Blog do Mansueto Almeida
Desenvolvimento Local, Política Econômica e Crescimento
13 de maio de 2015 por mansueto
“Foi um erro ter feito isso (a mudança no
seguro desemprego) por Medida Provisória. Devia ter chamado o movimento
sindical e feito um acordo” – ver aqui.
O senador Aécio Neves havia criticado exatamente esse ponto em entrevista que deu à revista Veja na edição de 21 de janeiro de 2015:
“Há um equívoco com relação ao instrumento
utilizado (Medida Provisória). As medidas deveriam passar por amplo
debate na sociedade e no Congresso.”
De uma coisa eu tenho certeza. Acho que a grande maioria das pessoas ainda não se deu conta do tamanho da crise. Depois de quatro meses, a conta mais clara do ajuste fiscal foi uma queda real do investimento público do governo federal de R$ 10 bilhões, queda real de 35%. Se a equipe econômica cortar R$ 30 bilhões do investimento este ano em relação aos R$ 77 bilhões pagos no ano passado, isso significa uma economia de 0,6% do PIB – metade do ajuste fiscal proposto.
Mas essa formula não funciona no próximo ano, pois não será possível cortar novamente o investimento e a meta de primário é ainda maior: 2% do PIB. Assim, no próximo ano, o governo terá um novo problema. E para tonar tudo ainda mais incerto, nos cálculos que fiz hoje a receita primária de abril e do primeiro quadrimestre do ano foram ruins. O governo além de ter arrecadado menos que nos primeiros quatro meses de 2014, arrecadou menos também que no mesmo período de 2013 (o dado oficial pode mostrar um empate com a receita de 2013).
Não vejo como esse governo conseguirá entregar 2% do PIB de primário sem um grande esforço de arrecadação – leia-se aumento de carga tributária. Mas o que fazer em relação ao pacote de ajuste fiscal? Bom, se formos escutar o ex-presidente Lula, os senadores agora têm um bom motivo para rejeitar as MPs 664 e 665 enviadas ao Congresso sem um debate prévio com os trabalhadores como diz o ex-presidente Lula.
Como diria o personagem Gardelón do humorista Jô Soares na década de 80 sobre essa declaração do ex-presidente Lula que é amigo da presidente Dilma: “Amigo, Mui Amigo”.
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