quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Defesa de Yousseff vai na jugular do PT e afirma que doleiro foi apenas instrumento de uma organização criminosa a serviço de um projeto de poder.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015


(Estadão) A defesa do doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato, comparou o esquema de corrupção e propinas na Petrobrás ao mensalão, escândalo que abalou o primeiro governo Lula e culminou com a condenação do ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu. Em defesa prévia entregue à Justiça Federal do Paraná, base da Lava Jato, os advogados de Youssef refutaram a acusação de que ele foi o líder da organização criminosa que se instalou na estatal petrolífera e afirmaram que “o domínio da organização criminosa estava nas mãos de agentes políticos”.


“Sua participação foi subsidiária às ordens de agentes políticos e públicos os maiores responsáveis pelo esquema que desviou fabulosas quantias dos cofres da Petrobrás visando a manutenção de um projeto de poder bem definido, a vontade de submeter partidos, corromper ideias e subverter a ordem constitucional”, afirma o criminalista Antonio Figueiredo Basto, que coordena o núcleo de defesa do doleiro.


“Embora esse projeto de poder não seja novo, haja vista já ter sido implementado antes em outros órgãos públicos conforme restou provado no julgamento da Ação Penal 470/MG, conhecido como ‘mensalão’, no caso vertente foi superlativo quer pelo requinte dos malfeitos quer pela audácia e desmedida ganância dos agentes políticos, que incrustados no poder fizeram movimentar a máquina pública para atender suas exigências desviando valores vultosos da maior empresa do País a Petrobrás”, sustenta Basto.


O criminalista assegura que Youssef “não tinha poder para determinar o favorecimento de qualquer empresa ou pessoa junto à Petrobrás, somente atuava quando os acertos entre políticos, agentes públicos e empresas já haviam sido premeditados e executados”. “Sua função era fazer o dinheiro chegar aos corruptos e irrigar contas de partidos políticos, conforme ele mesmo informou em seu interrogatório”, destaca a defesa. “Podemos afirmar sem qualquer margem de erro que as propinas somente existiram por vontade dos agentes políticos.”


Basto invoca a delação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa. “A questão esta cifrada na gestão da Petrobrás. Conforme dito por Paulo Roberto Costa, “réu colaborador”, ele foi “colocado” na Diretoria de Abastecimento com as funções de atender aos pleitos dos partidos da base aliada do governo, PT, PP e PMDB, sendo certo que esses partidos dividiam os valores arrecadados pelo esquema de corrupção na base de 1% a 3%.”


O advogado do doleiro vai além. “Não é preciso grandes malabarismos intelectuais para reconhecer que o domínio da organização criminosa estava nas mãos de agentes políticos que não se contentavam em obter riqueza material, ambicionavam poder ilimitado com total desprezo pela ordem legal e democrática, ao ponto do dinheiro subtraído dos cofres da Petrobrás ter sido usado para financiar campanhas políticas no legislativo e executivo. Agentes políticos das mais variadas cataduras racionalizaram os delitos para permanecer no poder, pois sabiam que enquanto triunfassem podiam permitir e realizar qualquer ilicitude, na certeza que a opinião pública os absolveria nas urnas.”


Ao final do documento de 86 páginas anexado aos autos da Lava Jato , a defesa do doleiro pede ainda a unificação de todas as ações penais e a nulidade das escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal.
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