Após
panelaço, Dilma diz que é preciso aceitar o jogo democrático
Aloizio Mercadante minimiza
protestos que, segundo ele, coincidiram com o locais em que a presidenta sofreu
derrota eleitoral. Para PT, manifestações tiveram viés golpista
Presidenta em evento para sancionar a lei do feminicídio. / UESLEI
MARCELINO (REUTERS)
O dia seguinte à batidas
de panelas contra a presidenta Dilma Rousseff não passou em brancas nuvens no Planalto, como era de se esperar. Coube
ao ministro-chefe da Casa Civil,
Aloizio Mercadante, minimizar as
manifestações, logo na manhã desta segunda-feira, durante uma coletiva para
tratar dos assuntos pertinentes ao ajuste fiscal. Segundo Mercadante, os
protestos coincidiram com o locais em que a presidenta sofreu derrota eleitoral
em outubro do ano passado. Horas mais tarde, Dilma também se pronunciou sobre o
assunto e disse que os protestos são legítimos, mas que a defesa de um
"terceiro turno" seria uma "ruptura da democracia".
"Eu acho que há que se caracterizar as razões para o impeachment e
não o terceiro turno das eleições. O que não é possível no Brasil é a gente não
aceitar as regras do jogo democrático", afirmou a presidenta após evento
no Palácio do Planalto para sancionar a lei do feminicídio,que prevê penas mais
duras para crimes de gênero contra as mulheres. "A eleição acabou, houve
primeiro e houve segundo turno. Terceiro turno das eleições, para qualquer
cidadão brasileiro, não pode ocorrer, a não ser que você queira uma ruptura
democrática", completou.
Assim como o ministro, dirigentes do PT
avaliaram o panelaço como um movimento que fracassou. O secretário nacional de comunicação do partido, José Américo
Dias, afirmou que a reação ao discurso foi uma "orquestração com viés
golpista" restrito a setores da "burguesia e da classe média
alta". “Tem circulado clipes eletrônicos sofisticados nas redes, o que
indica a presença e o financiamento de partidos de oposição a essa
mobilização”, afirmou José Américo. "Mas foi um movimento restrito que não
se ampliou como queriam seus organizadores", completou.
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Apesar do partido ter relativizado o panelaço, o movimento gerou
preocupação no Governo. O Planalto tem monitorado o movimento nas redes, e
principalmente as confirmações que têm sido feitas para os eventos anti-Dilma,
marcados para o próximo dia 15. O número de pessoas que prometem engrossar os
protestos neste domingo cresceu rapidamente nas últimas semanas, e com o
panelaço deste domingo, ganham ainda mais audiência.
Em meio ao temor que o ato
contra a presidenta tome proporção maior que a esperada, Dilma vai se reunir
com o ex-presidente Lula, nesta terça-feira, em São Paulo. O encontro,
certamente, vai tratar as reações durante o pronunciamento de Dilma na TV. Na
reunião, os dois devem discutir além das manifestações, a crise política no
Congresso.
O barulho dos protestos deixou em segundo plano questões cruciais para o
Governo. Em coletiva de imprensa, Mercadante apoiou o pronunciamento da
presidenta no dia anterior, no qual defendeu as últimas medidas econômicas
adotadas para viabilizar o crescimento do país. O ministro comparou o ajuste a
uma ida ao dentista. "Ninguém quer, mas tem que ir. Temos que fazer o
ajuste fiscal e quanto mais rápido, melhor", afirmou.
Para Mercadante, o diálogo e a tolerância são importantes para criar uma
agenda de convergência que ajude o país a superar as dificuldades conjunturais
e assegurar a estabilidade economia e a recuperação do crescimento econômico. A
questão é como refazer as pontes com o Congresso, necessárias para retomar o
tal diálogo.
Repercussão nas redes
Desde o pronunciamento de Dilma, a internet se transformou em palco de
manifestações contra e a favor da presidenta. No Twitter, a hashtag #VaiaDilma
atingiu o primeiro lugar nos Trend Topics do Twitter, durante a madrugada, e
continuava na lista na tarde desta segunda-feira. A reação negativa ao
pronunciamento também invadiu a página de Dilma no Facebook. Centenas de
comentários foram postados abaixo do vídeo do pronunciamento postado na página
e o mais curtidos eram de críticas à presidente.
Já a hashtag #DilmadaMulher, em apoio à presidenta, entrou para o
trending topics durante a cadeia nacional. Outra hashtag, criada para ironizar
os protestos, a #posteumfilmecompanela, também apareceu na lista das mais
citadas no Twitter na tarde desta segunda-feira. No Facebook, várias mensagens
de partidários do PT , que pediam que as pessoas não participassem da
manifestação do dia 15 de março, foram replicadas. "Eleição é coisa séria
e histeria a gente trata com análise", dizia um dos posts.
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