O presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente Andreu Guillo,
se referiu ao uso da segunda cota do volume morto (água que fica no
fundo das represas) do sistema Cantareira como a "pré-tragédia". Ele
participou na manhã desta terça-feira (21) de um debate na Alesp
(Assembleia Legislativa de São Paulo) sobre a crise da falta de água no Estado.
Reportagem publicada nesta terça-feira em "O Estado de São Paulo" mostra que a Sabesp já retirou 3,2 bilhões de litros da segunda cota do volume morto na Represa Atibainha, em Nazaré Paulista, um dos reservatórios do sistema. O uso dessa segunda reserva profunda de água, que fica abaixo do nível das comportas, ainda não foi formalmente autorizado. A Sabesp nega descumprir a regra.
"[A Sabesp] quer retirar o segundo volume morto, que é a pré-tragédia. Mas não há alternativa para São Paulo que não seja chover ou tirar água do volume morto do Cantareira", afirmou.
O presidente da ANA explicou que, em números redondos, o Cantareira tem capacidade de armazenar um trilhão de litros de água. Abaixo do nível de captação, havia cerca de 500 bilhões de litros. "Uma parte já foi tirada, de 182 bilhões, e agora o governo deseja tirar mais 106 bilhões de água. Em tese, vão sobrar 200 bilhões, uma terceira parte do volume morto", detalhou.
"Esse volume três pode ser tirado, mas é o ralo do reservatório, o lodo. Se a crise se acentuar, não haveria alternativa do que usar o lodo e aí sim haveria problema", disse.
Reportagem publicada nesta terça-feira em "O Estado de São Paulo" mostra que a Sabesp já retirou 3,2 bilhões de litros da segunda cota do volume morto na Represa Atibainha, em Nazaré Paulista, um dos reservatórios do sistema. O uso dessa segunda reserva profunda de água, que fica abaixo do nível das comportas, ainda não foi formalmente autorizado. A Sabesp nega descumprir a regra.
"[A Sabesp] quer retirar o segundo volume morto, que é a pré-tragédia. Mas não há alternativa para São Paulo que não seja chover ou tirar água do volume morto do Cantareira", afirmou.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse na manhã de hoje que o abastecimento de água está garantido.
"Nós já passamos o período da seca, já entramos na primavera, nem
entramos na segunda reserva técnica e temos uma terceira reserva
técnica", afirmou em entrevista à rádio Jovem Pan.
Na última sexta-feira (17), a ANA concordou com a proposta da Sabesp
(Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) de retirar uma
segunda parte da reserva técnica do sistema, com 106 bilhões de litros
de água. A companhia precisa ainda do aval do DAEE (Departamento de
Águas e Energia Elétrica) para começar a usar essa água.
A primeira cota do volume morto começou a ser captada pela Sabesp em
maio deste ano, quando o Cantareira estava em 8,2%. Com a reserva, o
nível de água disponível aumentou para 26,7%. Hoje, o sistema, que
abastece um terço da população da Grande São Paulo (6,5 milhões de
pessoas), está em 3,3% de sua capacidade de armazenamento. Esse
percentual é o que resta da primeira parte do volume morto.
O debate na Alesp foi mediado e organizado pelo deputado estadual
Adriano Diogo (PT), que é da bancada de oposição ao governo de Geraldo
Alckmin (PSDB). Nenhum membro da bancada governista fez parte da mesa. A
ANA é uma autarquia federal reguladora dos recursos hídricos. Seu
presidente foi indicado pela presidente Dilma Rousseff. A reportagem do UOL procurou a Sabesp, mas não teve resposta até o momento.
Em nota oficial, o secretário-chefe da Casa Civil de Alckmin, Saulo de
Castro Abreu Filho, disse que a declaração de Guillo é "lamentável" por
"tentar tirar proveito político de uma crise".
"É lamentável
que o presidente de um órgão federal, financiado com o dinheiro do
contribuinte, venha disseminar pânico em São Paulo. E pior: em horário
de trabalho, participando de um evento patrocinado por um partido em
plena campanha eleitoral. Em vez de solidarizar-se com o esforço do povo
de São Paulo, o dirigente da agência tenta tirar proveito político de
uma crise que se enfrenta com critérios técnicos e a união de todos. São
Paulo enfrenta com união, planejamento e obras a maior seca já
registrada na região Sudeste do país."Terceiro volume morto
Assim como Alckmin, Andreu Guillo citou que o Cantareira tem uma terceira cota do volume morto, que pode ser captada. Mas, segundo ele, isso seria "tecnicamente complicado".O presidente da ANA explicou que, em números redondos, o Cantareira tem capacidade de armazenar um trilhão de litros de água. Abaixo do nível de captação, havia cerca de 500 bilhões de litros. "Uma parte já foi tirada, de 182 bilhões, e agora o governo deseja tirar mais 106 bilhões de água. Em tese, vão sobrar 200 bilhões, uma terceira parte do volume morto", detalhou.
"Esse volume três pode ser tirado, mas é o ralo do reservatório, o lodo. Se a crise se acentuar, não haveria alternativa do que usar o lodo e aí sim haveria problema", disse.
Crise da água no debate presidencial
A crise de abastecimento de água que afeta São Paulo virou motivo para
troca de acusações entre presidenciáveis no segundo turno da campanha.
Na semana passada, a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), alfinetou o rival Aécio Neves (PSDB), levando a questão para o debate na TV. Ela também passou a explorar o tema em seu programa eleitoral.
Ontem (20), Aécio sugeriu que o governo federal também tem culpa em relação à crise. Ele afirmou que faltou parceria do governo federal com o governo paulista. No mesmo dia, Dilma disse que seu governo atendeu a todos os pedidos de Alckmin.
21.out.2014
- Imagem aérea mostra carcaças de veículos na represa Atibainha, em
Nazaré Paulista (90 km de São Paulo), um dos reservatórios do sistema
Cantareira. A falta de chuvas agrava ainda mais a situação do
reservatório, que bateu novo recorde negativo nesta terça-feira (21),
operando com apenas 3,3% de sua capacidade Leia mais Moacyr Lopes Junior/Folhapress
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