Claro que o
doutor sociólogo não falou em roubalheira, isto é coisa de gente vulgar
como este blogueiro (que também é doutor, aliás): ele se referiu a
"malfeitos". Não, crime não é apenas malfeito, senhor ex-presidente. Sem
luvas de pelicas, por favor, que eu peço saquinho:
O
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta quarta-feira, em
Nova York, que os atuais casos de corrupção no Brasil têm origem no
governo de Luiz Inácio Lula da Silva e defendeu o aprofundamento das
investigações em andamento para que o país saiba "a verdade" sobre "quem
é responsável pelo quê".
"Esses
malfeitos vêm de outro governo, isso tem que deixar bem claro. Vêm do
governo Lula, começou aí", declarou, após um seminário com empresários e
investidores ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O
comentário foi feito depois de o tucano afirmar que o impeachment da
presidente Dilma Rousseff não pode ser discutido em abstrato e depende
da comprovação de vínculo entre o governante e as irregularidades.
"Impeachment não é uma questão que se deseja, acontece. E quando é que
ele acontece? Quando o povo não aguenta mais e quando há uma ligação
concreta entre quem está ocupando o poder e o malfeito", afirmou.
No
discurso aos empresários, FHC apresentou uma visão otimista do Brasil e
ressaltou que não se deve temer crises "eventuais" ou "conjunturais". Em
sua avaliação, o país se aproxima de um "entendimento" que pode levar à
sua "regeneração". "Nós temos certa capacidade de negociação, de chegar
a um certo momento e dizer: 'Não dá. Basta. Nós somos todos
brasileiros, vamos nos entender.' Nós estamos chegando a um momento
próximo a isso no Brasil", disse.
Mas o
tucano ressaltou que há condições a serem cumpridas para que isso seja
possível. Entre elas, incluiu o aprofundamento das investigações de
corrupção e a descoberta "da verdade" sobre os envolvidos. "O país não
pode ficar na dúvida sobre quem é responsável pelo quê", afirmou. "Vai
chegar o momento em que o Brasil vai querer saber a verdade, o que
aconteceu mesmo."
O
ex-presidente também defendeu a reforma do sistema político, o
estabelecimento de consenso sobre medidas para que o país volte a
crescer e o respeito às regras democráticas.
"Não
estou pensando em pactuar com o governo. É preciso que o país se
regenere. Não é um acordo da cúpula. É uma mudança da atitude do
Brasil", disse quando questionado se a defesa de entendimento não
significa compactuar com o governo. "Quanto ao fato de eles tentarem me
desconstituir durante doze anos, agora eles têm de morder a língua",
acrescentou. (Veja.com).
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