Goste-se ou não, ele saiu da presidência com alta popularidade e tratado como estadista. Hoje, diante de fatos revelados e de seu comportamento autoritário e histriônico, tornou-se uma sombra do que já foi. Se é que foi.
Nesta semana, Lula saiu na capa da revista Época, em uma denúncia de tráfico de influência (confira aqui)
– segundo investigações oficiais. Trata-se do capítulo mais recente –
mas provavelmente não o último – de uma trajetória agora decadente, de
queda cada vez mais acentuada. Ele saiu da presidência tratado (ainda
que não justamente) como heroico estadista e, hoje, frequenta páginas
desse tipo, em notícias bem pouco louváveis.
Não são poucos os que votaram em Lula, a
ponto de fazer campanha entre conhecidos e familiares ou mesmo
comemorar na rua sua vitória, que agora se dizem muito arrependidos.
Tomando-se o universo dos que apostaram não apenas nele, mas também em
Dilma, há contingente pra lá de expressivo. E a sucessão de denúncias,
todas elas somadas ao péssimo estado da economia por conta das gestões
petistas, faz com que o arrependimento bata cada vez mais forte nesses
eleitores desiludidos.
E como Lula reage a isso? Como um
profeta que se vê contrariado pelos fatos. A culpa, claro, é dos fatos,
do mundo, do universo, mas não de suas atitudes. Nesse sentido, segundo a
narrativa messiânica lulista, os detratores seriam da elite
conspiradora, dos setores inconformados com a tamanha bondade do
ex-presidente, entre outros espantalhos criados para esconder o óbvio. E
qual a obviedade? Simples: o povo está arrependido de ter confiado em
Lula. O povo se sente traído.
Ele sabe disso, é claro. A reação é até
mesmo clássica. Após anos e anos e anos sendo bajulado e tratado como
Salvador da Pátria (isso remonta a 1980, não é pouca coisa), sem nem
mesmo permitir qualquer divisão no protagonismo de seu partido, agora
ele se vê diante dos fatos reais, não do grupo que sempre o aplaudiu
irrestritamente. Hoje, o povo de verdade vaia. E vaia alto.
Lula, se em vez de apenas esperto fosse
de fato inteligente, teria saído do cenário político na posse de Dilma
Rousseff, deixando que ela enfim protagonizasse o que seria uma nova
era. CLARO que isso seria pura marquetagem, já que a desastrosa “Era
Dilma” é nada além da continuidade e do resultado dos malfeitos da “Era
Lula”. Mas (se fosse inteligente, como disse), ele teria saído do
cenário. Porém, isso não existe no lulismo. Dilma sempre foi e pelo
visto continuará sendo uma sombra do chefe (não, nenhuma feminista
governista reclama disso, bem sabemos), a quem recorre em todo tipo de
situação minimamente mais complexa, deixando claro quem toma as
decisões.
Talvez fosse ruim para o ex-presidente
alguém menos controlável no exercício do poder, alguém com menos
submissão, mas ao menos seu legado (de novo, no sentido marqueteiro)
poderia estar minimamente preservado. Mas, não. Mantendo-se em posição
decisória, evidenciando cada vez mais quem de fato manda no governo,
Lula colhe os resultados da egolatria histriônica.
Vale lembrar que praticamente TODO o
“Petrolão” diz respeito ao seu período na Presidência da República –
Dilma, na época dos fatos investigados, era “apenas” presidente do
Conselho de Administração da Petrobras (sobre o que muito pouco se fala,
aliás). Mas o chefão do governo era Lula (não que hoje seja menos
chefe, mas naquela época o cargo era exercido de forma oficial). Assim,
as denúncias recaem de forma mais pesada sobre ele.
Claro que a militância tratará essa nova
etapa como uma perseguição ao salvador da pátria. Alguns poucos devem
acreditar nisso de verdade. Mas, a essa altura, ninguém do povo leva a
sério. As pessoas normais sabem muito bem os fatos concretos, e quem é o
culpado por eles. E é exatamente isso que causa a revolta do ex-líder e
a perplexidade de seus fanáticos seguidores. Vale lembrar, por exemplo,
a derrota sofrida em São Paulo, nas eleições estaduais: Lula ungiu
Padilha, que fracassou em terceiro lugar (algo inédito para o PT nas
últimas décadas). E isso foi só o começo.
Lula está em decadência. Isso pode ser triste a si próprio, mas é ótimo ao país.
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