quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
(Valor Econômico) À vontade no hall do Hotel Hilton, em Davos, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, aceitou conversar com o Valor,
em sua primeira entrevista desde que recusou o convite da presidente
Dilma Rousseff para ocupar o Ministério da Fazenda. E ele se mostrou
animado com a economia brasileira. Disse que já se percebem reflexos do
"choque de credibilidade" da nova equipe econômica no mercado, com um
aumento da confiança.
Até agora, Dilma e sua equipe econômica, liderada por Joaquim Levy, que é
Moço Bradesco, tomou qualquer medida contra os astronômicos lucros dos
bancos brasileiros. Só o Bradesco ganhou R$ 15 bilhões limpinhos em
2014. Deve ser por isso que o Trabuco, que era chefe do Levy, está tão
satisfeito. Só ele, porque o mundo pensa completamente diferente. Veja abaixo matéria da Folha de São Paulo.
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O número de executivos brasileiros otimistas com a perspectiva de ver
suas receitas crescerem no futuro imediato caiu ano a ano, no primeiro
mandato de Dilma Rousseff, e chega agora a seu patamar mais baixo: só
30% se dizem otimistas contra 42% no ano passado.
É a história que conta a 18ª Pesquisa Global da PricewaterhouseCoopers,
que entrevistou 1.322 executivos de 77 países, divulgada sempre na
véspera da inauguração do encontro anual do Fórum Econômico Mundial, o
que acontecerá nesta quarta, 20. Funciona como uma espécie de termômetro
do ânimo dos empresários, que são a clientela principal do Fórum.
Para o Brasil, as más notícias não se limitam ao baixo número de
brasileiros otimistas. Seus colegas do mundo inteiro tampouco andam
muito animados com o estado da economia global --e a economia mundial é
sempre apontada, por Dilma, como um fator importante para o baixo
crescimento do Brasil. De fato, só 39% confiam em aumentar a receita no futuro imediato e menos
ainda (37%) esperam mais crescimento da economia global.
A pesquisa foi feita no último trimestre de 2014, mas Klaus Schwab,
presidente executivo e criador do Fórum Econômico Mundial, confirma que o
ânimo dos executivos neste início de ano não é dos melhores: "No ano
passado, parecia que a crise estava ficando para trás, mas, neste ano,
as pessoas estão muito mais preocupadas".
Se os executivos acham que as perspectivas não são boas, naturalmente
puxarão o freio de mão, com o que o mundo pouco ajudará no crescimento
brasileiro. Além disso, os executivos mais pessimistas estão entre os parceiros do
Brasil no Mercosul: só 22% dos venezuelanos e 17% dos argentinos esperam
receitas maiores no futuro imediato. Pior que eles, só os russos (16%
de otimistas), também parceiros do Brasil, mas nos Brics (com Índia,
China e África do Sul).
A propósito dos Brics, que deveriam ser as potências mundiais em 2020,
os executivos ouvidos pela PwC jogam esse futuro mais adiante: "Fazer
negócios nos Brics continua um desafio, na medida em que tais nações
enfrentam uma mescla de complexos temas políticos e estruturais". Só a
longo prazo, os executivos enxergam oportunidades, o que faz com que
mantenham a vista no grupo.
O pessimismo dos executivos é certamente o motivo principal para que
Dilma tenha decidido, na última hora, enviar seu novo ministro da
Fazenda, Joaquim Levy, para o encontro de Davos. Ao presidente do Fórum, Klaus Schwab, Dilma disse que preferia voltar a
Davos no ano que vem, depois de sua participação em 2014.
Levy terá três chances de convencer a clientela de Davos de que as
coisas vão mudar no Brasil: participa de um almoço, sexta, sobre as
perspectivas para a América Latina; fala ao "Business Council" do Fórum,
em sessão fechada; e participa, no sábado, de uma sessão sobre
"Panorama Econômico Global".
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