15/05/2015
Nenhuma razão médica
Modificar o DNA de embriões humanos é "uma linha que não deve ser cruzada", anunciou uma das principais autoridades no campo das pesquisas em saúde dos EUA.
O Dr. Francis Collins, diretor dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), fez um pronunciamento em resposta à divulgação dos primeiros estudos científicos relatando a modificação genética de embriões humanos.
Cientistas chineses divulgaram os experimentos em uma revista científica menos conhecida, depois que publicações como Science e Nature recusaram o artigo por questões éticas.
Com a polêmica, cientistas norte-americanos, que também fizeram experimentos similares, segundo a revista Technology Review, do conceituado instituto MIT, aparentemente decidiram não submeter seus artigos para publicação.
O Dr. Collins argumentou que há "problemas de segurança sérios e não quantificáveis", grandes questões éticas e nenhuma razão médica convincente para fazer esse tipo de experimento.
Ele disse que os Institutos Nacionais de Saúde não vão financiar essas pesquisas de manipulação genética em humanos nos EUA.
Mutações indesejadas
O advento da tecnologia CRISPR - que é uma forma mais precisa de editar o DNA do que qualquer tecnologia anterior - estimulou um enorme avanço na genética.
Mas tem havido preocupações crescentes de que esses avanços levem à modificação de embriões humanos sem finalidades médicas.
Segundo os cientistas chineses, a alteração genética introduzida nos embriões humanos foi bem-sucedida em apenas 7 das 86 tentativas.
Além disso, houve uma série de outras mutações "fora do alvo", introduzidas no código genético devido à manipulação.
Moratória da manipulação genética
Tem havido repetidos apelos para uma moratória mundial sobre pesquisas desse tipo enquanto a sociedade como um todo não decidir o que deve ser permitido.
Contudo, para o diretor dos Institutos Nacionais de Saúde, essa discussão já tem conclusões bem claras.
"O conceito de alterar a linha germinal humana em embriões para fins clínicos tem sido debatida ao longo de muitos anos, de muitas perspectivas diferentes, e foi vista quase universalmente como uma linha que não deve ser ultrapassada," disse o Dr. Francis Collins, que também foi um participante chave no Projeto Genoma Humano e no mais recente mapeamento do genoma completo de um paciente com câncer.
"Os avanços na tecnologia têm-nos dado uma nova maneira elegante de realizar a edição do genoma, mas os fortes argumentos contra o engajamento nessa atividade permanecem," conclui ele.
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