A imoralidade de quem diz que “esquerda e direita são a mesma coisa”
Algumas pessoas metidas a engraçadinhas
dizem que “não são de direita e nem de esquerda”. Segundo elas, tanto
direita como esquerda defendem a intervenção do estado na vida das
pessoas. Logo, seriam a mesma coisa. Em uma casca de noz isso tem um
nome: equivalência moral. Ou isto é um dos métodos mais sórdidos de
mentes depravadas ou é um dos enganos mais patéticos que ingênuos podem
cometer.
Uma prova de que tal raciocínio é
perverso ou estúpido (isto depende de seu usuário), está na recente
coluna de Vladimir Safatle, intitulada “A família do estado”.
O colunista adorador de Marx faz uma crítica veemente a projetos como
Estatuto da Família, que pretende, dentre outras coisas, definir família
como baseada em pai e mãe. Desta feita, um casal homossexual não seria
definido como família. A partir daí, Safatle passa a falar
temporariamente como um liberal, dizendo que o estado não deveria ter o
direito de definir o que é ou não uma família. Isto seria, então, uma
intervenção do estado onde ele não deveria intervir. O pior é que eu,
como um liberal (o que Safatle não é), concordo com ele.
É aí que entram os engraçadinhos e dizem:
“está vendo aí, tem intervenção do estado, se tem intervenção do estado
é igual”. Será mesmo, animais? Ainda que um liberal possa contestar a
intervenção estatal para regular comportamentos (conservadores querem
isso, enquanto liberais não dão a mínima), será que medidas deste tipo
tem gerado escravidão de pessoas? Tem causado de racionamento de
alimentos? Tem causado submissão de pessoas a um estado totalitário?
Tem
criado tal nível de desestruturação econômica que as pessoas precisam
vender seus corpos para os donos do poder e seus amigos (que adoram
muito tudo isso)? Não, simplesmente não. Nenhuma das propostas
conservadoras para valorização da família tradicional tem causado
servidão das pessoas em relação ao estado. No máximo, são medidas
incômodas para uma minoria.
Ao final de seu texto, Safatle mostra sua
intenção: para ele um mundo ideal deveria ser totalmente liberal na
regulação de comportamentos e totalmente regulado em termos econômicos.
Claro, ele é um esquerdista de perfil marxista. Melhor dizendo, ele é de
extrema esquerda. Quanto mais regulação econômica, mais servidão do
povo diante dos líderes que “regulam” tudo. A proposta de Safatle, como
toda proposta socialista, é pérfida, sádica e, evidentemente, imoral.
Enquanto isso, a proposta conservadora é nitidamente equivocada, em
termos estratégicos.
Para os conservadores, a melhor
alternativa seria um mundo liberal em termos comportamentais, mas que ao
mesmo tempo permitisse que eles pudessem educar seus filhos sem a
intervenção do estado até mesmo na definição do que é família. É por
isso que eles deveriam lutar: que o estado não defina o que é família,
mas não possa fazer isso nem mesmo em salas de aula, sob risco de
punição. Existindo regras claras para proteger crianças e animais, cada
um define o que é família em sua casa. Se o conservador quiser dizer que
família, para ele, é baseada em pai e mãe, ótimo. Se um liberal quiser
dizer que família pode ser composta por 5 pais e 13 mães, perfeito. Mas
que o estado não seja usado para dizer qual conceito os outros devem
usar.
E aí as formas de se visualizar e “praticar” famílias seriam
apenas comportamentos, passíveis de crítica. Neste cenário, a luta pela
liberdade de expressão deveria se tornar um imperativo, principalmente
para toda a direita, aí sim agora incluindo os conservadores.
Voltando às figurinhas que dizem que
“esquerda e direita são a mesma coisa”, eles tem como seu principal
argumento a noção de que “o estado interfere na vida das pessoas”.
O
problema que essas mentes não conseguem (ou não querem) notar é que
existem naturezas diferente para as intervenções. A intervenção estatal
esquerdista visa nos transformar em escravos. É estrategicamente
planejada para ajudar tiranos a conquistarem poder. A intervenção
estatal direitista (e apenas da ala conservadora, lembre-se) serve para
atender a alguns costumes, e, pior, é um erro estratégico, na atual
configuração da multiplicidade de meios de comunicação que temos hoje.
Pelo lado da esquerda, a intervenção
estatal é um acerto estratégico, vindo de pessoas perversas. Pelo lado
da direita, é um erro estratégico, vindo de pessoas que podem até ser
perversas, mas nesse caso agem até ingenuamente. Pelo lado da esquerda, é
uma forma de concentrar poder no nível da tirania. Pelo lado da
direita, não há intenção alguma de concentração de poder neste nível.
Pelo lado da esquerda, historicamente suas intervenções econômicas,
quando levadas plenamente, sempre criaram e vão continuar criando
escravidão, devastação econômica, submissão total e racionamento de
alimentos. Tudo conforme o plano. Pelo lado da direita, historicamente
suas intervenções estatais podem criar até alguns incômodos para
minorias sexuais, e podem ser criticadas por isso, mas não fazem nada em
torno de devastar um país intencionalmente para dar poder a tiranos.
A partir destas constatações óbvias, não
há como salvar moralmente quem comete o erro de igualar as intervenções
estatais econômicas da esquerda com as intervenções estatais
comportamentais de (parte da) direita. O maior erro moral está em
comparar uma monstruosidade moral da esquerda com um equívoco
estratégico da direita. Quem faz isso acaba escondendo a verdadeira
natureza da proposta esquerdista. Tudo isto apenas pela mania de “ser
fashion” e aparecer para os amiguinhos dizendo “eu não sou de direita e
nem de esquerda”? Chega a ser indigno e desonroso.
Para piorar, toda ação de equivalência
moral (como, por exemplo, comparar chargistas mortos com seus
assassinos) só serve para ajudar os merecedores das piores avaliações
éticas. Obviamente, são os esquerdistas. Assim sendo, toda ação de
equivalência moral entre direita e esquerda, apenas por dizer que “se há
intervenção do estado, é tudo igual, hahahaha” tem como principal
serventia nublar a percepção da plateia da verdadeira natureza das ações
esquerdistas. Sem querer, o adepto do “não sou de direita e esquerda” é
também um serviçal da esquerda.
Comentário:
"Não tem mamãe, não?" Esse vídeo sempre me faz ficar emocionada!
Ana Lia
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"Não tem mamãe, não?" Esse vídeo sempre me faz ficar emocionada!
Ana Lia
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