sábado, 15 de novembro de 2014

Petrobras incorpora 'marca perversa' de corrupção a sua história, diz Aécio


14/11/2014 12h48 - Atualizado em 14/11/2014 21h50


Para o senador, denúncias de irregularidade na estatal são 'gravíssimas'.
Nesta sexta, Polícia Federal deflagrou nova fase da Operação Lava Jato.

Tatiana Santiago Do G1 São Paulo
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), que disputou as últimas eleições presidenciais, afirmou nesta sexta-feira (14) que a Petrobras "vai trazendo para si uma marca perversa" em razão das "gravíssimas" denúncias de corrupção e das ações do atual governo na estatal. Ele participou de encontro com lideranças do partido em São Paulo.



Nesta sexta, a Polícia Federal deflagrou a sétima fase da Operação Lava Jato, cumprindo mandados de prisão e busca e apreensão no Paraná, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, em Pernambuco e no Distrito Federal. Entre os presos, está o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. que foi indicado pelo PT para o cargo de alto escalão.


“Infelizmente a nossa maior empresa, a Petrobras, que adia a publicação do seu balanço em razão das gravíssimas denúncias de corrupção vai trazendo para si uma marca perversa em razão das ações desse governo. A Petrobrás, investigada inclusive não apenas no Brasil, mas agora fora do Brasil, incorpora à sua belíssima história uma marca perversa da corrupção”, disse o senador.


A Petrobras informou na noite desta quinta (13) que não irá apresentar as demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014 com o relatório de revisão dos seus auditores externos, PricewaterhouseCoopers (PwC) no prazo previsto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).


Em comunicado enviado à CVM, a estatal afirmou que "a companhia não está pronta para divulgar as demonstrações contábeis referentes ao terceiro trimestre de 2014 nesta data".



A expectativa era que os resultados fossem divulgados pela companhia nesta sexta. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobras está sujeita a multa de 500 reais por dia por atrasar a entrega do balanço.



Ele afirmou ainda que já orientou as bancadas tucanas no Congresso Nacional a coletar assinaturas "imediatamente" para que em fevereiro uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigue denúncias na estatal seja instaurada. Ele aproveitou para criticar o atual governo ao afirmar que não há uma "vontade clara" em avançar nas investigações ainda em 2014.


"Todas essas informações poderão ser utilizadas pela nova Comissão Parlamentar, já que nós estamos percebendo que não há uma vontade clara, ao contrário do que diz a presidente da República e da sua base, em avançar nessas investigações ainda nesse ano", disse.

Aécio também disse a jornalistas que se "solidariza" com funcionários e ex-funcionários da Petrobras. Para o senador, a história dessa "magnífica empresa", agora está "maculada, manchada, pela ação inescrupulosa de alguns dos seus dirigentes patrocinados por esse governo".

“Nós temos que esperar que as investigações ocorram e temos que estar vigilantes para que não haja qualquer limitação a essas investigações [...] O que eu percebo é que as coisas estão chegando muito próximas dos mais altos dirigentes desse governo e é preciso que essas investigações ocorram", disse Aécio.
Aécio Neves concede entrevista a jornalistas ao lado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (Foto: Tatiana Santiago/G1)Aécio Neves concede entrevista a jornalistas ao lado de FHC e Geraldo Alckmin
 
 
"O que eu posso assegurar é que tem muita gente em Brasília sem dormir nos últimos dias e continuarão sem dormir”, concluiu.


Lei de Diretrizes Orçamentárias
Durante a entrevista, Aécio também fez duras críticas à tentativa do governo em alterar as regras da Lei de Diretrizes Orçamentárias com o projeto de lei que autoriza o Executivo a abandonar a meta de superávit prevista para este ano.
O projeto propõe mudanças na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), eliminando o teto de abatimento do superávit primário (a economia feita para pagar juros da dívida pública). A proposta foi enviada pelo governo ao Legislativo na última terça (11) sem o pedido de urgência.


“O Brasil não pode virar a casa da mãe Joana, onde o governo acha que com sua maioria faz o que quer no Congresso Nacional”, afirmou o tucano. “Nós estaremos indo até as últimas consequências, inclusive do ponto de vista jurídico, para impedir a alteração da LDO como quer o governo. Leis existem para serem cumpridas."


Segundo Aécio, a posição dos partidos de oposição será de "obstrução" das discussões da Comissão Mista de Orçamento (CMO) até que o projeto seja discutido. "E obviamente nosso posicionamento será contrário à modificação da LDO. A LDO foi aprovada depois de uma ampla discussão no Congresso Nacional e tem que ser cumprida”, completou.

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