quarta-feira, 18 de março de 2015
Editorial do
jornal O Globo diz que "chega a hora do lulopetismo no petrolão".
Aliás, já chegou há muito tempo. Mensalão e petrolão fazem parte do
mesmo método de assalto ao poder - e vale tudo para nele permanecer
indefinidamente:
São dias
agrestes para o PT. Não fosse bastante a ressaca da gigantesca
manifestação oposicionista de domingo, na segunda-feira o governo Dilma e
dirigentes partidários foram obrigados a dividir a atenção entre
entrevistas e declarações de autoridades, a presidente inclusive, para,
de alguma forma, dar uma resposta à população que vestiu verde e amarelo
no dia anterior, e a detalhada exposição feita pelo Ministério Público
Federal, em Curitiba, sobre a 10ª fase da Operação Lava-Jato.
E também
no Paraná não foram boas as notícias. Na manhã de segunda, havia sido
preso pela segunda vez, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, apanhado
agora numa transferência de € 70 milhões da Suíça para Mônaco. Detido
anteriormente, mas solto por habeas corpus, desta vez tudo parece
indicar que Duque toma o mesmo caminho de colegas. E terá de optar:
aceita firmar acordo de delação premiada e poderá até ser beneficiado
com prisão domiciliar, como o também ex-diretor da estatal Paulo Roberto
Costa, ou mantém o silêncio e ficará em companhia de Nestor Cerveró,
responsável pela área Internacional da companhia, hospedado na
carceragem da Polícia Federal em Curitiba, em prisão preventiva.
Além da
detenção de Duque — consta que apadrinhado pelo PT, na pessoa de José
Dirceu —, outro baque para o partido nessa segunda foi a denúncia à
Justiça de João Vaccari Neto, tesoureiro da legenda, um posto
amaldiçoado. Lembremo-nos que um dos antecessores de Vaccari, Delúbio
Soares, cumpriu pena na Papuda, em Brasília, na condição de mensaleiro
condenado. O problema, potencialmente de grandes proporções para o
partido, é que, segundo a divisão feita na Petrobras para efeito de
drenagem de propinas, a diretoria de Serviço, de Duque, captaria
dinheiro sujo exclusivamente para o PT. Não deve interessar ao
lulopetismo que ele fale.
Uma das
denúncias premiadas vitais para se desbaratar o petrolão é a de Pedro
Barusco, ex-gerente-geral da diretoria de Duque. De acordo com Barusco, o
PT deve ter recebido de empreiteiras de US$ 150 milhões a US$ 200
milhões, dos quais US$ 50 milhões coletados por Vaccari em pessoa.
O PT se
defende das acusações com a explicação de que recebeu apenas doações
legais das empresas. Na verdade, propinas “lavadas” por meio da Justiça
Eleitoral, entende o MP. Provar que dinheiro sujo foi “legalizado”
nessas doações deverá ser o ponto central do julgamento do petrolão no
Supremo. Assim como foi o conceito jurídico do “domínio do fato” no
mensalão (aplicado para condenar José Dirceu).
Para dar
sustentação às denúncias, o MP tem rastreado pagamentos da Petrobras a
empreiteiras — certamente em contratos superfaturados — que
correspondem, logo em seguida, a doações dessas empresas a diretórios
petistas. Uma transferência ilegal de dinheiro público para o partido,
mas por via legal. Não há perspectiva de que melhore o tempo para os
lulopetistas no petrolão.
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