quinta-feira, 28 de maio de 2015

Mané Garrincha é marco da atuação sombria da Fifa e da CBF

BLOG Chiquinho Dornas


quinta-feira, maio 28, 2015    
Com a prisão de importantes dirigentes da Fifa em hotel em Zurique, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, tem início o desmonte de mais de 20 anos de histórias de fraudes, extorsões e lavagem de dinheiro em esquema que as autoridades suspeitam possa ter movimentado, pelo menos, US$ 100 milhões. 

A notícia das prisões interessa muito ao contribuinte torcedor de Brasília por pequena particularidade: aqui foi erguida a mais cara arena construída para a realização de evento da Fifa, o Estádio Mané Garrincha. Depois de torrar R$ 1,8 bilhão do dinheiro do cidadão, o estádio continua subutilizado, com o gramado em péssimas condições, cadeiras quebradas, elevadores enguiçados, pisos soltando e outros defeitos visíveis — prova do enorme prejuízo para a economia da capital.

Somente para a manutenção do prédio, o GDF terá que desembolsar R$ 600 mil mensais, o que, convenhamos, é fortuna para um ente da Federação que se diz sem condições de bancar o funcionamento básico de escolas e hospitais. 

As investigações foram feitas pela polícia americana, FBI, Receita e outras instituições e contou com a ajuda fundamental do jornalista britânico Andrew Jennings, considerado o inimigo número um da Fifa, proibido de frequentar qualquer evento da entidade. Em depoimento dado ao Roda Viva, da TV Cultura, Jennings afirmou com todas as letras que o descarrilamento da Fifa rumo ao abismo da corrupção foi inaugurado com a entrada de João Havelange no comando da entidade. 

À prisão desses dirigentes deve se seguir a de outros espalhados pelos quatro cantos do mundo, colocando em xeque a própria existência da Fifa, o que pode levar na enxurrada outras confederações pelos cinco continentes. Para o chamado país do futebol, ainda estão reservados os desdobramentos de sérias investigações feitas nos EUA que podem levar ao esclarecimento, inclusive da discutida escolha do Brasil para sediar o Mundial de 2014. 

Apontada por muitos como pré-negociada, a escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de Futebol resultou não só na construção de elefantes brancos espalhados pelo país, mas também envolveu o mundo político brasileiro, o que por si já é indício de maracutaias (estão todos lá, bem sorridentes na foto oficial).

Para a capital fica o mausoléu, com suas colunas em forma de prisão, símbolo de uma era sombria quando futebol e política se cruzaram no meio de campo. De bom, fica a oportunidade de livramento do futebol brasileiro da tutela criminosa da CBF e da Fifa.

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A frase que foi pronunciada

“Entre os acusados de má conduta e insubordinação, não ficamos com nenhum.” - (Gerente de Recursos Humanos em curso na Dale Carnegie contando da paz que é trabalhar com alguém em que se pode confiar.)




Por: Circe Cunha – Coluna: “Visto, lido e ouvido” - Ari Cunha – Correio Braziliense 

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