quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O perfil migratório do Distrito Federal mudou Jovens com alto nível de escolaridade e boa renda familiar buscam na capital oportunidades de emprego no serviço público






Correio Braziliense

Publicação: 18/11/2014 19:36 

 

Historicamente conhecido por atrair pessoas de regiões menos abastadas, principalmente de oferta de emprego, em maior parte do Nordeste brasileiro, o DF passou a ser interessante para um outro tipo de população. São jovens, de 18 a 29 anos, com alto nível de escolaridade, boa renda familiar e vindos de grandes centros como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. 
 
A mudança se estende também aos emigrantes. Acostumado a receber mais do que expulsar, o DF começa a perceber a perda de uma parcela da população que tem baixa escolaridade e não consegue mais arcar com os altos custos de vida da capital do Brasil.

As constatações foram feitas pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) depois de comparar o perfil dessa movimentação entre 1995 e 2010. Tanto nos períodos entre 1995/2000 e 2005/2010, Rio, São Paulo e Minas foram os que mais contribuíram com imigrantes de alta escolaridade. Há duas semanas em Brasília, a paulista Luciana Trindade Nemeth, 29 anos, tinha a opção de trabalhar em São Paulo, sua cidade, no entanto, escolheu o DF. "O fato de ser em Brasília foi determinante para que eu mandasse o currículo", conta.

Luciana Nemeph, saiu de São Paulo para morar e trabalhar no Distrito Federal (Daniel Ferreira/CB/D.A Press)
Luciana Nemeph, saiu de São Paulo para morar e trabalhar no Distrito Federal


Luciana é formada em comunicação, fez mestrado na Espanha, morou e trabalhou nos últimos 12 meses na Argentina e, agora, escolheu o DF para ficar. "Mandei o currículo sem nunca ter vindo em Brasília, acreditei que seria um bom lugar e se fosse para ficar em São Paulo, teria pensado duas vezes", explica a jovem, que está morando em uma quitinete na Asa Norte.

Segundo o presidente da Codeplan, Júlio Miragaya, a assessora representa a mudança no perfil de interessados na capital federal. "Não é mais aquele imigrante tradicional, que vem do semi-árido do Nordeste, isso caiu muito, e por mais que ainda venham pessoas do Nordeste, elas estão sendo substituídas por esse perfil de melhor renda e escolaridade, de outras regiões do país", explica Miragaya. Um dos principais atrativos ainda é o serviço público, onde está a maior concentração de imigrantes, seguido de comércio e serviços domésticos.

Em números absolutos, o DF teve 162 mil imigrantes, entre 1995 e 2000. Número maior do que o registrado entre 2005 e 2010, quando menos pessoas vieram para o DF — 154 mil. 
 
 
Apesar da queda, o presidente da Codeplan afirma que a quantidade não é significante e está proporcional a queda de emigrantes: no período de 1995 a 2000, foram 134 mil, enquanto de 2005 a 2010, 127 mil pessoas deixaram o DF para morar em outras cidades. E o perfil dessa fatia da população também é destaque do estudo divulgado ontem. Quem optou por deixar a capital tem renda e escolaridade baixa. 
 
 
 
Para a Codeplan, retrata um comportamento de emigração motivado pelo alto custo de vida do DF. Muitas vezes, a pessoas nem se afasta muito do DF, e acaba escolhendo regiões conhecidas por serem cidades dormitórios, e até mesmo estados vizinhos, como o Goiás.

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