sábado, 15 de novembro de 2014

Com crise hídrica, indústrias querem usar poços em vez de água de rios



Diante da crise hídrica, indústrias da região de Campinas se uniram para pedir ao Daee (departamento de águas do Estado) autorização para substituir a captação de água em rios por poços artesianos.


A solicitação foi encabeçada pelo Ciesp Campinas, que reúne 557 empresas com faturamento anual de R$ 26,8 bilhões, e ocorre no momento em que as agências estadual e federal discutem com companhias de saneamento, indústrias e agricultores da região restringir em até 30% a captação de água nos rios.


"É um pleito justo, que não causa prejuízo a nenhuma cidade ou captador de água", diz José Nunes Filho, diretor titular do Ciesp Campinas.


As maiores beneficiadas seriam as indústrias do polo petroquímico de Paulínia.
Uma delas é a Replan, maior refinaria da Petrobras no país, que pode captar 0,67 metro cúbico por segundo (m³/s) de água do rio Jaguari.


Isso equivale a quase o consumo total de Jaguariúna, cidade de 51 mil habitantes que usa 0,8 m³/s do rio para servir a população.



"A Refinaria de Paulínia vê a medida como uma boa alternativa para a atual crise de escassez de água na região", disse a Petrobras, em nota.


A medida beneficiaria também a MSD, farmacêutica instalada em Campinas que, há três semanas, interrompeu sua captação no Atibaia em razão da estiagem.
"As empresas já estão adequando a produção devido à baixa vazão dos rios", diz André Henrique Alves, dirigente Sindicato dos Químicos Unificados. "Os trabalhadores não podem pagar pela crise hídrica nem pela falta de planejamento do Estado."


Ao deixar de retirar a água dos rios, as indústrias também beneficiariam indiretamente agricultores e empresas de saneamento.


Procurado, o Daee disse que analisará as propostas.
Enquanto o uso industrial responde por 14,4% da demanda de água na bacia dos rios PCJ (Piracicaba, Capivari e Jaguari), o urbano abarca 23,5% e o rural, 3,4%.


Apesar do custo para perfurar um poço artesiano (no mínimo R$ 20 mil), do risco de não haver água ou de que ela não tenha qualidade ou vazão suficiente, Nunes Filho, do Ciesp, diz acreditar que "uma empresa está disposta a correr riscos para não parar a produção".


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