O senhor Pedro Bandeira é um famoso escritor de livros infanto-juvenis com temática predominantemente
voltada para romances policiais, suspense e mistério. Uma de suas obras
mais conhecidas chama-se “A Droga da Obediência”. O título, um tanto
sugestivo, faz referência a uma droga que, no livro, fazia as pessoas
obedecerem a um comando.
Por
algum motivo, a lembrança do livro de Bandeira, me fez atinar para o
fato de que a mentalidade classista (ou coletivista, se preferir) também
é uma droga. Para quem não sabe, mentalidade classista é a tendência de
encarar os indivíduos sempre como representantes de uma classe
homogênea e uniforme. Ora, se a classe é homogênea e uniforme, todos os
indivíduos serão tratados como se fossem exatamente iguais. Logo, o
indivíduo deixa de existir e a classe passa a existir em seu lugar.
Dando
continuidade ao raciocínio, averiguei que, semelhantemente às drogas, a
mentalidade classista causa vício e leva o indivíduo a querer usar cada
vez mais da droga. Vou mais longe: a mentalidade classista entorpece as
pessoas de tal modo que seus cérebros são levados a criar alucinações. O
resultado é que o classista começa a desenvolver graves psicoses, como a
síndrome da perseguição.
Em um caso específico, as classes são: negros e brancos.
Os negros são definidos como indivíduos pobres, injustiçados e
trabalhadores, ao passo que os brancos são definidos como bem abastados,
“filhinhos-de-papai”, exploradores, parasitas e vagabundos.
Qualquer
pessoa sã consegue perceber o delírio aqui. Não podemos reunir um monte
de pessoas diferentes, cuja maioria nós sequer conhecemos, e traçar um
perfil igual para todas elas. Há negros honestos e desonestos. Há
brancos ricos e pobres. E por aí vai. Mas a idéia delirante de enxergar
os indivíduos como classes, impele jovem a traçar um perfil específico
para cada classe.
É
daí que se iniciam as psicoses. Em geral começa com a síndrome
maniqueísta, isto é, a mania de entender as interações humanas em termos
de bem versus mal. O seu cérebro aqui monta um cenário onde a classe a
que você pertence é a classe dos caras do bem, os mocinhos. As demais
classes são dos malvados, os vilões. E a história se resume a essa luta
entre a classe boa e a classe má.
A
síndrome maniqueísta desencadeia a síndrome da perseguição. A pessoa
começa a se enxergar como explorado, perseguido e injustiçado. Isso
resulta em vários problemas. O primeiro é que a pessoa se torna
paranóica. Ela enxerga discriminação e exploração contra a sua classe em
tudo. Qualquer fala, qualquer opinião, qualquer gesto, pode servir como
base para que o indivíduo alegue injustiça.
O
segundo é a perda de percepção do tempo. O indivíduo não consegue mais
entender o que é passado. Por exemplo, se um etíope matou um egípcio há
400 anos, os egípcios de hoje são os injustiçados e os etíopes de hoje
são os vilões. Não importa se foi há 400 anos. Não importa se o evento
envolveu só duas pessoas. Não importa se as pessoas de hoje em dia nada
tem a ver com o evento. Estamos falando de classes. O que um faz, todos
fazem, em todos os tempos.
O
terceiro problema que a síndrome da perseguição gera em uma pessoa é a
idéia de que os fins justificam os meios. Ora, se você está sendo
perseguido por um inimigo sórdido, cruel e explorador, seu cérebro vai
impelir você a acreditar que pode fazer qualquer tipo de atrocidade para
com ele. Aliás, você pode fazer até injustiças porque, em sua mente, o
injustiçado é você e assim sempre será.
A
síndrome da perseguição e todos os seus efeitos desencadeiam o ódio
extremo à classe inimiga e o culto extremo a sua própria classe. A sua
classe se torna uma classe superior e a classe inimiga se torna
inferior. Na verdade, já era assim antes, quando você via sua classe
como a classe dos caras bons. Mas, como já disse, a mentalidade
classista é uma droga, e a droga torna a dependência do indivíduo
gradualmente maior. O último estágio deste drogado é a hábito
discriminatório, o preconceito.
É
a hora em que nos perguntamos: não foi exatamente este o processo pelo
qual passou Adolf Hitler? E não é exatamente este o processo pelo qual
passam todos os genocidas? Lênin, Stálin, Mao Tsé Tung, Pol Pot... A
mentalidade classista tem várias faces, cada qual com suas classes e
seus antagonismos entre classes. Negros x Brancos; Mulheres x Homens;
Homossexuais x Heterossexuais; Religiosos x Anti-religiosos; Ricos x
Pobres; Patrões x Funcionários; Nativos x Estrangeiros; Saudáveis x
Doentes; Esquerdistas x Direitistas e etc. Mas a droga é a mesma, bem
como os seus efeitos.
Uma Tendência Humana
Pode-se perguntar: “Mas agrupar-se e enxergar as pessoas em grupos não é uma tendência humana?”. A resposta é sim. Em geral, desejamos estar com pessoas que tem os mesmos gostos que nós, a fim de podermos compartilhar o que nos agrada com elas e de nos sentir parte de um grupo. Gostamos de estar em grupos. E é normal valorizar os grupos em que nos enquadramos. Certamente é por isso que tendemos a agrupar as pessoas em nosso cérebro.
Pode-se perguntar: “Mas agrupar-se e enxergar as pessoas em grupos não é uma tendência humana?”. A resposta é sim. Em geral, desejamos estar com pessoas que tem os mesmos gostos que nós, a fim de podermos compartilhar o que nos agrada com elas e de nos sentir parte de um grupo. Gostamos de estar em grupos. E é normal valorizar os grupos em que nos enquadramos. Certamente é por isso que tendemos a agrupar as pessoas em nosso cérebro.
Entretanto,
seguir essa tendência natural humana é diferente de adulterá-la por
meio de uma mentalidade psicótica, tornando-a um elemento discriminador.
Este é o x da questão. Querer estar em um grupo ou reconhecer a
existência de grupos no mundo nada tem a ver com enxergar o indivíduo
como o grupo. O reconhecimento de grupos não pode substituir o
reconhecimento do indivíduo. Classe não é indivíduo e indivíduo não é
classe. Entende?
Eu
posso fazer parte da classe dos rockeiros, mas devo ser analisado,
tratado e julgado como Davi Caldas e não como rockeiro. Conforme afirmei
uma vez em uma breve reflexão, eu não sou negro, nem branco, nem
alemão, nem italiano, nem ariano, nem proletariado, nem burguesia, nem
machista, nem feminista, nem gayzista, nem uma ONG, nem uma ideologia,
nem um partido, nem uma religião, nem o povo, nem a massa, nem a
comunidade, nem a sociedade, nem a humanidade...
Posso
até fazer parte dessas classes, mas não sou uma abstração coletivista.
Eu sou eu. Eu sou Davi Caldas, um indivíduo, com toda a sua
individualidade. Por isso, me recuso a ser caracterizado, conhecido,
definido, analisado e julgado como mais um número dentro de algum rótulo
coletivista.
A
minha individualidade está acima da coletividade onde me encontro. Isso
não é egoísmo. Isso é o entendimento de que cada pessoa deve ser
tratada, definida e respeitada como uma pessoa e não como parte de uma
massa amorfa, abstrata e indefinida. Se um dia todos entendessem isso, o
preconceito diminuiria muito e a manipulação de massas não lograria
mais êxito algum.
A Mentalidade Classista e a Esquerda
Compreendendo que a mentalidade classista é uma droga perigosa, que pode levar algumas pessoas a contraírem sérios distúrbios e psicoses, como já evidenciado, nossos olhos se voltam imediatamente para a esquerda política. A esquerda tem em seu DNA a mentalidade classista. Desde que o seu pensamento começou a se desenvolver, com Rousseau, Robespierre, Fourier e Marx, a idéia de enxergar os indivíduos como massa e o mundo como um campo de batalha entre classes antagônicas sempre esteve em sua base. E assim é até hoje. Não há esquerda se não houver a psicose classista.(E quando a psicose classista não existe ou não é muito acentuada, o PT a cria para fomentar o antagonismo necessário ao fortalecimento de seu poder.NB)
Compreendendo que a mentalidade classista é uma droga perigosa, que pode levar algumas pessoas a contraírem sérios distúrbios e psicoses, como já evidenciado, nossos olhos se voltam imediatamente para a esquerda política. A esquerda tem em seu DNA a mentalidade classista. Desde que o seu pensamento começou a se desenvolver, com Rousseau, Robespierre, Fourier e Marx, a idéia de enxergar os indivíduos como massa e o mundo como um campo de batalha entre classes antagônicas sempre esteve em sua base. E assim é até hoje. Não há esquerda se não houver a psicose classista.(E quando a psicose classista não existe ou não é muito acentuada, o PT a cria para fomentar o antagonismo necessário ao fortalecimento de seu poder.NB)
Invariavelmente
esse posicionamento nos tem levado às discriminações, aos regimes
antidemocráticos, às perseguições, aos genocídios; ao culto ao partido
que está no poder, ao governo, ao Estado, ao líder; à homogeneização
forçada do mundo. A liberdade de expressão é destruída. A sociedade vira
palco de uma luta sangrenta na qual uma classe deverá sucumbir para que
a paz no mundo seja alcançada. Esse é o projeto da esquerda.
A Mentalidade Classista e a Direita
A direita rechaça e sempre rechaçou a mentalidade classista. Digo a direita e não os direitistas (notou a diferença?). É certo que há direitistas que foram contaminados pela droga da mentalidade classista, afastando-se dos ideais originais da direita. Mas o pensamento da direita encara a mentalidade classista como um delírio. Desde Smith e Burke até Churchill, Kirk Russell, Thatcher e Reagan, a idéia de que o indivíduo deve ser valorizado acima da classe sempre foi a base do pensamento da direita.
A direita rechaça e sempre rechaçou a mentalidade classista. Digo a direita e não os direitistas (notou a diferença?). É certo que há direitistas que foram contaminados pela droga da mentalidade classista, afastando-se dos ideais originais da direita. Mas o pensamento da direita encara a mentalidade classista como um delírio. Desde Smith e Burke até Churchill, Kirk Russell, Thatcher e Reagan, a idéia de que o indivíduo deve ser valorizado acima da classe sempre foi a base do pensamento da direita.
Para
a direita o mundo pode até ser um campo de batalha, mas entre
indivíduos e não entre classes. Porque a classe, seja esta a burguesia, o
proletariado, a mulherada ou uma nação inteira, ela não define todos os
indivíduos. Isso é generalizar. É olhar para uma favela e dizer que lá
só tem bandido. A mentalidade classista é o princípio de quase todos os
preconceitos. “Todo religioso é burro”, “todo padre é pedófilo”, “todo
pastor é ladrão”, “todo ateu é imoral”, “todo rico é explorador”. São
preconceitos típicos de quem se droga com a mentalidade classista. É o
que a direita rechaça.
Que
fique claro que não estou dizendo que nenhum direitista é
preconceituoso ou que todo o esquerdista o é. Longe de mim, fazer tal
generalização (o que, iria ruir com todo o meu texto, aliás). Apenas
estou dizendo que o pensamento da esquerda se baseia na mentalidade
classista e o da direita não.
Para
aqueles que querem seguir fielmente os seus princípios, isso precisa
ser esclarecido. Um direitista que siga total e irrestritamente os
ideais de direita, não poderá se drogar com a mentalidade classista, ao
passo que um esquerdista que siga total e irrestritamente os ideais de
esquerda, não poderá se abster de usar a droga da mentalidade classista.
Este é um dos motivos pelos quais escolhi ser de direita.
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