No
final da manhã da quarta-feira 13, o executivo Ricardo Pessoa, dono da
construtora UTC, firmou com o Ministério Público Federal um acordo de
delação premiada.
Contrariou as expectativas de caciques políticos que
comemoraram sua libertação há duas semanas e resolveu colaborar
voluntariamente com a investigação sobre o núcleo político do Petrolão,
no inquérito da Operação Lava Jato.
Longe do juiz Sérgio Moro, o
empresário apontado como o chefe do “clube do bilhão” explicou ao
procurador-geral Rodrigo Janot os motivos que o levaram a calar-se
enquanto esteve preso em Curitiba e a falar agora que está livre. Disse
que se sente grato ao ministro-relator do caso no STF, Teori Zavaski,
que aprovou seu “habeas corpus”, e espera agora ajudar a Procuradoria a
encontrar a “peça” que falta no quebra-cabeça do esquema que drenou
bilhões da Petrobras.
As revelações de Pessoa colocam a campanha
eleitoral da presidente Dilma Rousseff no centro das investigações da
Operação Lava Jato. “Não vou poupar ninguém”, disse o empreiteiro. Ao
contrário dos demais delatores, Pessoa busca abrigo no STF e não na
primeira instância da Justiça. Assim, sente-se à vontade para descrever
como se relacionou com políticos de foro privilegiado e com as campanhas
eleitorais, inclusive a de 2014.
No
acordo de delação firmado com o Ministério Público, Pessoa prometeu
devolver R$ 55 milhões desviados de contratos com a estatal e apontar o
caminho para que a Justiça recupere ao menos “três vezes” esse valor em
propinas entregues a partidos e políticos.
Uma das pistas reveladas por
Pessoa atinge diretamente a campanha de Dilma e sua contabilidade. Aos
procuradores, o dono da UTC teria indicado que parte dos R$ 26,8 milhões
que o PT pagou a VTPB Serviços Gráficos e Mídia Exterior teve origem no
Petrolão.
Só a campanha de Dilma injetou na VTPB quase R$ 23 milhões,
dinheiro que daria para imprimir 368 milhões de santinhos do “tipo
cartão”, modelo descrito nas notas fiscais anexadas à prestação de
contas. O montante é duas vezes e meia o total de eleitores habilitados
no País.
Denunciada pela mídia como uma “gráfica fantasma”, a VTPB
também recebeu R$ 3,5 milhões das campanhas do deputado federal Arlindo
Chinaglia (PT) e do governador da Bahia, Rui Costa (PT).
Dilma,
Chinaglia e Costa foram todos beneficiários de doações oficiais da UTC.
Do total de R$ 15 milhões que a empresa doou a diferentes candidatos em
2014, metade foi parar na campanha de Dilma. O governador eleito da
Bahia obteve R$ 1,5 milhão e o deputado federal levou mais R$ 150 mil.
Chinaglia é uma das testemunhas de defesa arroladas por Ricardo Pessoa
no inquérito da Lava-Jato, assim como o ex-governador da Bahia e atual
ministro da Defesa, Jaques Wagner, principal apoiador da eleição de
Costa. Os procuradores já sabem que a VTPB funciona num galpão
abandonado no bairro da Casa Verde, em São Paulo.
A empresa foi aberta
com a designação de “banca de jornais e revistas” e só ampliou seu
objeto social para “impressão de material para uso publicitário” às
vésperas do início da segunda campanha de Dilma, no ano passado. Clique AQUI para ler a reportagem completa
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