-BA), líder na Câmara, sobre a negativa de Dilma Rousseff de que soubesse de “malfeitos” na Petrobras.

CONTRAPONTO
Amarração constitucional
Na última sexta-feira, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Dias Toffoli, foi o responsável pela aula de encerramento de um curso da Escola Judiciária Paulista.
Com a ressalva de que falava como professor, disparou contra partidos políticos e até contra o Supremo Tribunal Federal, de onde é ministro.
Em meio a citações, recorreu a um colega da corte para criticar o detalhamento da Constituição Federal:
—Como costuma dizer o ministro Luís Roberto Barroso: a Constituição só não arruma a mulher amada em três dias. O resto, ela arruma tudo!

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