Posted on março 8, 2015 by Tribuna da Internet
Carla Kreefft
O Tempo
A crise provocada pelas denúncias de corrupção na Petrobras
se estendem e situação de instabilidade política no país. Com suspeição sobre
lideranças importantes, como os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da
Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, o impasse político ganha mais força e
amplia a indignação da população.
À medida que os nomes que constam no relatório do procurador
geral do Estado, Rodrigo Janot, vão aparecendo na mídia, é possível perceber
que o esquema não estava restrito a um gueto político, como o governo federal
tentou fazer parecer. A amplitude das irregularidades é grande, os partidos da
base do governo e suas lideranças estão muito envolvidos.
A presidente Dilma Rousseff, que somente fica a repetir que
os malfeitos serão investigados e seus responsáveis serão punidos, ainda não se
deu conta de que não se trata de uma peraltice, uma travessura. A crise da
Petrobras parou o país, está, a cada dia, derrubando a economia, destruindo uma
imagem externa de confiança e credibilidade. E, como se tudo isso não bastasse,
o patrimônio da empresa se esvai em uma velocidade que praticamente inviabiliza
sua recuperação, pelo menos, em médio prazo.
NINGUÉM VAI FAZER NADA?
A pergunta que fica diante desse quadro é: “E ninguém vai
fazer nada?”. Certamente, os políticos não estão fazendo nada além de cuidar de
sua proteção. Quem não tem essa preocupação tem o desejo de ver o adversário em
situação embaraçosa. Em resumo, quem tem telhado de vidro procura uma cobertura
rápida, e quem não, quer é usar o estilingue o mais rápido possível.
Em meio a essa disputa insana, estão o Ministério Público, a
Polícia Federal e o Poder Judiciário. Não são elementos políticos – não do
ponto de vista partidário –, mas também têm suas posições ideológicas e
interesses particulares. Onde é que fica, então, a isenção para uma apuração
justa? Ao contrário do que anda circulando nas redes sociais, são essas
instituições as únicas capazes de enfrentar o desafio de realmente passar a
Petrobras a limpo. Elas têm a competência legal, a capacidade e os instrumentos
necessários.
É preciso confiar e cobrar dessas instituições, que são as
ferramentas que a democracia oferece. Qualquer tentativa diferente disso é
golpe. Entretanto, a população tem o direito e até a obrigação de fazer um
acompanhamento rigoroso. Assim, manifestações de rua são legítimos instrumentos
de pressão e cobrança. Comissões parlamentares de inquérito também são legítimas.
O governo federal e quem mais for alvo dessas investigações
e cobranças precisam suportar a situação dentro, também, da legitimidade.
Qualquer atitude diferente é contragolpe. O teste é para valer. O Brasil tem a
chance de fazer tudo pelas vias democráticas ou derrubar o pouco que construiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário