Uso da máquina
Governo Dilma adota ‘Lei Ricúpero’ para esconder indicadores negativos
Publicado: 23 de outubro de 2014 às 17:22 - Atualizado às 23:45
O governo Dilma Rousseff adia a divulgação de dados negativos que poderiam prejudicar sua campanha pela reeleição: informações atualizadas sobre o desempenho dos alunos brasileiros em português e matemática,
além de dados sobre a arrecadação de tributos, serão anunciados somente
após o fim da campanha, segundo notificou o jornal Folha de S. Paulo.É o império da “Lei Ricúpero”, alusão à declaração do então ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, Rubens Ricúpero, em 1994, segundo a qual “o que é bom a gente fatura e o que é ruim a gente esconde”.
Números sobre desmatamento e um novo estudo sobre o contingente de pobres e miseráveis no Brasil também foram “segurados” pelo governo federal. Avaliações independentes ou mesmo informações oficiais já publicadas indicariam piora nessas áreas. Órgãos responsáveis pela divulgação dos dados alegam “questões técnicas, administrativas ou legais” para justificar o atraso.
No caso da educação, os resultados de um exame nacional, aplicado a cada dois anos a mais de 7 milhões de anos, tradicionalmente seriam mostrados até agosto, o que não ocorreu. Em setembro, o Ministério da Educação divulgou apenas o indicador que toma como base a prova de 2013 e a taxa de aprovação de alunos (Ideb), mas sem mostrar o resultado em cada disciplina. A arrecadação de tributos, normalmente divulgada até o dia 25 de cada mês, também será atrasada para não influenciar na eleição.
Em relação ao desmatamento, cujos dados são tradicionalmente divulgados mês a mês, haverá ainda mais atraso. Os indicadores referentes a agosto e setembro serão publicados apenas em novembro. Segundo a ONG Imazon, ouvida pela Folha, o índice teria subido 191% na comparação bimestral entre 2013 e 2014.
Em resposta, o Ministério da Educação afirmou que “trabalha” para tornar os dados dos exames “mais completos”, e que por isso a divulgação ainda não ocorreu. O Inep, responsável pelas provas, negou que o atraso tenha cunho eleitoral. A Receita Federal informou que o adiamento teria sido provocado por uma “reunião de planejamento dos secretários”. O Ipea contou uma lorota: que a lei eleitoral impederia a publicação de estudos como o de análise da miséria próximo à data da votação.
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