Após sanções dos EUA, Maduro pede "poderes especiais"
Presidente venezuelano afirma que entrará com pedido para governar por decreto, a fim de "defender a integridade" do país. Segundo ele, americanos querem derrubar seu governo em Caracas.
Em resposta às sanções anunciadas pela
Casa Branca, o presidente Nicolás Maduro afirmou que pedirá à Assembleia
Nacional nesta terça-feira (10/03) a concessão de poderes especiais
para "defender a integridade, a paz, a soberania e a tranquilidade" da
Venezuela.
Em pronunciamento transmitido na
segunda-feira por televisão e rádio, Maduro diz tratar-se de uma "lei
anti-imperialista", para que Caracas possa se preparar "para todos os
cenários, e em todos eles, triunfar com a paz". Para o presidente
venezuelano, o posicionamento do presidente americano, Barack Obama,
sinaliza uma decisão de invadir o país sul-americano.
"Obama decidiu cumprir pessoalmente a tarefa de derrubar meu governo e intervir na Venezuela", afirmou Maduro.
A chamada "lei habilitante especial e
extraordinária" permitirá que Maduro governe por decreto e sem controle
parlamentar, durante tempo estabelecido no texto da proposta. A lei deve
passar sem problemas pelo Parlamento, controlado por chavistas.
Em discurso de quase três horas de
duração, Maduro afirmou que, para chegar a esta decisão, ele consultou o
Conselho de Estado, o Conselho de Defesa da Nação, o alto comando
militar e o Conselho de vice-presidentes de governo.
"Tenho informação de primeira mão de
outras pretensões do governo dos Estados Unidos e, como chefe de Estado e
de governo, estou obrigado a aplicar a constituição em todas as suas
partes", afirmou o presidente venezuelano.
Maduro já fez uso da lei habilitante
especial, em novembro de 2013, por um ano. Na época, o pedido fora
embasado na necessidade de desencadear uma "grande ofensiva" contra a
corrupção e os especuladores – uma de suas prioridades ao ser eleito
presidente em abril daquele ano.
Ameaça aos EUA
O clima entre EUA e Venezuela está cada
vez mais acirrado. Na segunda-feira, Obama publicou um decreto no qual
considera a Venezuela uma ameaça à segurança do país – o que coloca o
país latino-americano na posição de maior adversário ideológico dos EUA
no continente. Durante décadas este posto fora ocupado por Cuba, que há
três meses iniciou uma aproximação diplomática com os americanos.
Washington ainda ordenou a aplicação de
sanções contra sete autoridades venezuelanas, sob a alegação de
corrupção e de terem violado os direitos humanos de críticos de Maduro.
Em resposta, a Venezuela convocou o encarregado de negócios nos Estados
Unidos, Maximilien Arveláiz, para consultas.
Em solidariedade a Caracas, o governo do
Equador emitiu uma nota criticando a postura dos Estados Unidos e pediu à
"comunidade internacional, e aos EUA em particular, que respeite a
soberania da Venezuela".
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