Em passagem por Brasília, Lula conversou ontem com políticos e disse não
estar numa boa fase. Está preocupado, principalmente - e por justas
razões -, com a delação premiada de seu amigo Ricardo Pessoa. Enfim,
parece que o tiranete se deu conta: seu partido está estrebuchando, o
governo vai mal e ele próprio percebe que sua estrela é decadente.
Enquanto Lula se abate, o Brasil se levanta:
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, nas conversas que
teve com políticos em Brasília anteontem, que não atravessa uma boa
fase. Lula disse estar preocupado com o andamento do governo de sua
sucessora, Dilma Rousseff, e com os desdobramentos da Operação Lava
Jato, em especial a decisão do dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa,
de ter fechado um acordo de delação premiada em troca de eventual
redução de pena.
"Não estou numa fase muito boa, não", afirmou o ex-presidente. Com ar
abatido, contrariando o discurso normalmente otimista nas conversas
privadas, segundo pessoas com quem se encontrou, o petista comentou que
está desesperançoso com as perspectivas para a economia brasileira,
tidas por ele como muito ruins.
Na avaliação de Lula, a rentabilidade das empresas no País tem caído,
atribuindo ao governo da presidente Dilma Rousseff, sua pupila, a
responsabilidade por estar tomando medidas equivocadas na condução da
política econômica.
Agenda negativa. Em uma dessas conversas, no almoço com o presidente
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Lula afirmou que o governo precisa
sair da pauta negativa do ajuste fiscal. O ex-presidente disse aos
presentes que ações do governo que poderiam estimular a retomada da
economia, como a terceira etapa do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) e o pacote de concessões, ainda não saíram do papel.
No giro por Brasília, o ex-presidente chegou a confessar também que o
projeto político dele está "esfarelando". Ontem, Lula almoçou na
embaixada de Cuba.
Delação. Lula também se mostrou preocupado com as implicações da
delação do dono da UTC, que na quarta-feira assinou com
Procuradoria-Geral da República o acordo. Pessoa é apontado nas
investigações como o chefe do cartel de empreiteiras que atuou na
Petrobrás.
No início do ano, antes da decisão do Supremo Tribunal Federal do fim
de abril de soltar Pessoa e outros oito empreiteiros presos na
operação, Lula se mostrava apreensivo com o que o dono da UTC poderia
falar. Ele e Pessoa se tornaram amigos nos últimos anos. O ex-presidente
temia que o empreiteiro, para poder deixar a prisão logo, revelasse
informações que pudessem comprometê-lo. (Estadão).
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