26/02/2015 20h17
Sanoli cumpre decisão do TJDF e diz que estoque deve acabar em 5 dias
Empresa diz não ter recursos para comprar insumos para produzir refeições.
G1 não obteve retorno da Saúde; dívida com Sanoli é de R$ 30 milhões.
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A Sanoli, empresa que fornece refeições a pacientes, servidores e acompanhantes de 16 hospitais e 5 UPAs do Distrito Federal,
retomou o fornecimento da alimentação nas unidade de saúde após
determinação judicial, mas afirmou que corre o risco de sofrer um
desabastecimento total em cinco dias. A empresa diz ter R$ 30 milhões a
receber do GDF relativos aos serviços prestados em novembro, dezembro e
fevereiro, e que não tem mais recursos para comprar insumos para
produzir as refeições.O G1 procurou a Secretaria de Saúde mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Na semana passada, a pasta afirmou que repassou à Sanoli pouco mais de R$ 7 milhões pelos serviços prestados entre 1º e 23 de janeiro deste ano, quando terminou o contrato emergencial entre empresa e governo.
A Sanoli confirmou ao G1 o recebimento dos R$ 7 milhões, mas disse que a dívida total supera os R$ 30 milhões. Do total, R$ 21,7 milhões se referem a débitos do ano passado, ainda pendentes.
Na sexta passada, a fornecedora suspendeu as refeições para servidores e acompanhantes e estimou que o estoque para apenas os pacientes duraria cinco dias. Com o pagamento de R$ 2,4 milhões pelo GDF referentes a oito dias de janeiro, e com a redução de pessoas servidas durante os dois dias, a empresa conseguiu economizar o estoque para mais uma semana.
O diretor da empresa, Marco Aurélio Crescente, afirma que Sanoli vem fazendo adaptações nas refeições para conseguir cumprir a determinação da Justiça. Segundo ele, a falta de insumos obriga que os ingredientes sejam substituídos e que o cardápio prescrito por nutricionistas para pacientes com dietas especiais não seja seguido à risca.
"Em menos de uma semana, não vamos ter como manter nem o que estamos fazendo hoje. O que acontece a partir de terça-feira, não temos como saber", disse Crescente.
A empresa afirma que tem R$ 10 milhões de dívidas com fornecedores e que já tomou R$ 10 milhões em empréstimos junto a instituições financeiras. Outros R$ 5 milhões são dívidas relativas a impostos.
Segundo Crescendo, 80% dos débitos da Sanoli, que chegam a R$ 31 milhões, são com fornecedores de matérias-primas, como carne, arroz, frutas, e 15% com empresas de nutrição enteral e produtos lactários. "São fornecedores especiais e não têm substitutos."
Crescente diz que tem enfrentado dificuldades para pagar os 1,8 mil funcionários que atuam nos hospitais, que custam R$ 4 milhões por mês. "Não adianta a secretaria pagar mais R$ 3 milhões, que é o gasto da empresa em uma semana, pelo serviço prestado em dez dias. Vamos ter mais uma semana de sobrevida e o problema permanece exatamente igual. Feliz ou infelizmente, a única alternativa que nos resta é que essa dívida seja quitada."
"Atuamos nesse contrato há muito anos, e ele exigia cerca de 30 dias de capital de giro. Ao longo dos últimos três, quatro meses do ano passado, a situação vem se agravando, esse contrato passou de 30 dias de capital de giro para 60, 90 dias e até mais do que isso", disse.
"Em 14 anos, nunca passamos por essa situação", disse. "Acho importante que a gente coloque que não fizemos a venda para o governador Agnelo, mas para a população do Distrito Federal."
Nova licitação
A Justiça também determinou que o GDF abra um edital para contratar nova empresa para fornecer alimentos para os hospitais.O diretor diz que, caso o GDF abra um processo licitatório para contratar outra fornecedora de alimentação, pretende concorrer normalmente.
"O que o GDF coloca é que é um processo, um edital complexo pelo tamanho, pela complexidade de serviços, pelo numero de unidades envolvidas e têm muita dificuldade de conseguir montar esse processo", disse Crescendo.
A Sanoli também tem filiais no Rio de Janeiro e em Goiânia.
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