quarta-feira, março 18, 2015
Erros além da dosagem - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE - 18/03
Os principais indicadores da economia continuam a apontar para recessão este ano e os mais de 1 milhão de manifestantes que foram às ruas no domingo ainda nem começaram a sentir o pior efeito disso: o desemprego. Se a corrupção foi o principal motor da manifestação, a insatisfação com a perda ou a diminuição da capacidade de alimentar a família certamente os trará de volta, e, dessa vez, com muito mais fúria.
Só para exemplificar: o Banco Central divulgou, na segunda-feira, que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) recuou 0,11%. Esse resultado levou a maioria dos especialistas a rever para baixo ou a reforçar as previsões de queda em torno de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. Afinal, o índice foi criado para avaliar mensalmente a evolução da economia e, com tempo, passou a ser visto como antecipação do comportamento do PIB, oficialmente medido trimestralmente pelo IBGE.
Essa é mais uma razão para que o governo não apenas apoie o ajuste fiscal proposto pela equipe comandada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e que é o primeiro passo para o país caminhar no rumo oposto ao abismo, como assuma postura convincente de que acredita na necessidade desse remédio, por mais amargo que ele seja. Mais: que, de fato, está empenhado em acelerar a implantação. Sem isso, o ajuste continua a correr riscos, apesar de toda a via-sacra pelos corredores políticos e empresariais feita nos últimos dias pela equipe econômica.
Por isso, são até agora preocupantes as reações da presidente Dilma Rousseff e dos ministros mais próximos. Nem ela nem eles parecem ter entendido a importância do que ocorreu no domingo. Mais preocupados com a improdutiva discussão sobre a viabilidade do impeachment da presidente, não perceberam a urgência de abandonar o discurso da campanha eleitoral, gasto e, a essa altura, desmoralizado pelos fatos.
Não menos danoso tem sido não perceber que a vitória apertada na eleição e os equívocos primários na relação com os aliados no parlamento não autorizam mais o mando arrogante do primeiro mandato. Editar medidas provisórias, ainda que tecnicamente necessárias, reduzindo direitos sociais e trabalhistas sem conversa antecipada com parceiros que ganharam votos prometendo o paraíso ao eleitorado é plantar vento para colher tempestade. Tornou tudo mais difícil.
Pior ainda é menosprezar o tamanho da insatisfação popular de quem o governo ainda nem começou a retirar ou a reduzir a prestação de serviços públicos de saúde e segurança. Na educação, a primeira experiência em cortes, com o Fies, foi um desastre, por falta de explicação a quem mais deveria importar ao governo: os estudantes.
Foi nessa linha autoritária e estouvada que a presidente, um dia depois da mega manifestação, aceitou falar com a imprensa. Passou de raspão pela palavra humildade, mas não foi além de admitir apenas eventual erro de dosagem na desastrosa política econômica do primeiro mandato. É verdade que falou no ajuste fiscal, mas fugiu à responsabilidade de assumir as razões para adotá-lo.
Esquece a presidente que, a essa altura, a maioria dos agentes econômicos que dão empregos, mesmo os de menor porte, sabem quem provocou os males que todos enfrentam hoje. Ela precisa de todo mundo para tirar o país dessa enrascada, mas nada vai conseguir com o discurso que a deixa cada vez mais distante da confiança em sua capacidade de governar.
Os principais indicadores da economia continuam a apontar para recessão este ano e os mais de 1 milhão de manifestantes que foram às ruas no domingo ainda nem começaram a sentir o pior efeito disso: o desemprego. Se a corrupção foi o principal motor da manifestação, a insatisfação com a perda ou a diminuição da capacidade de alimentar a família certamente os trará de volta, e, dessa vez, com muito mais fúria.
Só para exemplificar: o Banco Central divulgou, na segunda-feira, que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) recuou 0,11%. Esse resultado levou a maioria dos especialistas a rever para baixo ou a reforçar as previsões de queda em torno de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. Afinal, o índice foi criado para avaliar mensalmente a evolução da economia e, com tempo, passou a ser visto como antecipação do comportamento do PIB, oficialmente medido trimestralmente pelo IBGE.
Essa é mais uma razão para que o governo não apenas apoie o ajuste fiscal proposto pela equipe comandada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e que é o primeiro passo para o país caminhar no rumo oposto ao abismo, como assuma postura convincente de que acredita na necessidade desse remédio, por mais amargo que ele seja. Mais: que, de fato, está empenhado em acelerar a implantação. Sem isso, o ajuste continua a correr riscos, apesar de toda a via-sacra pelos corredores políticos e empresariais feita nos últimos dias pela equipe econômica.
Por isso, são até agora preocupantes as reações da presidente Dilma Rousseff e dos ministros mais próximos. Nem ela nem eles parecem ter entendido a importância do que ocorreu no domingo. Mais preocupados com a improdutiva discussão sobre a viabilidade do impeachment da presidente, não perceberam a urgência de abandonar o discurso da campanha eleitoral, gasto e, a essa altura, desmoralizado pelos fatos.
Não menos danoso tem sido não perceber que a vitória apertada na eleição e os equívocos primários na relação com os aliados no parlamento não autorizam mais o mando arrogante do primeiro mandato. Editar medidas provisórias, ainda que tecnicamente necessárias, reduzindo direitos sociais e trabalhistas sem conversa antecipada com parceiros que ganharam votos prometendo o paraíso ao eleitorado é plantar vento para colher tempestade. Tornou tudo mais difícil.
Pior ainda é menosprezar o tamanho da insatisfação popular de quem o governo ainda nem começou a retirar ou a reduzir a prestação de serviços públicos de saúde e segurança. Na educação, a primeira experiência em cortes, com o Fies, foi um desastre, por falta de explicação a quem mais deveria importar ao governo: os estudantes.
Foi nessa linha autoritária e estouvada que a presidente, um dia depois da mega manifestação, aceitou falar com a imprensa. Passou de raspão pela palavra humildade, mas não foi além de admitir apenas eventual erro de dosagem na desastrosa política econômica do primeiro mandato. É verdade que falou no ajuste fiscal, mas fugiu à responsabilidade de assumir as razões para adotá-lo.
Esquece a presidente que, a essa altura, a maioria dos agentes econômicos que dão empregos, mesmo os de menor porte, sabem quem provocou os males que todos enfrentam hoje. Ela precisa de todo mundo para tirar o país dessa enrascada, mas nada vai conseguir com o discurso que a deixa cada vez mais distante da confiança em sua capacidade de governar.
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